Jakob Ingebrigtsen, de 22 anos, é o atual campeão olímpico e recordista mundial dos 1.500 m. Desde cedo, começou a dar nas vistas, treinando a sério desde os dez anos de idade. O seu pai Gjert Ingebrigtsen foi o seu treinador até 2021 e falou dos treinos do filho. “O seu treino era muito exigente, mas controlado. Medíamos os níveis de lactato sanguíneo em todas as sessões difíceis para não ultrapassar o limiar. Aos 16 anos, já corria 130 km por semana, o dobro do que fazem atletas da mesma idade.”
Gjert Ingebrigtsen foi também o treinador dos outros dois filhos, Henrik, de 32 anos, e Filip, de 30 anos, que também já foram campeões europeus. Quando se separou do pai, Jakob passou a treinar sozinho. Para ele, o controle do nível de lactato é o aspeto mais importante de um método que outros atletas de elite já estão a tentar copiar. Quando o corpo entra no campo do exercício anaeróbico até ao limite, os músculos produzem um resíduo na forma de ácido lático que o sangue não absorve. Se esse lactato não for eliminado ou estiver elevado, prejudicará o treino, acelerará a exaustão e reduzirá a capacidade de recuperação.
O lactato de Jakob é sempre medido após os treinos mais exigentes e de alto limiar, geralmente realizados na passadeira rolante. Tal, permite-lhe, diz a teoria, chegar ao seu limite sem ultrapassá-lo, evitar o risco de exagerar nos treinos e favorecer a sua versatilidade, obter excelentes marcas não apenas nos 1.500 m como em distâncias superiores.
O ‘método Ingebrigtsen’ inclui muita quilometragem, 160 a 180 por semana, mais do que o normal, mas nem sempre com um alto nível de exigência. No seu caso, tem sido um longo trabalho ‘em crescendo’ desde a pré-adolescência, uma genética especialmente dotada para desportos de resistência e uma enorme mentalidade e confiança que por vezes se pode confundir com arrogância.