Rui Cabral tem 68 anos e reside em Amesterdão desde 1968. A sua primeira corrida oficial foi aos 15 anos e nunca mais parou. Já correu 329 maratonas e 33 ultramaratonas e é cliente habitual da Maratona de Nova York desde 1985.
A sua estreia oficial no mundo das corridas deu-se aos 15 anos, numa prova de 5 km. Gostou da experiência e nunca mais parou.
Rui Cabral nasceu em 1955, é natural de Lisboa mas reside em Amesterdão desde 1968. As corridas/treinos fazem parte da sua vida desde os 12 anos mas quando viveu em Portugal, o seu “desporto” era apanhar bolas no Atlético Clube de Portugal.
Só mais tarde, a partir de 1978, é que começou a participar regularmente em provas, quando começou a trabalhar por turnos. Antes, praticava karaté e ténis de mesa.
Na lista mensal publicada por António Belo com os atletas com mais de 50 maratonas/ultramaratonas, Rui Cabral apresenta a marca invejável de 329 maratonas e 33 ultramaratonas. É o segundo português com mais maratonas, apenas atrás de Tiago Dionísio com 571.
Estreou-se nos míticos 42.195 metros em Amesterdão, no ano de 1982. No final da prova, disse “Isto nunca mais”. Pensamento não cumprido porque ainda este mês, vai correr a Maratona do Funchal. É um dos corredores portugueses que conseguiu baixar das três horas, detendo um recorde pessoal de 2h52m.
Vivendo num país do centro da Europa, provas não lhe faltam. “Os países vizinhos têm muitas provas, na Bélgica e Alemanha, se quiseres, todos os fins de semana”.
Quanto às grandes diferenças que Rui Cabral encontra nas provas em Portugal e nos Países Baixos, é claro: “As diferenças estão no preço das inscrições e nas recordações. Passando a meta, acho que em Portugal somos mais bem servidos”.
Na Maratona de Nova York desde 1985
Rui Cabral corre em média 10/15 provas por ano. A Maratona de Nova York é a sua preferida, não falhando a sua presença desde 1985. Já as provas que menos lhe agradam são aquelas disputadas à tarde e à noite.
A sua distância preferida situa-se a partir dos 42 quilómetros. Nas ultramaratonas, a sua maior distância foi 144 km. Ainda não experimentou o trail porque receia que os joelhos não gostem da experiência.
Tarefas voluntárias e corridas depois de reformado
Rui Cabral é sócio do clube Marathon Plus (todos os atletas inscritos adoram Ultras). Treina habitualmente quatro vezes por semana e às vezes, duas vezes no ginásio. Tem treinador às terças e quintas feiras. “À terça, acompanho um clube de atletas com visão limitada e fazemos treinos planeados conforme se está alguma prova designada”.
Agora reformado, mantém a sua paixão pelas corridas. “Agora como estou reformado, o emprego não está à espreita, faço tarefas voluntárias mas tenho tempo para dedicar aos treinos”.
Pensa correr quando puder. “Em princípio, até cair de gatas mas temos que ser realistas porque a idade trava as vontades”.
Momento marcante em Nova York
Sendo habitual participante na Maratona de Nova York, são de lá, os momentos mais marcantes da sua carreira. “Marcou e continua a marcar, é quando estou no Start da Nova York, comove-me bastante”.
No mundo das corridas, aprecia particularmente o desportivismo entre os corredores, “pelo menos nas distâncias longas, ajudamo-nos uns aos outros”.
Vê o futuro do atletismo em Portugal com otimismo: “ Vejo com muita alegria, temos bons atletas com bastante talento”.
Quanto a sugestões para uma melhor organização das provas, dá-nos uma já em prática em muitas provas no nosso país e que passa pela partida por blocos, de acordo com os tempos de cada um.
Não dispensa os exames médicos anuais de rotina e com tantos anos de corrida, já foi visitado algumas vezes pelas lesões, no joelho, anca, etc. Não tem cuidados especiais com a alimentação.
Quanto se cruzou com uma girafa numa maratona no Quénia
Estórias não faltam a Rui Cabral. Conta-nos uma passada no Quénia. “Tinha uma vontade enorme de correr uma maratona na Quénia, também tem que haver quenianos lentos não?”
Vontade cumprida em Lewa, a quatro horas da capital Nairobi, onde existe uma maratona à volta de um safari parque, num percurso de duas voltas.
“Na primeira volta, houve muitas desistências (de quenianos). Começo a minha segunda volta e noto que andava a correr sozinho, ‘ok Rui, continua’. Só que um pouco mais à frente, aparece uma girafa no percurso e agora o que fazer? Parei e pensei: ‘as girafas não fazem mal’. A minha sorte, é que entretanto veio um atleta queniano que me avisou: ‘não te aproximes, espera que ela saia do percurso’. Esperámos e depois quando ‘a menina’ abandonou o percurso, continuámos juntos até ao final. Ainda bem que o Quénia também tem atletas “lentos” se não…..”