Hugo Gonçalves tem 33 anos e é atleta do Furfor Running Project. Dono de um rico curriculum no mundo do trail, com vários títulos nacionais e triunfos em grandes competições. Já representou a seleção nacional no Mundial da Tailândia.
Hugo Gonçalves tem 33 anos e nasceu em Marco de Canaveses. É agente da PSP e atleta do Furfor Running Project.
Ao contrário do que acontece hoje com muitas crianças onde os jogos de computador são quem mais ordena, Hugo Gonçalves sempre gostou de correr. “Posso dizer que desde pequeno que gosto de correr, cresci numa aldeia onde as brincadeiras passavam maioritariamente por ter de correr, ou era à apanhada ou às escondidas, entre outras. Isso fazia que quem corresse mais, tinha melhores resultados. Na escola, participava nos corta-matos e em 2013, fiz a minha primeira prova”.
Estreia na Meia Maratona de Lisboa
Estreou-se oficialmente no mundo das corridas na Meia Maratona de Lisboa em 2013. “ Foi uma prova especial por ter sido a primeira, não estava habituado aquele tipo de evento mediático e então, fiquei logo com vontade de fazer mais”.
“Com muita disciplina, sacrifício e determinação, conseguimos ter tempo para tudo”
Corredor de longas distâncias
Até julho de 2019, Hugo corria sem treinador, fazia-o quando lhe apetecia. A partir daquela data, passou a ser treinado por André Rodrigues.
Treina seis vezes por semana, descansando habitualmente ao domingo. A quilometragem dos treinos varia conforme a distância e tipo de prova para que se está a preparar, como por exemplo, a altimetria.
É um corredor de longas distâncias, “acho que é onde me sinto melhor e mais competitivo”. Por isso, não faz muitas provas durante o ano. Já a conciliação dos treinos e corridas com a atividade profissional tem de ser bem gerida. “Às vezes, não é nada fácil, não só conciliar com o trabalho mas também com a família. Mas com muita disciplina, sacrifício e determinação, conseguimos ter tempo para tudo”.
“Vamos a zonas do país e do mundo por causa das corridas”
Hoje, nos 101 km do Ultra Trail Mont Blanc
A sua próxima prova internacional é no UTMB, na distância CCC 101 km que tem o seu início precisamente hoje. Com 6.156 m de desnível positivo acumulado e um limite de 26h30m para cortar a meta.
Tem duas provas a merecer a sua preferência. “Cada prova é especial, por exemplo, o UTMB e a Ronda dels Cims foram as duas provas que mais me marcaram. Não estava habituado à montanha nem ao ambiente que se vivia naquelas provas”. Pela negativa, não tem nenhuma prova que diga que não voltava a participar.
“É verdade, gosto muito do Trail, já é uma forma de estar na vida”
Rico curriculum desportivo no Trail
Hugo Gonçalves conta com vários triunfos no seu curriculum desportivo, todos eles, no mundo do trail.
É o atual campeão nacional de Trail Ultra Endurance xl e já representou a seleção nacional no Campeonato do Mundo da Tailândia. “Já participei em algumas das provas mais importantes e tenho conseguido boas prestações”.
As principais vitórias foram obtidas nos Campeonatos Nacionais de Endurance e Endurance xl. Destaca ainda Demo Trail (2021), Ultra Trail São Mamede (2022), Ultra Trail Douro e Paiva 100 milhas (2022) e Sicó (2023).
Mas não se fica por aqui. “Tenho outras vitórias importantes, Lousã, Desafio Picos do Açor, entre outras provas muito competitivas”.
O curriculum não engana a sua paixão pelo trail. “É verdade, gosto muito do trail, já é uma forma de estar na vida. Em relação a correr na estrada, uma grande parte da preparação para o trail passa por treinos na estrada. Já não me lembro qual foi a última prova que fiz no asfalto”.
Mas Hugo já correu a Maratona do Porto por três vezes. “Fui à descoberta, adorei a experiência, mas nunca me preparei para nenhuma”.
“Não penso parar de correr, enquanto corro sinto-me livre”
Ritmos e tipo de terreno, grandes diferenças entre as provas de trail e estrada
Para Hugo Gonçalves, os ritmos e o tipo de terreno são as grandes diferenças que encontra no trail e estrada. “Os atletas de estrada querem sempre melhorar o tempo, em que as variáveis da corrida são mínimas, basicamente só as condições atmosféricas, enquanto os do trail têm a variável das condições atmosféricas e do próprio trilho”.
Momento mais marcante da carreira desportiva
O curriculum de Hugo é grande mas ele não esquece o momento mais marcante da sua carreira desportiva. “Quando fui campeão nacional pela primeira vez, que sabia que me dava acesso à Seleção Nacional de Trail, que era um objetivo que tinha a nível desportivo.”
“Tenho duas filhas e quero que elas tenham hábitos de vida saudáveis e que eu seja um exemplo para elas”
Com a paixão da corrida, Hugo é daqueles atletas que pensa em correr enquanto puder. “Não penso parar de correr, enquanto corro sinto-me livre. Tenho duas filhas e quero que elas tenham hábitos de vida saudáveis e que eu seja um exemplo para elas”.
Correr até sempre
No mundo das corridas, aprecia particularmente o contacto com a natureza em simultâneo com a competição. “Vamos a zonas do país e do mundo por causa das corridas”.
Se não estivesse no atletismo, as modalidades alternativas seriam o ciclismo ou o BTT. Mesmo agora, ele faz treinos complementares na bicicleta.
Futuro sombrio do Trail em Portugal
Hugo encara com pessimismo o futuro do trail em Portugal. “Na minha opinião, o futuro do trail a nível nacional está em causa, os mais novos não têm incentivo para participar em provas, são poucos os jovens a praticar trail e ainda menos os que levam o trail a sério. O futebol está enraizado na nossa cultura”.
E complementa: “Temos que dar mais visibilidade aos atletas e à modalidade no sentido de tentar que seja um desporto aliciante para haver mais participantes e mais apoios”.
Cuidados com a alimentação
Levando a modalidade a sério, Hugo tem os devidos cuidados com a alimentação, sendo acompanhado por um nutricionista especialista em desporto, o Dr. Luís Silva.
Quanto a lesões, foi visitado por uma fascite plantar que o fez parar durante seis meses, no final de 2021 e inicio de 2022.
A terminar, desejamos o maior sucesso na sua prova dos 101 km do UMTB. A meta em Chamonix está à sua espera.