Nelson Évora continua a não digerir a naturalização de Pedro Pichardo e os resultados obtidos por este como atleta português. Numa recente entrevista à Rádio Observador, Évora voltou a falar de Pichardo de uma forma muito pouco simpática, acusando-o de ter sido comprado pela Federação para poder ter resultados a curto prazo.
“Não temos um atleta júnior que salte 16 metros. Que possamos dizer que saltará 17 metros em sénior, que possa ganhar uma medalha. Fico contente que ele traga uma medalha. Mas isto espelha o quê? Interesse de quem? Quem é que lucrou com isso? Foi Portugal! Claro, é bom, no curto prazo. Foi um investimento feito no curto prazo. Foi comprado um atleta para poder ter resultados a curto prazo. É uma referência. É como é!
Não tenho nada contra ele e nunca tive nada contra ele. Estive 11 anos em Portugal, não competi por Cabo Verde e Costa do Marfim, e até me sinto envergonhado quando dou de caras com as federações das minhas origens. Até baixo a cabeça. São as minhas raízes mas não quis porque vim para cá com seis anos. Não sei nada sobre Cabo Verde e a Costa do Marfim. Tinha duas pessoas em casa que me deram educação conforme os costumes cabo-verdianos. À parte disso, todos os meus amigos são portugueses. Quando me foi dado a escolher em juvenil, eu recusei. Disse que não me ia sentir bem vestir a camisola de um país no qual não me sentia”, acrescentou.
Pichardo respondeu a Évora através das redes sociais, sendo duro na resposta
“Quando dizes que fui comprado estás a faltar-me ao respeito. Não sou uma prostituta nem sou como tu que saíste mal do clube, porque te ofereceram mais. Não sei quais os problemas que tens na cabeça ou se tens problemas com alguém no Benfica, mas não deves misturar-me nessas coisas falando de mim. Mas deixa-me explicar-te algumas coisas e também aos que te apoiam. Saí de Cuba pelos problemas que já toda a gente sabe. Estava na Suécia e o Benfica fez-me uma proposta, como fizeram-me outros clubes de outros países. Cheguei a Portugal sem saber nada dos teus problemas. Simplesmente estava focado na minha carreira”, escreveu Pichardo.
“Até porque tu já eras o ‘campeão’, mas nunca me tinhas ganho, na tua carreira só ganhaste 2 vezes e a tua melhor marca é 17,74 metros e eu salto mais do que isso de leggings compridas e chapéu. Nunca foste a minha referência como atleta nem como pessoa. Ficas a falar de Tóquio. Ok… Quando saíste lesionado eu já não estava na pista, porque fiz a qualificação logo no primeiro ensaio. Então, como queres que eu fale contigo?”, acrescentou.
“Passar 11 anos para teres um documento português não te faz mais português do que ninguém, ou seja, do que eu, que tive em pouco tempo. Afinal, adquirimos os dois nacionalidade portuguesa o que quer dizer que não nascemos cá. Dizes não ter nada contra mim, mas o teu colega agora espanhol também teve documentos rápidos e foste um dos primeiros a dar-lhe os parabéns. Sempre que tens uma oportunidades falas do Pichardo. Sê homem e fala diretamente para a pessoa e/ou para o clube com o qual tens os problemas. Pára de falar de mim que já pareces uma menina quando gosta de um rapaz. És bonito, mas não sou gay.”
Nelson Évora foi um grande atleta. Foi. Já não é.
A sua atitude revela inveja e despeito lamentáveis – é o não aceitar que, por muito bons que sejamos, há-de vir sempre alguém que nos supera, há percalços na carreira de um atleta (e ele teve-os, graves lesões, mas de que ninguém tem culpa), é o não reconhecer que, naturalmente, “o tempo não perdoa”, que o seu tempo acabou, que está velho para a alta competição.
Pedro Pichardo fugiu de uma terra onde era maltratado (ele e a família), fugiu da ditadura para a liberdade, tendo em conta o seu nível atlético, poderia ter escolhido outro país mais rico, por isso só devemos estar gratos por ter escolhido Portugal e esperar que ele ultrapasse as marcas que fez em Cuba e que o tornaram um dos melhores mundiais de sempre.
Nelson Évora devia meter a viola ao saco e deixar em paz o Pedro Pichardo.
Totalmente de acordo consigo!
O Nelson nunca aceitou com fair play que o cubano o viesse apagar dos livros, isso é ponto assente.
Mas ele não deixa de ter razão em alguns pontos.
Primeiro, os processos de obtenção de nacionalidade em Portugal são uma piada de mau gosto, ver desportistas a passar à frente por uma questão de interesse nacional…
Segundo, o sucesso do atletismo português vive de naturalizados, sendo já chegou mais uma remessa de Cuba. Havia dirigentes que criticavam os turco-quenianos que nem a bandeira sabiam ostentar, mas agora não se importam muito em ter portugueses que nem português falam. Não sou contra naturalizados, mas meter no mesmo saco, como já li, o Évora, o Pichardo ou mesmo o Obikwelu não é sério. Aliás, o próprio Pichardo na altura assumiu ter várias propostas, tendo escolhido a melhor para ele. Não é exactamente um refugiado que chegou de jangada. Uma estratégia de compra de atletas feitos (nem sequer são jovens) não parece ser motivo de orgulho para a FPA, mas pronto, as medalhas chegarão, e no fim é o que importa.
Novos tempos… Melhor que escolham Portugal de que outro país europeu e o resto é conversa.
Já se percebeu que o contínuo falatório do Nelson Évora sobre este assunto é algo pessoal e de ressabiamento.
Como diz o meu pai, o mundo é uma bola que rebola…..e que venham mais como o Pichardo, eu como amante de atletismo agradeço.
Atletas como o Pichardo e agora como o Mena e o Iribarne, só puxam a nossa modalidade para cima e dá outro nível que atletas com os genes lusitanos infelizmente não chegam lá na maioria das disciplinas.
É pena é desta leva de jovens Ucranianos que vieram para o nosso país não venha nenhuma saltadora em altura que bem precisamos. 😂🇵🇹