Manuel Azevedo é um veterano com 65 anos e corre pelos Veteranos de Massamá. Começou a correr em 1997 quando deixou de fumar. Tem todas as suas 674 provas registadas que valem mais de 9.200 quilómetros. Correu ontem a S. Silvestre da Amadora, a sua prova preferida.
Manuel Azevedo é um atleta popular bem conhecido dos pelotões da região da Grande Lisboa. Não apenas pela sua altura mas particularmente pela sua simpatia, conhecendo e falando com meio mundo enquanto corre.
Tem 65 anos, é lisboeta e está reformado. Atleta dos Veteranos de Massamá, começou a correr em 1997 quando deixou de fumar. “Tinha de fazer alguma coisa para espairecer”.
Estreia na Mini da Ponte 25 de Abril
A sua primeira corrida oficial foi a Mini da Ponte 25 Abril. “Creio que na altura, era onde todos começavam a ganhar o vício, era a novidade. Gostei de tudo, parecia um miúdo na loja dos brinquedos!”
Atualmente, treina três vezes por semana, habitualmente acompanhado e sem treinador nem plano de treinos. O seu local preferido é a mata e jardim de Queluz com uma ou outra incursão à Serra de Sintra.
Correr a Maratona de Paris “foi um sonho tornado realidade e como ia bem preparado, fui sempre a sorrir”
Estreia na maratona em Paris
Azevedo correu 24 provas em 2022 e a São Silvestre da Amadora é a sua prova preferida. Em anos anteriores, chegou às 40 provas mas agora, está mais comedido. Preferiu não mencionar qual a prova que menos lhe agradou mas evita participar naquelas que começam e acabam em locais diferentes, exigindo uma logística complicada.
A sua distância preferida vai agora até aos 15 km mas antes, eram todas até aos 42.195 metros.
Correu 19 maratonas tendo-se estreado na distância em Paris 2007. “Com 40.000 atletas na linha de partida, foi um sonho tornado realidade e como ia bem preparado, fui sempre a sorrir.”
Durante muitos anos, foi um ‘homem de estrada’ mas atualmente, prefere os trails. “É mais bonito e sempre se ‘descansa’ nas subidas”.
Na primeira prova, “Gostei de tudo, parecia um miúdo na loja dos brinquedos!”
Definindo-se como “um atleta do pelotão que anda nas corridas para se divertir”, pensa correr “até conseguir colocar um pé à frente do outro”. Elege a Maratona de Paris como o momento mais marcante da sua carreira desportiva.
Se não estivesse no atletismo, Azevedo era capaz de estar a jogar ténis. “Tive alguns anos a praticar ténis, tinha algum jeito. Mas na altura, era mais para estar ocupado aos sábados e domingos de manhã”.
Não dispensa os exames anuais médicos de rotina e quanto a lesões, em 25 anos de atletismo foi visitado apenas por um nervo ciático. Já na alimentação, define-se como ‘um bom garfo’. “Como de tudo, se calhar devia evitar certos excessos mas …”. Peixe grelhado é o seu prato preferido.
Penso correr até conseguir colocar um pé à frente do outro”
Pessimista no Atletismo federado/Otimista no atletismo popular
Vê com apreensão o futuro da modalidade a nível federado. “O atletismo federado não consegue cativar valores para o futuro.” Mas mostra-se mais otimista com o atletismo popular. “Aqui já é diferente, as pessoas ditas sedentárias aderiram às provas ditas populares e com grande impacto mediático, aliado ao facto de existirem sempre provas com distâncias médias e curtas e algumas com caminhadas”.
Viva o convívio!
No mundo das corridas, aprecia particularmente o convívio com os outros atletas, antes e depois das provas. “As conversas sobre os objetivos de cada um, as ‘estórias’ da corrida do fim de semana anterior e sobretudo, os amigos que fazemos neste mundo maravilhoso das corridas.”
“Agora somos mais mas já não existe aquela qualidade do antigamente, há mais quantidade mas menos qualidade”
Muitas diferenças entre o passado e o presente
Correndo há já 25 anos, Manuel Azevedo encontra muitas diferenças no mundo das corridas. A começar pela existência dos chips para as classificações. “Deixámos de ver aquelas filas enormes para cortar a meta”. Refere ainda a maior facilidade das inscrições nas provas através da internet e o preço das inscrições, “estão caríssimas”. Quanto aos atletas do pelotão, “agora somos mais mas já não existe aquela qualidade do antigamente, há mais quantidade mas menos qualidade.”
Quanto ao nível organizativo das provas, afirma: “Como se diz na minha terra , se não sabes fazer melhor, não opines sobre quem faz. Creio que todas as organizações fazem sempre o melhor que conseguem e podem”.
Regresso à Maratona de Médoc
A Maratona de Médoc (arredores de Bordéus) foi uma das 19 corridas por Manuel Azevedo.. Agora com 65 anos, não tem grandes projetos mas “se a saúde me deixar, gostava de voltar a correr uma maratona para chegar à 20ª.Talvez volte à Maratona de Médoc”. Já lá estivemos duas vezes e é sem dúvida, uma excelente forma de se retirar dos míticos 42.195 metros.
Quando lhe saiu um carro numa corrida!
Quanto a estórias curiosas, Manuel Azevedo escolheu uma passada em 2008 quando participou na 5ª Corrida da Saúde com 15 km. “No final, sorteavam um automóvel através de uma senha que vinha no saco dos brindes finais. Sortearam a 1ª vez e não apareceu o dono da senha, sortearam a 2ª vez e …….saiu o número da minha senha , fui a pé e voltei de carro!”
A caminho das 700 provas
Manuel Azevedo tem registado numa folha de excel todas as provas em que participou. Até ao final deste ano, esteve em 674 provas, entre elas, 19 maratonas, 57 meias maratonas e 7 provas de montanha entre os 21 e os 42 km. Já lá vão 9.208 quilómetros, um pouco mais do que ir a correr de Lisboa a Islamabad, capital do Paquistão.