O australiano Peter Bol passou dois longos meses nada agradáveis, depois de ter sido acusado de EPO. Dois laboratórios independentes libertaram o atleta de 800 m de ter usado a substância proibida, observando um “erro catastrófico” nos testes da Agência Antidoping da Austrália, a Sports Integrity Australia (SIA).
Em janeiro, Peter Bol de 29 anos enfrentou uma suspensão de quatro anos depois de ter acusado um resultado positivo para EPO, numa amostra de urina coletada em outubro. Agora, a Sports Integrity Australia confirma que após uma investigação mais aprofundada, nenhuma das amostras A ou B de Bol mostrou a presença de EPO na sua urina: “Apenas a eritropoietina endógena de ocorrência natural estava presente durante os dois testes”.
Bol disse numa entrevista ao 9News da Austrália, que todo o processo da SIA foi injusto para com ele. “Acusar-me de doping sem provas científicas… é difícil, mas no fundo eu sabia que era inocente.”
Ele destacou-se nos JO de Tóquio em 2020, depois de ter batido por duas vezes nas eliminatórias, o recorde nacional para chegar à final dos 800 m, onde terminou em quarto lugar. Nos Jogos da Commonwealth de 2022 em Birmingham, ele conquistou a medalha de prata nos 800 m, atrás do queniano Wyclife Kinyamal.
Bol alegou sempre inocência
Ao longo do processo, Bol contratou um advogado e destacou a sua inocência nas redes sociais, dizendo que faria o que fosse necessário para limpar o seu nome. “Eu disse a todos que era inocente e pedi a todos na Austrália que acreditassem em mim e deixassem o processo acontecer”, escreveu ele no twitter.
Bol entregou voluntariamente o seu laptop, iPad e telefone à SIA para ajudar a provar a sua inocência e pagou 1.200 dólares para testar a sua amostra B.
Teste subjetivo
Durante o processo de investigação, um grupo de cientistas noruegueses levantou as suas dúvidas sobre a amostra A positiva de Bol, afirmando que o teste feito pela Agência Mundial Antidopagem para detetar o EPO, permanece subjetivo, especialmente em casos como o de Bol, que apresentou um resultado positivo “limite”.
A equipa jurídica de Bol enviou uma carta à Sports Integrity Australia que incluía as duas análises de peritos independentes da amostra de urina de Bol que “nunca mostraram a presença de qualquer EPO sintético” e que “a inexperiência e incompetência no Laboratório Australiano de Testes de Doping Desportivos levaram a uma determinação incorreta” da sua amostra positiva.
A Sports Integrity Australia tinha levantado no mês passado a suspensão de Bol, permitindo que ele voltasse a treinar depois da amostra B testada pela Autoridade Mundial Antidopagem (WADA) não ter confirmado a utilização de EPO.