A edição deste ano da Taça dos Clubes Campeões Europeus acaba de ser anulada pela Associação Europeia, uma vez que o local onde se iria realizar (Mersin, na Turquia) era perigoso (fica próximo de cenários de guerra) e foram vários os clubes a desistirem da participação. Bateu assim no fundo uma competição que se vinha degradando ano após ano e já bem pouco refletia o atletismo europeu. E a Associação Europeia, que foi assistindo a tudo isto sem qualquer reação, tem grandes culpas no cartório…
Esta anulação é disso o último sinal. Já no ano passado se colocara a questão da perigosidade do local. Mesmo assim, a AEA manteve-o para a edição deste ano e, agora, não teve coragem para o alterar. Mas há mais: as rocambolescas contratações de atletas estrangeiros de última hora de que Benfica e Sporting foram exemplos recentes é mais um sinal da degradação a que a competição chegou. Os clubes contratavam atletas estrangeiros apenas para esta competição (sai bem mais barato que pagar toda a época…) e os próprios regulamentos não eram respeitados. Estes são taxativos (mas mesmo assim demasiado permissivos): os atletas estrangeiros deverão estar inscritos na federação dos respetivos clubes até 31 de janeiro e, de entre estes, apenas dois poderão depois participar. Acontece que em março ainda havia atletas a ser contratados. Impõem-se mais fortes restrições: os atletas estrangeiros só deveriam poder competir ao fim de um ano de permanência no clube, em representação do qual deveriam ter feito um número mínimo de provas. Agora que (finalmente!) a IAAF parece querer impedir a naturalização desenfreada de atletas (espanhóis e turcos eram mestres…) pode ser dado um passo no sentido de moralizar uma competição que, ano após ano, tem vindo a perder os clubes campeões dos principais países, desde os russos aos italianos e checos, para já não falar nos alemães e ingleses.
É de esperar que este ano sem competição (apenas se realizará o grupo B/II Divisão, em Leiria) obrigue a Associação Europeia a repensar a competição.