A Federação Portuguesa de Atletismo divulgou recentemente um comunicado acerca da suspensão de Clarisse Cruz e Nuno Costa, este por ter acusado cocaína num controlo antidoping.
Com Nuno Costa a correr habitualmente na Galiza, o jornalista espanhol Alberto Lenda ouviu o atleta português acerca do seu caso.
O português Nuno Costa, galego por adoção e um clássico no circuito de corridas populares da comunidade, enfrenta o desafio mais difícil.O atleta recebeu uma sanção de quatro anos sem competir pela Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) após um teste positivo para cocaína que ele desmente com veemência: “Nunca consumi nem essa nem outras drogas, e nunca jamais as consumirei”.
O três vezes vencedor do Vig-Bay está determinado em demonstrar a sua inocência. As autoridades desportivas do seu país ofereceram-lhe uma redução da pena até deixá-la entre um e três meses se ele admitisse que consumiu a substância para uso lúdico e não para melhorar o seu desempenho. Ele rejeita-o abertamente. “Quando morremos, o que fica aqui é o nome”, disse à Rádio Galiza.
A federação portuguesa tornou pública na semana passada, a situação de Nuno Costa, residente em Sigueiro e agora inscrito na SD Compostela. O controle foi feito em abril em Portugal e a sanção consta no site da FPA, desde 12 de agosto de 2022 a 11 de agosto de 2026. Costa seria reincidente. Nos arquivos da FPA, está registada uma primeira sanção de dois anos por EPA, entre 19 de março de 2011 e abril de 2013. O atleta continuou a competir na Galiza até finais de 2022.
Costa revela agora que um mês e meio depois do controlo positivo, contactou o Instituto de Ciências Forenses “Luís Concheiro” da Universidade de Santiago para fazer um teste. Depois de entregar uma mecha de cabelo, o laboratório demorou dois dias para dar o resultado: nenhum vestígio de cocaína ou outras substâncias nos três meses anteriores à realização do exame. O seu positivo havia sido detetado num controle de urina. Os cientistas da USC explicaram-lhe com toda a segurança, que teve de ser por contaminação cruzada da amostra. Disseram-lhe que é um valor tão baixo que nem deveria ser considerado passível de sanção.
Via judicial
O atleta enviou o resultado à FPA, que não se mostrou muito recetiva: “Disseram-me que não conheciam aquele laboratório.” Ele ofereceu, então, a possibilidade de repetir a análise no centro que as autoridades desportivas de seu país considerassem, mas parece que finalmente, terá que provar a sua inocência pela via judicial.
“Espero poder competir muito em breve”, afirmou Nuno Costa, que conta com um extenso palmarés nas corridas galegas e também no seu país de origem. O SD Compostela manifestou-lhe o seu apoio, mas acordou que se manterá afastado da equipa enquanto não se resolver uma situação que o levou a ver as duas caras dos quem rodeiam o desporto, sobretudo nas redes sociais.“Serve para ver a gente com quem se pode contar e também para ver quem são os seus inimigos”, declarou na referida entrevista à Rádio Galiza.
A última vitória
O último grande triunfo de Costa ocorreu na San Martiño de Ourense, em 21 de novembro de 2022. Uma semana depois, participou no Memorial Belarmino Alonso, que também já havia vencido anteriormente, embora desta vez, tenha desistido.