Bem animada a época de 2022, com um Mundial nos Estados Unidos (Oregon), um Europeu em Munique e, no inverno (pista coberta), outro Mundial, em Belgrado. Isto para além de um Campeonato Ibero-Americano e os Jogos do Mediterrâneo. Apesar disso, os rankings nacionais de 2022 ficaram aquém dos de 2021: dos líderes anuais das 18 provas olímpicas, apenas 7 foram agora superiores e, relativamente às marcas dos 10º classificados, apenas quatro (três das quais de lançamentos) superaram as da época passada. Equilíbrio houve ao nível dos 30º classificados: 9 marcas melhores e 8 piores na comparação entre 2022 e 2021. Mas vejamos os nomes que animaram a época…
PÓDIO
1º PEDRO PICHARDO (BENFICA)
Campeão mundial no triplo, com a melhor marca mundial do ano (17,95), e campeão europeu, com 17,50, Pedro Pichardo apenas terá “falhado” no mundial de pista coberta, onde foi 2º. E os 18 metros continuam a ser objetivo.
2º LEANDRO RAMOS (BENFICA)
Voltou a progredir, agora de 82,34 para 84,78, um valioso recorde nacional, acompanhado por mais três provas acima dos 80 metros: vencedor dos Jogos do Mediterrâneo com 82,23; 82,22 em Vagos; e 81,37 a valer o primeiro lugar no Campeonato Ibero-Americano. Só não esteve tão bem no Mundial (77,34) e no Europeu (72,90), falhando o acesso às finais.
3º JOÃO COELHO (SPORTING)
Voltou a progredir – agora de 46,29 para 45,41 – e o recorde nacional de 400 metros de Vítor Ricardo Santos (45,14) está mesmo em perigo. Com 45,64 e 45,78 ficou próximo da final do Europeu.
EM FOCO
Foram bastantes os atletas que se salientaram este ano. Frederico Curvelo (Benfica) surpreendeu com 10,18 aos 100 metros, progredindo 19 centésimos e subindo a 5º português de sempre. José Carlos Pinto (Benfica) fechou o pódio (3º) do Campeonato Ibero-Americano e progrediu para 1.46,61, subindo a 8º de sempre. Isaac Nader (Benfica) brilhou em pista coberta, com 3.36,50 e 3.36,64, sendo o 5º de sempre mesmo considerando as marcas de ar livre. Doze segundos progrediu Etson Barros (Benfica) que conseguiu surpreendentes 8.25,98 nos obstáculos, sendo agora 7º de sempre. Abdel Larrinaga (Sporting) progrediu nas barreiras de 13,81 para 13,59 (com mais quatro marcas até 13,76) e é 4º de sempre (e conseguiu 7,73 no comprimento, em pista coberta). Emanuel Sousa (Benfica) passou pela primeira vez os 60 metros no disco (60,10, 5º de sempre).
E AINDA…
A um nível ligeiramente inferior, haverá mais alguns nomes a salientar. A começar pelo “desconhecido” luso-brasileiro Mikael Jesus, que progrediu para 49,55 (3º no Campeonato Ibero-Americano) e é já o 4º de sempre. Ofuscado por Leandro Ramos, o dardista Ilírio Nazaré progrediu de 69,30 para 72,79 e é já o 3º de sempre. Bons progressos de Edgar Campre, que melhorou quase 300 pontos (7452-7729) no decatlo e subiu a 2º de sempre. Referência ainda para Samuel Barata, perto do seu melhor nos 10.000 m, e Ruben Amaral, o melhor nos 5.000 m. Diogo Ferreira abandonou o salto com vara e ficou um vazio (a esperança está em João Pedro Buaró). Francisco Belo (20,64 em pista coberta) esteve depois quase sempre lesionado e Tsanko Arnaudov dominou o peso mas aquém do que vale.
REVELAÇÃO DO ANO: SIMÃO BASTOS (RD ÁGUEDA)
Poucas vezes terá sido tão difícil a escolha de uma Revelação do Ano. Simão Bastos, que progrediu 13 segundos nos 3000 m obstáculos e conseguiu 8.30,67 foi mesmo revelação, apesar de já ter 22 anos. E é com curiosidade que se aguardam futuros resultados.
UM RECORDE HISTÓRICO
Foram batidos quatro recordes nacionais masculinos esta época, mas o que verdadeiramente conta é o do dardo. João Coelho melhorou o de 300 metros de 33,09 (Carlos Silva em 1999) para 32,66. João Vieira melhorou o de 35 km marcha de 2.37.59 para 2.33.23. E caiu um recorde histórico, dos mais antigos da tabela: o recorde nacional de 4×400 m durava há quase 27 anos. Fora estabelecido por uma (excelente) seleção nacional universitária (Carlos Silva-António Abrantes-Mário Reis-Pedro Rodrigues), que gastou 3.05,48 nas Universíadas de Fukuoka’1995 e só uma vez esteve em risco (3.05,59 em 2003). Nas eliminatórias do Campeonato da Europa, em Munique, a seleção composta por João Coelho, Mauro Pereira, Ericsson Tavares e Vítor Ricardo Santos gastou 3.03,59.
