Na passada terça-feira, divulgámos que a corredora Lina Lopes tinha participado na Maratona de Lisboa com o dorsal 5514, tendo passado à meia maratona em 2h14m40s e cortado a meta em 3h12m29s. Tinha ‘corrido’ assim a segunda meia maratona da prova em 57m49s, recorde mundial que superava largamente os 62m52s da etíope Letsenbet Gidey. Dissemos então que era mais uma batoteira a juntar a tantas/os/outras/os que se vanglorizam dos seus ‘feitos’.
Poucas horas depois, fonte que considerámos credível, contatou-nos esclarecendo que Lina Lopes tinha sido “lebre” de serviço e de que competia ao Maratona esclarecer a situação de ela aparecer na classificação final.Mais tarde, alguém quis esclarecer: “Ela apanhou depois o comboio e foi para a zona vip com o chip no sapato, daí a razão de aparecer na classificação final”.Teria sido uma falha dela mas quem já não errou? À atleta em causa, apresentámos então o nosso pedido de desculpas.
O leitor José Ramos, fugindo ao ‘bota abaixo’ de alguns, escreveu então:
“Lebre ou não, a atleta em causa nunca poderia ter entrado na meta com o seu dorsal/chip colocado após se ter deslocado de carro para a meta. Ao entrar na classificação está a roubar um lugar na classificação geral aos milhares de atletas que chegaram depois. Esta situação só é facilmente visível por ser extrema (se não fosse extrema muito provavelmente nunca seria corrigida)… É óbvio que a responsabilidade é sempre do atleta independentemente de ser ou não lebre. Pois tendo o chip colocado sabe perfeitamente que não pode atravessar a meta para não aparecer indevidamente na classificação. Não há aqui nenhuma ciência avançada. Se foi uma ordem específica de um membro da organização, essa pessoa deveria ser identificada e sancionada ou advertida em conformidade com os Regulamentos de Disciplina da FPA.”
A Revista Atletismo foi alvo de muitos ataques no tratamento da notícia. Mas também houve quem não tivesse ficado satisfeito com a justificação apresentada por Lina Lopes e fosse investigar.
O que se apurou é muito simples: Lina Lopes foi efetivamente ‘lebre’ de serviço da maratona e desistiu à meia maratona. Apanhou depois o comboio, saiu no Cais do Sodré e fez o resto da prova. Quando a atleta apresentou o seu alibi, esqueceu-me de um ‘pequeno’ pormenor: as fotografias tiradas e divulgadas no Marathon Photos.
Assim, se procurarmos as fotos do dorsal 5514 em https://marathonphotos.live/Event/Sports%2FCPUK%2F2023%2FLisbon%20Marathon , encontramos 24 fotos de Lina Lopes a correr desde o Cais do Sodré até cortar a meta!
Entretanto, a atleta já não aparece na classificação da prova, tendo sido desclassificada. Mas já tem consigo o certificado de como acabou a maratona. Com os 3h12m29s e no seu escalão, ela tem entrada direta em grandes maratonas internacionais.
E agora que dizer? Quem deu a notícia errada? Quem fez mesmo batota?
Já pedimos à Organização da Maratona que nos esclarecesse a situação de alguém ter consigo um certificado de participação e usá-lo em inscrições noutras maratonas onde são exigidos tempos mínimos por escalão. Quando tivermos a resposta, divulgá-la-emos junto dos leitores.