Allison Felix, a atleta olímpica mais medalhada dos Estados Unidos que se vai retirar da alta competição no final da época, afirmou recentemente no Canadá que em 2018, treinava às 4 horas da madrugada quando estava grávida de seis meses.
Felix disse que temia que, se um fã tirasse uma foto dela grávida, os seus patrocinadores “mudariam imediatamente de ideias” sobre querer trabalhar com ela.
“Como pode uma seis vezes campeã olímpica, 16 vezes campeã mundial, uma recordista mundial, pensar que a sua carreira pode acabar fazendo algo tão natural como ter um bebé?” disse Félix. “Não estou a exagerar. Ficar grávida no atletismo tem sido chamado de ‘beijo da morte’.”
Felix manifestou-se contra a Nike num artigo publicado na imprensa em 2019, dizendo que a empresa ofereceu-se para lhe pagar menos 70% do que o seu anterior contrato. Outra atleta de elite, Alysia Montano, também criticou a Nike por não apoiar as atletas grávidas.
Felix, que trabalhou com a Nike entre 2000 e 2017, assinou em 2019 com a marca Athleta, antes de lançar no ano passado, a sua própria marca de sapatos. Depois de Felix se ter pronunciado, a Nike mudou a sua política ao proibir a redução salarial relacionada com o desempenho de atletas grávidas.
Felix juntou-se a várias outras atletas para falar sobre temas como a saúde materna, a saúde mental e a discriminação observada nos últimos anos.
Simone Biles, uma das ginastas mais medalhadas de todos os tempos, e Naomi Osaka, quatro vezes vencedora de Grand Slams no ténis, ganharam as manchetes depois de terem desistido de eventos e citado motivos de saúde mental. A tenista Serena Willims falou abertamente sobre a saúde materna como cidadã negra, depois de ela ter dito que, quando esteve grávida, teve que “lutar” com os seus médicos para fazer testes que salvam vidas.
“Eu temia ter que escolher entre a maternidade e ser uma atleta competitiva”, disse Felix aos participantes da conferência em Vancouver. “Eu temia que a carreira que trabalhei tanto para construir, desaparecesse assim.”