OS PÓDIOS ANUAIS DA REVISTA ATLETISMO
1998 1º António Pinto 2º Rui Silva 3º Carlos Silva
1999 1º António Pinto 2º Rui Silva 3º Luís Novo
2000 1º António Pinto 2º Mário Aníbal 3º Carlos Calado
2001 1º Carlos Calado 2º Rui Silva 3º Mário Aníbal
2002 1º Francis Obikwelu 2º Rui Silva 3º João Vieira
2003 1º Rui Silva 2º Alberto Chaíça 3º João Vieira
2004 1º Francis Obikwelu 2º Rui Silva 3º Alberto Chaíça
2005 1º Rui Silva 2º Francis Obikwelu 3º Paulo Bernardo
2006 1º Francis Obikwelu 2º Nelson Évora 3º João Vieira
2007 1º Nelson Évora 2º Rafael Gonçalves 3º Arnaldo Abrantes
2008 1º Nelson Évora 2º António Pereira 3º Marco Fortes
2009 1º Nelson Évora 2º Marco Fortes 3º José Moreira
2010 1º João Vieira 2º Marco Fortes 3º Francis Obikwelu
2011 1º Marco Fortes 2º Nelson Évora 3º Marcos Chuva
2012 1º Marco Fortes 2º João Vieira 3º João Almeida
2013 1º João Vieira 2º Marcos Chuva 3º Rasul Dabo
2014 1º Vítor Ricardo Santos 2º Yazaldes Nascimento 3º Marco Fortes
2015 1º Nelson Évora 2º Yazaldes Nascimento 3º Tsanko Arnaudov
2016 1º Tsanko Arnaudov 2º Nelson Évora 3º Paulo Conceição
2017 1º Nelson Évora 2º Tsanko Arnaudov 3º Francisco Belo
2018 1º Nelson Évora 2º Vítor Ricardo Santos 3º Tsanko Arnaudov
2019 1º João Vieira 2º Pedro Pichardo 3º Francisco Belo
2020 1º Paulo Conceição 2º Tiago Pereira 3º Gerson Baldé
2021 1º Pedro Pichardo 2º Leandro Ramos 3º Tiago Pereira
2022 1º Pedro Pichardo 2º Leandro Ramos 3º João Coelho
RECORDES DE PORTUGAL BATIDOS EM 2022
35 km marcha João Vieira (Sporting) 2.33.23 Dudince 23-4-2022
300 m João Coelho (Sporting) 32,66 Pliezhausen 08-5-2022
Dardo Leandro Ramos (Benfica) 84,78 Doha 13-5-2022
4×400 m Seleção Nacional 3.03,59 Munique 19-8-2022
(João Coelho – Mauro Pereira – Ericson Tavares – Vítor Ricardo Santos)
SUB’23
Decatlo Edgar Campré (Benfica) 7729 Alicante 21-5-2022
(10,64v-7,10v-13,21-1,86-48,49+14,09-43,27-4,70-51,43-4.56,42)
JUNIORES
110 bar./1m Sisínio Ambriz 13,56 Mannheim 02-7-2022
JUVENIS
4×100 m Seleção Nacional 41,81 Huelva 25-5-2022
(João Penacho-João Santos-Miguel Costa-Alexandre Babych)
Decatlo Bernardo Cunha (GD Pedreiras) 7050 Jerusalém 07-7-2022
(11,25v-6,93-13,53-1,90-52,64+15,31-43,45-3,70-50,96-4.32,24)
ALTERAÇÕES NO TOP’10 NACIONAL DE SEMPRE
1º Leandro Ramos SLB dardo 84,78
1º João Vieira SCP 35 km M 2.33.23
1º Seleção Nacional 4x400m 3.03,59
2º João Coelho SCP 400 m 45,41
2º Edgar Campre SLB decatlo 7729
3º Ilírio Nazaré SCP dardo 72,79
4º Abdel Larrinaga SCP 110 bar. 13,59
4º Mikael Jesus SLB 400 bar. 49,55
5º Isaac Nader SLB 1500 m 3.36,50
5º Emanuel Sousa SLB disco 60,10
5º Manuel Dias UFCT decatlo 7466
6º Frederico Curvelo SLB 100 m 10,18
7º Etson Barros SLB 3000 ob. 8.25,98
8º José Carlos Pinto SLB 800 m 1.46,61
8º João Pedro Buaró GDE vara 5,35
9º Nuno Pereira SCP 1500 m 3.37,34
Penso que Tiago Pereira mereceria algum destaque, se não pelas marcas (não obteve records pessoais) pelas classificações alcançadas nas grandes competições nas quais atingiu a final (8º no europeu e 10º no mundial).