Já no centro das atenções com os seus muitos casos positivos, o Quénia deve viver mais um mês agitado com o estabelecimento de um verdadeiro monitoramento antidoping.
Até à última atualização de maio, 63 atletas quenianos estavam suspensos pela Unidade de Integridade do Atletismo (AIU), sem contar com os inúmeros casos em processo de suspensão provisória e diversos recursos.
O governo queniano conseguiu escapar de ver suspensa a sua Federação de Atletismo, ao mostrar desejo de mudança, aprovando um orçamento de 25 milhões de dólares em cinco anos.
Segundo Brett Clothier, diretor da AIU, “O objetivo é que o antidoping se torne realmente um assunto importante para o país e que o problema seja levado realmente em consideração com uma estratégia … É um grande projeto de cinco anos, onde vamos trabalhar em conjunto com as autoridades quenianas”.
Para atingir esse objetivo, Clothier e alguns dos seus colaboradores têm viajado várias vezes ao Quénia nos últimos meses, ampliando o acompanhamento com conferências virtuais, todas as semanas. Porque, até então, apenas “o topo da pirâmide”, como explica Clothier, era bastante controlado (grupo-alvo), deixando de fora, um número preocupante de atletas que podiam dopar-se sem controlo.
Com a criação de um grupo de monitoramento de estrada com 300 atletas (até agora, apenas 40 especialistas em estrada estavam no grupo de monitoramento a nível mundial), incluindo 120 quenianos, a AIU lançará uma rede mais ampla, através da agência nacional antidoping do Quénia (ADAK), de inúmeros testes in loco durante as competições nacionais. “Os testes começarão no verão” , avisa Thomas Capdevielle, chefe de testes da AIU. “Não vai ser bom nos próximos meses. Antes de melhorar, vai piorar. Já começaram os testes em competições nacionais e já temos retornos positivos de casos”.
Para garantir que o sistema funcione, a AIU vai também enviar um dos seus funcionários a tempo integral para o local, nos próximos dois anos. “O objetivo é também auxiliar a agência nacional queniana”, lembra Clothier. Eles trabalharão com as mesmas tecnologias e as mesmas técnicas que costumamos utilizar. Havia um problema estrutural, então nós ajudamo-los a estruturarem-se”.
“A Federação Queniana estava mais focada na pista, continua Capdevielle. “A estrada não estava realmente no seu foco, especialmente porque as marcas haviam assumido um pouco, o controle dos seus centros de treino. Lá, todos estão na mesma linha. O que provavelmente, vai trazer uma nova onda de casos positivos. Haverá mais casos, mas menos doping”, disse Clothier. “Faz parte do plano porque temos que elevar a fasquia. Há um longo caminho pela frente. Só pode melhorar”.