O Clube de Atletismo Fundação Salesianos está situado em Manique. Fundado em 1990, tem 17 modalidades e 85 atletas só no atletismo. O clube tem um curriculum de muitos triunfos e medalhas, com vários atletas internacionais com resultados de relevo.
O Clube de Atletismo Fundação Salesianos está situado em Manique, concelho de Cascais. A sua fundação tem origem a 1990, quando o Núcleo de Atletismo da Escola Salesiana de Manique iniciou a sua atividade.
O clube foi inscrito na Federação Portuguesa de Atletismo em Março de 1997. “Havia um grupo de alunos que se destacava e mostrava interesse em participar nas provas de corta-mato. Tal, fez que pensássemos seriamente em federar a equipa. Já havia o Centro Juvenil Salesiano de Manique, aproveitou-se os estatutos para oficializar a inscrição na Federação,” disse-nos o professor Fernando Pereira, uma grande referência no atletismo do clube e que é ainda seu treinador.
Mais tarde, registou-se na Federação como Clube de Atletismo Salesianos de Manique e passou a Fundação Salesianos em 2015.
A conjugação do desporto escolar com o desporto federado proporcionou um grande incremento no clube. O seu funcionamento está na dependência total da Escola dos Salesianos que tem no padre Manuel, o seu diretor-geral.
Clube eclético com 17 modalidades
O Clube de Atletismo Fundação Salesianos é bastante eclético, contando com 17 modalidades que movimentam 500 a 600 praticantes, desde o atletismo, dança, ballet, ginástica, natação, polo aquático, triatlo, basebol, etc. A grande maioria dos praticantes desportivos não pertencem à Escola que conta com cerca de 1.750 alunos.
Francisco Barreto é o responsável da Secção de Atletismo que conta com 85 atletas, dos quais, 64 são federados.
O clube está mais virado para a pista com os mais novos a fazerem maioritariamente pista e ocasionalmente, corta-mato. Há também quem participe no Troféu de Atletismo de Cascais.
Recentemente, a equipa masculina Sub-20 foi nona no Nacional de Clubes da 1ª Divisão. E no Nacional de Clubes Absolutos, a equipa feminina foi quarta classificada na 2ª Divisão.
“Perdem-se muitos talentos por não terem tido oportunidades de experimentar a pista”
Pista sintética de 200 m na Escola
O clube conta atualmente com quatro treinadores: Francisco Barreto, Fernando Pereira, Henrique Páscoa e Rui Santiago.
Fernando Pereira foi durante muito tempo, o grande responsável pela atividade do clube mas um problema de saúde fê-lo reduzir a sua atividade. Ainda assim, mantém-se como treinador.
Francisco Barreto, um jovem de 26 anos que em 2016, foi campeão nacional de sub-23 e em 2021, campeão de Portugal, no salto em altura, é também praticante, fazendo um pouco de tudo.
“Sendo um clube com as caraterísticas do nosso, conta muito a motivação e o ambiente. Não temos as condições financeiras de outros clubes”
A Escola conta com excelentes condições para a prática desportiva, contando com um pavilhão, piscina e pista de atletismo sintética. Esta, com o nome de Fernando Pereira, tem 200 metros, apetrechada para a as barreiras, salto em altura, salto em comprimento, triplo salto, lançamentos do peso e dardo, corridas de velocidade e meio-fundo, e, salto com vara.
O clube organiza na sua pista, o Meeting Jovem de Salto em Altura + Provas de Preparação, prova integrada no calendário da Associação de Atletismo de Lisboa.
Atletas internacionais
O Clube de Atletismo Fundação Salesianos tem tido vários atletas internacionais. Entre eles, Marcos Chuva, Marcos Caldeira, Francisco Barreto, Marisa Anselmo, Catarina Bastos, Fatumata Baldé, Catarina Lourenço, Tatiana Pereira, etc. Muitos destes atletas, representaram depois o Sporting CP e o SL Benfica.
Fernando Pereira e Francisco Barreto mostram-se muito satisfeito com os resultados obtidos. “Sendo um clube com as caraterísticas do nosso, conta muito a motivação e o ambiente. Não temos as condições financeiras de outros clubes”. Tatiana Pereira é atualmente, o melhor exemplo do trabalho feito no clube, tendo sido medalhada de prata no triplo salto e oitava no salto em comprimento no Festival Olímpico da Juventude Europeia (FOJE) disputado em 2022 na Eslováquia.
“A geração dos mais novos foi afetada pela pandemia de forma muito abrangente, sendo cada vez mais difícil atraí-los para a prática desportiva”
Clube de Atletismo Fundação Salesianos
Concelho: Sintra
Ano fundação: 1990
Presidente: Padre Manuel
Atletas: 85, sendo 64 federados
Técnicos: 4
Orçamento: 8.000 euros
Orçamento anual de 8.000 euros
O orçamento ronda os 8.000 euros anuais. O clube conta com apoios da Câmara Municipal nas despesas com as competições nacionais. Mas sente-se prejudicado pelo facto de ao ser uma Fundação, ao não ter personalidade jurídica, não tem apoios dos privados. Os atletas pagam uma mensalidade simbólica, entre 20 a 25 euros.
Para Francisco Barreto, o orçamento é limitado. “Podíamos aspirar a mais. Há clubes na segunda divisão que têm outros tipos de apoios. É gerido com pinças”.
