Os marchadores Rui Coelho, do SL Benfica, e Sandra Silva, do AC Póvoa do Varzim, que participaram recentemente nos 35 km do Mundial de Eugene, ficaram fora da lista dos 43 selecionados para o Europeu de Munique, apesar de estarem na lista de elegíveis.
Ambos os marchadores exprimiram o seu descontentamento pela exclusão. Nas redes sociais, Rui Coelho disse:
Caros adeptos e apoiantes,
A fim de esclarecer as questões que têm surgido, é com profunda tristeza, revolta e sem justificações para vos dar que comunico que, por exclusiva decisão da Federação Portuguesa de Atletismo, não estou convocado para o Campeonato da Europa de Atletismo a decorrer em Munique este mês, embora esteja apurado e a cumprir todos os requisitos definidos para tal. E isto sem que nenhum esclarecimento chegasse a mim, ao meu treinador ou ao meu clube, não vos conseguindo infelizmente transmitir mais informações.
Para melhor entendimento, para marcar presença no Campeonato da Europa, é necessário um de dois requisitos: cumprir a marca direta prevista ou estar posicionado nos primeiros 35.o lugares no ranking europeu. Estou no momento em 33.º lugar, no culminar de uma época que considero de excelência e sem motivo, foi-me apenas comunicado a intenção da Federação de não me integrar na seleção, ainda que apurado pelo ranking.
O atleta agradeceu ainda o apoio que tem recebido, particularmente do seu clube. Terminou a sua mensagem lembrando à Federação “que o fim primordial desta é servir os atletas que contra tudo e todos, dão o que têm e muitas vezes não têm pelo desporto.
Estão meses e meses de trabalho em causa sem razão aparente e zelo pelo cumprimento das próprias normas da instituição”.
Sandra Silva também exprimiu o seu descontentamento no facebook:
Só para dizer àqueles que sempre me apoiam e que vão questionando…não, eu não abdiquei do Europeu. Desde o Mundial que eu vinha sendo motivada por mensagens a continuar e mostrar de novo o meu valor no Europeu em Munique. Mas na terça-feira, recebo um telefonema a dizer que isso já não será possível. Cumprindo todos os requisitos impostos pela fpa para estes campeonatos, vejo-me de fora deles e agora já com resposta a esta situação. Fiquei de fora porque estou muito aquém das expectativas, mesmo com um recorde pessoal. Obrigado FPA pelo docinho e por logo a seguir me fazerem sentir um lixo.”
Sendo eu um ex-marchador federado, e um actual atleta de pelotão emigrado, continuo a acompanhar o atletismo português (com consultas diárias desta página, e outras ligadas à modalidade) e ainda fico surpreso com as constantes reclamações vindas a público, que se têm agravado ao longo dos anos: critérios de selecção que não são respeitados ou são simplesmente ignorados, calendário de competições desajustado (exemplo: apuramento e final do camp. nac. clubes mais de um mês aparte, com a final a realizar-se no fim de julho [quant@s atletas mantêm a forma até então???], e entre o camp. mundial e o camp. europeu), locais de campeonatos sem as melhores condições para a obtenção de marcas (válidas), entre outros.
O que se passa? Não há dirigentes e treinadores que queiram ser alternativa aos atuais? Ou os há mas não os deixam, por meios ilegítimos ou porque o sistema eleitoral funciona a seu favor? A comunicação das decisões é, ou parece-me ser, uma causa frequente dos problemas. Já seria altura de corrigirem isso, ou simplesmente não há coragem para tal? Ou é simplesmente incompetência? Ou uma boa parte disto é maledicência ou amplificação pela comunicação social de atritos/desentendimentos/críticas vulgares?