Dentro dos muros da prisão de San Quentin disputa-se todos os anos em novembro, uma maratona com a participação de vários presidiários.
Tudo começou em 2005, quando perguntaram ao Tamalpa Running Club local se podia ajudar um pequeno grupo de presidiários que corria na prisão. Frank Ruona ofereceu-se para começar a treinar e administrar o grupo. Ele é um veterano que correu 78 maratonas e 38 ultramaratonas.
Foi então criado na prisão, o 1000 Mile Club com o objetivo de que os membros do clube trabalhassem para correr mil milhas na prisão.
O clube tem cerca de 50 membros com idades entre os 20 e 70 anos. Os presidiários elegem os dirigentes do clube, recrutam sócios e registam as milhas dos sócios. Há um grupo de treinadores voluntários, sob a liderança de Frank Ruona, que dirigem os treinos e competições.
Entretanto, foi estreado este ano, o documentário 26.2 To Life, da cineasta de São Francisco Christine Yoo.
O filme documenta a Maratona de San Quentin 2018, com 105 voltas ao pátio da prisão. Por duas vezes, a maratona daquele ano foi adiada,uma vez devido a incêndios florestais na área e outra por mortes havidas na prisão devido a overdoses de drogas. Às vezes, a maratona é interrompida por alarmes. Quando soa um alarme, todos no pátio devem cair no chão. Na primeira vez que soou um alarme na maratona de 2018, os presos ficaram sentados no chão durante sete minutos. Então, a prova recomeçou.
Markelle Taylor, apelidado de ‘The Gazelle’, venceu a maratona. A sentença de Taylor foi comutada no mesmo ano e ele correu a Maratona de Boston de 2019 como corredor de caridade, terminando em 3h03m, recorde pessoal por quase sete minutos.
San Quentin é uma prisão de segurança máxima de nível 4 e muitos dos homens retratados no filme estão a cumprir pena de prisão perpétua por assassinato. Cada um descreve o que levou à sua prisão mas o treinador Frank Ruona diz que não está interessado nos seus crimes. Ele ouvirá se um preso quiser conversar, mas não pergunta o que os trouxe a San Quentin. Ele está lá simplesmente para ajudar e para ser uma testemunha do poder transformador de correr para mudar vidas que às vezes estão sem esperança. “Sinto que sou o guardião do meu irmão”, diz Ruona, citando um versículo do Antigo Testamento sobre Caim e Abel. “Se ele precisar de ajuda, vou tentar ajudá-lo.” Desde que o clube começou em 2005, 45 membros receberam liberdade condicional e nenhum reincidiu.