Os apoios aos atletas passam pelas inscrições na Federação e nas provas, pelo pagamento das deslocações às competições nacionais e pelos equipamentos, sendo que os atletas até ao escalão de juvenis, pagam o seu.
“Os país não se reveem muito no atletismo, eles querem que os seus filhos sejam Cristianos Ronaldos”
Radiografia real da modalidade
Fernando Pereira e Francisco Barreto fizeram uma análise da realidade atual da modalidade pouco animadora mas que reflete a realidade atual.
– A geração dos mais novos foi afetada pela pandemia de forma muito abrangente, sendo cada vez mais difícil atraí-los para a prática desportiva. Há uma quebra grande, com a modalidade a ser pouco atrativa.
– O Regulamento Geral de provas só permite aos jovens fazer duas provas por dia. Há a necessidade de reformulação do calendário competitivo. O atual apresenta poucas provas para os mais novos. Os pais levam-nos a uma prova e passam uma manhã para ver o filho correr 60 m e dar três saltos e vir-se embora.
– Os Megas são diferentes. Em termos globais, até ao escalão de infantis, o calendário não é bom.
– É lamentável a falta de investimento nas competições para os mais jovens.
– Os país não se reveem muito no atletismo, eles querem que os seus filhos sejam Cristianos Ronaldos. São os pais que desafiam os filhos a procurar outras modalidades.
– O desporto escolar é muito importante para cativar os jovens mas funciona mal.
– O Troféu de Atletismo de Cascais só contempla provas de estrada e corta-mato para a classificação. Não conseguimos integrar a pista que já teve há anos.
– O ATIBÁ chegou a ter jovens dedicados à pista com bons resultados. Falou-se então na Câmara na construção de uma pista no concelho. Ficaram-se pela promessa.
– Perdem-se muitos talentos por não terem tido oportunidades de experimentar a pista. No concelho, há grande apetência para a corrida mas não há uma pista regulamentar.
– Lisboa é a única capital europeia que não tem uma pista coberta, com todas as consequências durante o inverno.
Rico curriculum desportivo
O clube apresenta excelentes resultados no desporto escolar, tendo sido campeão nacional no escalão juvenil, dez vezes em masculinos e 12 vezes em femininos.
Também em destaque no corta-mato e pista, a nível regional, nacional e até internacional.
No corta-mato, conta com 69 títulos distritais coletivos; 31 títulos individuais distritais;
1 título de vice-campeão nacional individual de iniciados femininos; 4 títulos nacionais coletivos em juvenis femininos; 1 título nacional coletivo em iniciados femininos; 2 títulos de vice – campeãs nacionais coletivas de iniciados femininos; 2 títulos de vice – campeões nacionais coletivos de Juvenis Masculinos e 1 terceiro lugar coletivo Nacional de Juvenis feminino;
Na pista, tem 46 títulos distritais coletivos; 270 títulos distritais individuais; 28 títulos regionais coletivos; 146 títulos regionais individuais; 23 títulos nacionais coletivos e 113 títulos nacionais individuais.
A nível internacional, destaque para a participação nos Jogos da F.I.S.E.C, entre 1998 e 2011, com a obtenção de 151 medalhas assim distribuídas:
Individuais: 32 de ouro, 51 de prata e 56 de bronze
Coletivas: 1 de Ouro, 7 de Prata e 4 de Bronze
Participação nos Jogos da I.S.F. (Federação Internacional Escolar) de Corta-Mato na Letónia 1998, com a obtenção do 14º lugar coletivo em juvenis femininos.
Participação nos Jogos da I.S.F. de Corta–Mato em Marrocos 2000, com a obtenção do 17º lugar coletivo em juvenis femininos.
Participação nos Jogos da ISF de Atletismo de Pista em em Vila Real de Santo António 2005, com a equipa masculina no 9º lugar e a feminina no 12º entre 22 países. Ainda, na Estónia 2009, com a equipa feminina a classificar-se no 7º lugar e a masculina no 13º entre 30 países.
Marcos Chuva no Mundial de Daegu em 2011
Quanto a estórias, Fernando Pereira conta uma passada com o seu atleta Marcos Chuva no Mundial de Daegu em 2011. “Estava na paragem do autocarro para ir para o estádio, para a prova do Marcos Chuva. Era o último autocarro e ele não aparecia! Fugia-me tudo debaixo dos pés. Estava o autocarro a arrancar quando ele apareceu!”
Marcos Chuva nos JO do Rio de Janeiro 2016
Mais uma estória com Marcos Chuva. “Saímos do treino e íamos num carro para o hotel. A certa altura, a polícia apareceu-nos ameaçadora com metralhadora apontada e mandou-nos encostar. Tudo porque eles suspeitavam que o Marcos Chuva estava a ser raptado. Foi um momento de pânico!”.
Marisa Anselmo no Mundial de Juniores em Pequim 2006
Basta de Marcos Chuva! Esta estória passou-se com Marisa Anselmo no Mundial de Juniores disputado em Pequim 2006. “No último treino para a competição (salto em altura), ela teve uma paralisação total do lado direito do corpo. Suspeitou-se de um AVC, foi transportada ao hospital central de Pequim. Felizmente que não se confirmou o pior, a situação tinha sido provocada pelo stress. Foi um momento muito marcante”.