Hélio Fumo tem 39 anos. Nascido no Maputo veio para Portugal aos 11 anos e descobriu o atletismo aos 14 anos. Começou na pista, passou pela estrada e fixou-se no trail, onde é um dos melhores atletas nacionais. Mestre em Psicologia Social e das Organizações, tem estado ligado a projetos de cariz social e já criou a sua marca de roupa #fazfumo.
Hélio Fumo tem 39 anos e nasceu no Maputo, Moçambique. Veio viver para Portugal aos 11 anos de idade e começou a correr aos 14 anos, como forma de preencher o tempo após as aulas, seguindo o seu exemplo do seu primo João Nunes.
Começou por destacar-se na pista, particularmente no meio fundo. Tem como recordes pessoais, 1.50,06 aos 800 m (20096) e 3.49,59 aos 1.500 m (2007).
“O Trail é uma modalidade que abraço com toda a paixão, porque adoro ser praticante da mesma, com tudo o que ela tem de benéfico para o meu estilo de vida”
Da pista para a estrada e o trail
Depois da pista, surgiu a estrada. “Passar a correr em estrada de forma mais regular, considero que fosse algo que estivesse no meu horizonte, claro com algumas mudanças a nível de treino e conceção de objetivos”.
Já a mudança para o trail, “foi uma mudança de 360º, tem sido uma passagem progressiva e repleta de aprendizagens. É uma modalidade que abraço com toda a paixão, porque adoro ser praticante da mesma, com tudo o que ela tem de benéfico para o meu estilo de vida”.
Estreia na estrada no Grande Prémio de Natal
Hélio Fumo ainda se lembra da sua primeira prova de estrada: “Provavelmente há uns 18 anos atrás, ainda nas camadas jovens, no Grande Prémio de Natal. Foi um misto de boas sensações, poder correr na capital, atravessar os túneis, que por norma, só o fazia dentro de um carro, para depois terminar nos Restauradores, repleto de gente a apoiar e a puxar por nós, é uma boa memória”.
Aposta no Trail sem esquecer a psicologia e o empreendedorismo
Hélio Fumo é mestre em Psicologia Social e das Organizações. Atualmente, é além de atleta, empreendedor e psicólogo.
Treina habitualmente entre 10 a 13 vezes por semana, 95% das vezes só. O professor Rui Raposo é o seu treinador e seguindo sempre, um plano de treinos.
Neste momento, consegue dedicar-se ao Trail a 85%. “Tenho uma pequena liberdade de horários que me permite poder treinar com algum foco em ocasiões competitivas mais importantes”.
Estreia em Portalegre há cinco anos e última prova na Croácia
Já a sua estreia no Trail verificou-se há cinco anos, no Trilho dos Reis, em Portalegre. Foi campeão nacional de Trail na época 23020/2021 e a sua última prova foi em Istria, na Croácia, prova de 110 km do circuito do UTMB e onde Hélio Fumo obteve um excelente segundo lugar. No ano passado, tinha participado na distância de 68 km, tendo sido também segundo. Será que vamos ter aplicado o ditado “à terceira é de vez”?
“O primeiro ‘amor (pista)nunca se esquece’, no entanto neste momento, não troco o Trail por nenhuma outra superfície”
Os amores dos 800 m e do Trail
Apesar de correr agora ultramaratonas, os 800 metros ainda são a sua distância preferida. Hélio Fumo começou na pista, “o primeiro ‘amor nunca se esquece’, no entanto neste momento, não troco o Trail por nenhuma outra superfície”.
Nunca chegou a correr uma maratona de estrada de forma oficial. “Fiz uma vez como guia do Jorge Pina”.
Diferenças no Trail em Portugal e no estrangeiro
Hélio Fumo já foi cinco vezes internacional por Portugal no Trail. Sendo um atleta que corre regularmente em Portugal e no estrangeiro, aponta as grandes diferenças que encontra. “Percursos, nível competitivo, os prémios e acima de tudo, a cultura desportiva, que nos permite aprender e trazer para Portugal. Amor pela montanha como estilo de vida de forma massificada”.
Evolução do Trail em Portugal
Quem abraçou o Trail logo do seu início, nota agora grandes diferenças. Eis como Hélio Fumo vê a evolução: “Desde o tempo em que comecei até agora, vejo uma boa evolução a vários níveis, o que permite pensar que dentro de alguns anos, o Trail, vai fazer parte da referência desportiva nacional. Tem tido um crescimento grande, apesar de achar que ainda é pouco conhecido e reconhecido como sendo uma modalidade muito competitiva e com imenso potencial”.
