Henk Botha, treinador de Christine Mboma, medalhada de prata nos 200 m dos JO de Tóquio, está “chocado” com as mudanças das regras para as atletas com elevados níveis de testosterona.
Na passada quinta-feira, a World Ahletics decidiu reduzir a quantidade permitida de testosterona no sangue a atletas com diferenças no desenvolvimento sexual (DSD).
“Foi um pouco chocante recebê-lo mais uma vez, sem aviso prévio”, disse Henk Botha à BBC Sport Africa.
Com as novas regras, as atletas DSD serão obrigadas a reduzir o seu nível de testosterona no sangue para menos de 2,5 nanomoles por litro – metade do nível anteriormente aceite de cinco nanomoles.
As atletas também devem permanecer abaixo desse limite durante dois anos para competir internacionalmente nas provas femininas em qualquer evento de atletismo.
As novas regras abrangem agora todas as provas de pista, uma mudança em relação às restrições anteriores que afetavam apenas as provas entre os 400 m e a milha.
No entanto, disposições provisórias serão implementadas para atletas as DSD já em competição, fora das distâncias anteriormente restritas.
Elas só serão obrigadas a suprimir os seus níveis de testosterona durante seis meses antes de competir em qualquer evento aprovado pela World Athletics. Mas tal, não dará o tempo suficiente a Mboma e a outras atletas de cumprirem a regra, antes do Mundial de agosto em Budapeste.
Ao anunciar as mudanças, Sebastian Coe, disse que 13 atletas do DSD serão afetadas pela decisão de incluir todos os eventos de pista nos regulamentos atualiz9ados, sete (55%) das quais competem em provas acima da milha, seis (45% ) em provas abaixo dos 400 m.
Ele confirmou que nenhuma das 13 atletas poderá competir em Budapeste, mas será elegível para eventos futuros, incluindo os JO de Paris 2024, “se mantiverem os seus níveis de testosterona no nível exigido”.
Mboma não é a única atleta africana a sofrer com as novas regras. A também sprinter da Namíbia, Beatrice Masilingi, que foi quarta, atrás de Mboma na final dos 200 m nos JO de Tóquio, também estará fora da competição.
Assim como a campeã africana do Níger, Aminatou Seyni, que ficou em quarto lugar na final dos 200 m no Mundial de Eugene, e Francine Niyonsaba, do Burundi, medalhada de prata nos 800 m dos JO do Rio de Janeiro em 2016.
Mas talvez a exclusão de maior destaque envolva a sul-africana Caster Semenya, que se recusa a tomar medicamentos para diminuir os seus níveis naturais de testosterona.
A bicampeã olímpica e mundial dos 800 m travou uma batalha legal com a World Athletics sobre as regras do DSD mas perdeu, tendo de deixar a sua distância preferida para se concentrar nos 5.000 m.
Ela foi sexta nos 5000 m no Campeonato Africano do ano passado, não conseguindo mínimos o Mundial de Eugene.
Como Semenya, a equipa de Mboma diz que vai considerar todas as opções, incluindo ações legais. “Para nós, este é um obstáculo, não o fim”, disse Botha.
“Desafiar a World Athletics, é obviamente caro e demorado. Precisamos ir e olhar para cada opção na mesa e partir daí”.
Sou 200% a favor deste avanço regulamentar que defende e torna justa a competição feminina e até entenderia se a opção da WA fosse apenas e só proibir, no entanto, não sendo o caso, não consigo compreender a aberração/injustiça que é impedir que essas atletas que queiram acatar imediatamente a decisão de reduzir para metade os níveis de testosterona possam competir neste mundial… A WA está sempre a meter-se por caminhos ilegais e obviamente que as atletas com DSD que acatarem reduzir imediatamente os níveis têm todo o direito de participar neste mundial ou em qualquer outra competição que decorra nos próximos 6 meses (desde que tenham estado abaixo dos 5 até agora e dos 2,5 a partir de agora) obviamente que se levarem isto a tribunal as atletas com DSD ganham facílimo e com razão. Se a WA quer verdadeiramente integrar estas atletas exigindo apenas que elas cumpram alguns requisitos, a própria WA tem também de cumprir, nomeadamente não falhando na regulamentação que quer aprovar, uma vez que as atletas nunca poderiam adivinhar e cumprir meses antes a nova regulamentação antes de saber quais as condições que iriam passar a ser exigidas.