O Grupo Musical 1º de Dezembro Queijas está sediado no concelho de Oeiras e tem cerca de 400 praticantes em seis modalidades. O casal Sandra Teixeira e Marco Veloso fizeram renascer no ano passado a Secção de Atletismo que já tem 122 praticantes. Sandra Santos é a presidente do clube que tem cerca de 800 sócios.
O Grupo Musical 1º de Dezembro Queijas está sediado no concelho de Oeiras e foi fundado em 1915. Como o próprio nome o indica, o canto e o teatro estiveram na génese da sua fundação. O atletismo surgiu já na década de 90 com o treinador Paulo Dias, com um trabalho desportivo e social importante nos jovens dos bairros sociais do concelho. O atletismo desapareceu mais tarde do clube até que em Setembro de 2021, Sandra Teixeira e o seu esposo Marco Veloso, também atleta, sentiram necessidade de criar um projeto a partir do zero. Acabaram por contatar a Direção do Grupo Musical 1º de Dezembro Queijas que se mostrou disponível para reativar a Secção.
Sucesso logo no primeiro ano
A equipa começou com 110 praticantes no primeiro ano, superando as melhores expetativas. A nível individual, conseguiu vencer em femininos com Maria Pia, a Corrida do Tejo, que venceu mais tarde também, os 20 km de Almeirim. “Começaram a ver o 1º Dezembro de outra maneira, somos já uma das melhores equipas jovens a nível nacional”.
Sandra Santos é a presidente do clube que tem cerca de 800 sócios que pagam uma quota mensal de 2,5 euros.
O clube tem a sua sede e conta com seis Secções: Atletismo, Andebol, Judo, Ginástica acrobática, Pilates e Zumba que movimentam no total, 400 praticantes.
“Os miúdos funcionam muito pelo exemplo, vêm uns atrás dos outros”
A Secção de Atletismo conta atualmente com 122 praticantes, boa parte deles, jovens a partir dos sete anos de idade. “Os miúdos funcionam muito pelo exemplo, vêm uns atrás dos outros. Agora, pertencem mais à classe média, antes pertenciam a meios mais pobres”, diz-nos Sandra Teixeira.
Os atletas participam em todo o tipo de provas, desde a pista à estrada, passando pelo corta-mato e trail. Os responsáveis da Secção são a Sandra Teixeira, Marco Veloso e Ricardo Nuno. Como treinadores, conta com os dois primeiros citados anteriormente e ainda, José Ferreira.
“Os maiores custos são os agregados à Federação. Pagamos 30 euros por cada atleta filiado e mais 25 euros por cada transferência”
O clube está bastante satisfeito com os resultados dos seus atletas. Merecem destaque, os velocistas já veteranos Jorge Paula e Marco Veloso, este a conquistar 12 títulos nacionais e regionais nos 200 metros. Ainda José Castro, campeão nacional ao ar livre dos 100 e 200 m em veteranos.
Os objetivos para esta época passam por atingir os 150 atletas mantendo a forte aposta na formação. Ainda pela participação no Troféu de Oeiras com o objetivo de atingir o pódio coletivo, depois do quarto lugar na época passada. “Temos todas as condições de treino no Jamor”, diz-nos Sandra Teixeira.
O clube organiza a Milha de Queijas que teve na primeira edição, 762 inscrições de 39 equipas.
Grupo Musical 1º de Dezembro Queijas
Concelho: Oeiras
Ano fundação: 1915
Presidente: Sandra Santos
Sócios: 800
Atletas: 122
Técnicos: 3
Orçamento: 8.000 euros
Orçamento de 8.000 euros
O orçamento da Secção ronda os 8.000 euros anuais, verba coberta pelo subsídio da Câmara Municipal de Oeiras e do patrocínio das empresas locais. O apoio aos atletas passa pelas inscrições na Federação, equipamentos, exames médicos e transportes (duas carrinhas). Os atletas têm ainda acesso privilegiado à fisioterapia, ainda que paga.
Marco Veloso queixa-se dos elevados valores pagos nas inscrições, confirmando uma crítica já feita anteriormente por Américo Brito, do Ingleses FC. “Os maiores custos são os agregados à Federação. Pagamos 30 euros por cada atleta filiado e mais 25 euros por cada transferência. Este ano, recebemos oito atletas da Run Tejo, tivemos de dar 200 euros à Federação!”.
“Hoje, os nossos atletas não estão preparados para sofrer. É um trabalho nosso e dos pais”
Saber sofrer!
Quando quisemos saber quais as principais dificuldades encontradas no clube na prática da modalidade, o casal Sandra e Veloso deu-nos uma resposta interessante que reflete a atual sociedade. “A principal dificuldade está em conseguirmos ter atletas que venham preparados para sofrer. O nosso objetivo é chegar à alta competição que exige sofrimento. Hoje, os nossos atletas não estão preparados para tal. É um nosso trabalho e dos pais. Estes, à mínima contrariedade, como estar a chover, dizem-nos que os filhos não vão treinar”.
“Se as crianças tivessem lá (Cabo Verde) as condições de aqui…”
Exemplo de Cabo Verde
Sandra e Veloso dão-nos o exemplo da sua experiência na pista do Estádio Nacional de Santiago, em Cabo Verde. “Vimos a alegria das crianças a treinar, descalças, de chinelos ou de ténis rasgados. Todas treinaram. Chega-se ao Estádio Nacional de bicicleta, a pé, da cidade ao Estádio, são dez quilómetros e só há um autocarro por dia.”
No primeiro dia, foram poucas as crianças que chegaram à hora marcada, foram chegando espaçadamente. No final da sessão, Sandra Teixeira fez um pequeno discurso para as crianças, falando entre outras coisas, dos horários. No segundo dia, quando ela e Veloso chegaram ao estádio, já lá estavam as crianças todas! E concluem: “se as crianças tivessem lá as condições de aqui…”
Na sua estadia em Cabo Verde, Sandra Teixeira ainda foi dar ‘uma forcinha’ no Mindelo, na Ilha de S. Vicente, para a criação de uma Escola de Atletismo. Há lá um estádio mas falta a pista de atletismo.
Quando falharam as inscrições no Cross de Torres Vedras
Quanto a estórias, Marco Veloso conta-nos duas. Ele é o responsável pelas inscrições dos atletas nas provas. No Cross de Torres Vedras, ele inscreveu todos os atletas. Os pais estavam entusiasmados por irem ver os seus filhos correr, alguns deles, pela primeira vez. “Quando chegámos, não tínhamos dorsais! Eu tinha falhado as inscrições online. Valeu os nossos conhecimentos, a coisa lá se resolveu e todos puderam correr!”
Quando um Benjamim correu a prova errada e foi ao pódio
Ainda no Cross de Torres Vedras, Marco Veloso fez o aquecimento com os jovens e mandou um Benjamim B correr erradamente na prova dos A. A criança ficou em segundo lugar, foi ao pódio e recebeu a respetiva medalha. Foi posteriormente desclassificado quando foi descoberto o erro. “O menino não se apercebeu do erro, contei depois a verdade aos pais”.