Richard McLaren saiu em defesa dos atletas russos e bielorrussos atualmente suspensos do desporto internacional, devido à guerra na Ucrânia.
O advogado canadiano considerou injusto os desportistas possam ser responsabilizados pelas decisões dos seus governos nacionais. “A maneira como eles são tratados não é justa”, disse McLaren em comentários relatados pela Sportschau.
“Os atletas não iniciaram este conflito e não são responsáveis pelo seu percurso. Estas, são duas boas razões para deixá-los participar novamente.”
Os comentários da McLaren surgem depois da maioria das Federações Internacionais Olímpicas ter seguido uma recomendação do Comité Olímpico Internacional (COI) de os atletas russos e bielorrussos serem completamente barrados de eventos internacionais.
A Federação Internacional de Judo e a Federação Internacional de Ténis estão entre algumas Federações Internacionais que permitem a participação de atletas russos e bielorrussos com o estatuto de neutros.
O Comité Olímpico Russo (ROC) e pelo menos 12 das Federações Nacionais (FNs) do país apresentaram recursos ao Tribunal de Arbitragem do Desporto (TAS), enquanto outras nove FNs apelaram internamente dentro das suas respetivas Federações Internacionais contra as proibições.
“Enquanto durar o conflito, a comunidade desportiva internacional não mudará a decisão que tomou”, acrescentou McLaren ao Sportschau . “Caso o TAS decida a favor dos atletas, as Associações seriam forçadas a deixá-los competir novamente.
McLaren, de 77 anos não é conhecido por ser um aliado do desporto russo depois de ter elaborado um relatório com o seu nome, encomendado pela Agência Mundial Antidoping (WADA), que ajudou a descobrir o programa de doping patrocinado pelo Estado no país.
O Relatório McLaren descobriu que o Laboratório de Sochi operou uma metodologia única de troca de amostras para permitir que atletas russos dopados competissem nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 e que o Ministério do Desporto controlava a manipulação dos resultados analíticos dos atletas, com a assistência do Laboratório de Moscovo e do Estabelecimento de Sochi.
As descobertas, que foram divulgadas em duas partes, em julho e dezembro de 2016, conduziram à suspensão da Rússia de todas as competições internacionais de atletismo, inclusive nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016. Os atletas russos também foram banidos dos Jogos Paralímpicos de 2016.
No entanto, o COI permitiu que a Rússia competisse sob a sua própria bandeira no Rio 2016, como Federações Internacionais individuais.
Esses foram os últimos Jogos Olímpicos onde a bandeira da Rússia foi vista, pois foi banida das grandes competições que se disputaram a seguir como os JO de Tóquio e dos JO de Inverno de Pequim, como punição pelo programa de doping e um subsequente encobrimento.
Nem o ROC nem o Comité Olímpico Nacional da República da Bielorrússia foram suspensos pelo COI, e nenhuma ação foi tomada contra os membros russos do COI.
As autoridades de ambos os países também mantiveram amplamente, a sua posição no desporto, incluindo a participação em Congressos da FIFA, União Internacional de Patinagem e Associação Internacional de Boxe (IBA), entre outros.
O oligarca russo Alisher Usmanov deixou o cargo de presidente da Federação Internacional de Esgrima após as sanções da União Europeia, mas os russos permanecem no comando da IBA e da Federação Internacional de Tiro Desportivo.
Os comentários da McLaren vêm dias depois de o ministro do Desporto ucraniano, Vadym Huttsait, ter pedido às Federações Internacionais para que continuassem a banir atletas russos até que pare a invasão.