A sul-africana Caster Semenya, de 32 anos, vai ver o seu caso analisado hoje no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos em Estrasburgo.
A atleta sul-africana, bicampeã olímpica nos 800 m, está privada de competir desde 2019 na sua distância preferida, devido ao nível de testosterona demasiado elevado, segundo os critérios da World Athletics. Este organismo decidiu regulamentar o acesso às suas competições para atletas nascidas com diferenças no desenvolvimento sexual (DSD).
Lançada numa luta judicial desde então, a tricampeã mundial já perdeu várias batalhas, nomeadamente contra o Supremo Tribunal Suíço que confirmou a 25 de agosto de 2020, em nome da “equidade desportiva”, uma decisão anterior do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) datado de 2019, validando assim os regulamentos da World Athletics que definem um limite máximo de testosterona.
Um limiar de testosterona de 5 nmol/L foi então, ainda mais reduzido pela World Athletics no novo regulamento. Este, foi promulgado no final de março e indica que a taxa não deve ultrapassar 2,5 nmol/L (durante um período mínimo de 24 meses) e que a regra vale para todas as disciplinas e não mais apenas para provas entre os 400 m e a milha, conforme previamente estabelecido.
De passagem por Paris na semana passada, numa prova organizada pelo seu fornecedor de equipamentos, a atleta de 32 anos, que ainda sonha com os Jogos Olímpicos, parecia não querer desistir da sua luta. “Nunca me cansarei de lutar por esta causa porque esta regra é um estorvo para muitas jovens atletas africanas”, disse ela. “Isto não faz sentido. Sou totalmente contra estas regras. O desporto nunca foi justo e nunca será. Se assim fosse, seríamos todos iguais sem nenhuma diferença”.