Primeira internacionalização, momento marcante da carreira
A primeira internacionalização no Campeonato do Mundo de Trail disputado no Gerês, foi o momento mais marcante da carreira de Hélio Fumo. “ Foi o revirar da minha forma de praticar e ver o desporto”.
Alimentação adequada
Quanto à alimentação, adotou um estilo alimentar que lhe permite manter-se sempre saudável. “Provavelmente, vai ser o mesmo cuidado alimentar que vou ter, depois de deixar de correr de forma tão regular. Tento comer tudo um pouco de forma regrada, perceber o que me faz bem e o que pode me prejudicar a nível de saúde a longo prazo.
Não dispensa os exames médicos realizados várias vezes por ano. As lesões têm-no visitado por vezes, Roturas de ligamentos, entorses, microruturas, dedos partidos. A sua última grande lesão foi uma pubalgia que durou dez meses a curar.
“Infelizmente, vejo um futuro estagnado a nível de recrutamento de talentos para a prática e permanência na modalidade”
Ginasta acrobático
Hélio Fumo quer correr “até não ser possível fisicamente”. Já a nível competitivo, pensa parar aos 45 anos. Mas se não estivesse no atletismo, gostaria de ter optado pela ginástica acrobática.
Futuro do atletismo: mudaram-se os tempos
Hèlio Fumo vê o atletismo nacional com um futuro cinzento. “Infelizmente, vejo um futuro estagnado a nível de recrutamento de talentos para a prática e permanência na modalidade. A estrutura em si, vai fazendo algumas coisas para o crescimento da modalidade. No entanto, acredito que vivemos realidades diferentes daquelas que se viviam nas gerações de ouro (no que concerne ao meio fundo e fundo). Talvez seja necessário reavaliar e rever o nosso atletismo para voltarmos a ser uma boa referência europeia, não apenas nos sectores mais técnicos do atletismo”.
“Acho importante as organizações olharem para os atletas todos de forma equitativa, de forma a proporcionarem a melhor das experiências”
Organizações a pensar mais nos atletas
As organizações da provas em Portugal têm muitas delas, um nível muito aceitável, não ficando atrás do que se faz lá fora. Mas pode-se sempre melhorar. Eis a sugestão de Hélio Fumo: “Acho que a melhor premissa, seria sempre pensarmos: se fosse eu a correr, como gostaria de forma aceitável e generalista, de ser tratado durante todo o processo, desde a inscrição até à minha chega a meta? Acho importante as organizações olharem para os atletas todos de forma equitativa, de forma a proporcionarem a melhor das experiências”.
No mundo das corridas, todos são iguais
Para Hélio Fumo, “A comunidade é de longe a meu ver, um dos grandes fatores positivos na prática; outro muito pessoal, é a ligação a nós mesmos que a corrida permite, é um desporto muito individual. No entanto, os sentimentos vividos, são transversais do mais rápido ao mais lento do pelotão. É algo sem estrato social, é um dos locais que permite sermos corredores, sem distinção de género, idealismos etc”
“Tenho o sonho de tornar a minha marca de roupa #fazfumo uma marca de referência no mundo da Corrida”
Projetos futuros na modalidade
Hélio Fumo é um homem de ação, não lhe faltando projetos. Um deles, é fazer crescer a Associação Hélio Fumo com novos projetos de cariz sociais ligados ao desporto. Também organizar Trail Camp, onde possa partilhar a sua experiência, treinar atletas, continuar a criar conteúdo nas redes sociais de forma a fazer com que o Trail chegue a mais gente e que a comunidade cresça”. E ainda: “Claro que tenho o sonho de tornar a minha marca de roupa #fazfumo uma marca de referência no mundo da Corrida”.
Quando o confundiram com o Nelson Évora
Não faltam estórias curiosas a Hélio Fumo. Esta passou-se ainda numa das finais do Olímpico Jovem. “Durante o desfile das Associações, começo a ser abordado por pessoas que não conhecia, que me sorriam, cumprimentavam-me, até ao ponto em que comecei a achar estranho. Na época, o Marco Fortes, estava ao meu lado e reparou que eu estava completamente perdido. Disse-me então ‘acho que estas a ser confundido com o Nelson Évora’. Este, não tinha participado nesse ano devido a uma lesão. Passei o fim de semana todo a aproveitar-me da situação.
Fã das redes sociais
Hélio Fumo considera-se um aficionado das redes sociais. “Acho que são ferramentas que bem utilizadas, podem abrir muitos caminhos e são uma forma de amplificarmos o que tivermos por divulgar. Vou criando conteúdo quando posso através do:
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCPV8APrjM02WKQ4r1e2xM8w