Há atletas que se especializaram em correr para trás, mesmo em maratonas. Ainda no mês passado, a norte-americana Ann Marie Pierce bateu o recorde mundial da milha correndo para trás, em 7m24s.
Correr para trás pode parecer ridículo, mas estudos mostram que traz benefícios tanto para o cérebro como para o corpo. Na China as pessoas há muito que têm o hábito de caminhar para trás para melhorarem a sua saúde física e mental. Movimentamo-nos diariamente no plano sagital. O corpo adapta-se, os músculos e as articulações ficam tensos, causando desgaste nas articulações, dores e lesões. Andar para a frente é um movimento dominantes nos isquiotibiais, enquanto que para trás são os quadricípedes, e fazemos extensões dos joelhos.
Eis um artigo de Keeley Milne sobre o tema.
O excêntrico passatempo do século XIX de caminhar e correr para trás (também chamado de “caminhada retro”) ressurgiu nos últimos anos como uma atividade peculiar, mas benéfica para a saúde física e a função cerebral, conforme relatado pela BBC. Pesquisas recentes sobre atletas e pessoas que sofrem de dores nas articulações e artrite, sugerem que retroceder pode não apenas melhorar o desempenho, mas também beneficiar a função cognitiva.
Em 1915, o americano Patrick Harmon andou supostamente para trás 6.276 km, de São Francisco até à cidade de Nova York, para ganhar uma aposta de 20.000 dólares. Harmon usou um pequeno espelho para ajudá-lo a ver para onde estava a ir e afirmou que a jornada de 290 dias deixou os seus tornozelos tão fortes que “seria necessário um golpe de marreta para torcê-los”. Hoje, retroceder não significa ganhar apostas, mas sim obter vantagens únicas para a saúde.
Pesquisas recentes esclarecem as surpreendentes vantagens físicas e cognitivas de andar em sentido inverso. Os fisioterapeutas muitas vezes aproveitam o movimento para trás para aliviar as dores nas costas, problemas nos joelhos e artrite, e estudos sugerem vantagens cognitivas, como memória melhorada, tempo de reação e habilidades de resolução de problemas. Os estudos feitos sugerem que o treino de atletas para trás, foi subvalorizado no passado.
Janet Dufek, especialista em biomecânica da Universidade de Nevada, inestiga a locomoção para trás há mais de 20 anos. Ela conduziu um estudo recente que concluiu que apenas 10 a 15 minutos de caminhada diária durante quatro semanas, aumentaram a flexibilidade dos isquiotibiais em mulheres atletas saudáveis. O movimento para trás também fortalece os músculos cruciais para a estabilidade e flexibilidade da coluna, reduzindo a dor nas costas.
Os exercícios de caminhada retro ganharam popularidade para aumentar a força e, ao mesmo tempo, minimizar o stresse nas articulações dos joelhos. A biomecânica do movimento para trás difere significativamente da mecânica do movimento para frente e minimiza o impacto na articulação do joelho devido a uma amplitude de movimento reduzida. Ao contrário da caminhada para a frente, a caminhada retroativa começa com o contato dos dedos dos pés, envolvendo diferentes músculos, já que o calcanhar nunca pode abaixar totalmente até ao chão.
Além das suas vantagens físicas, o exercício reverso desencadeia atividades neurais distintas. Os investigadores descobriram que a ação de dar um passo para trás aumenta a atividade do córtex pré-frontal, responsável por habilidades cognitivas como tomada de decisões e resolução de problemas. Os participantes que retrocederam, demonstraram em testes cognitivos, tempos de reação mais rápidos, sugerindo um aspeto único de treino cerebral para a caminhada retroativa.
Como começar
É importante ter a segurança em mente ao iniciar a sua rotina de corrida para trás e começar com uma caminhada em vez de uma corrida. Se estiver ao ar livre, opte por uma grande área aberta e livre de obstáculos e peça a um amigo que ande para a frente para servir de apoio.
Se estiver a andar para trás num tapete rolante, comece por segurar os corrimãos e ande em baixa velocidade. À medida que se acostumar a andar para trás, pode aumentar constantemente a configuração da velocidade até estar a correr para trás com segurança e lentamente. Uma sessão de caminhada ou corrida para trás, entre cinco a dez minutos, várias vezes por semana, é suficiente para começar e pode ser facilmente adicionada ao início ou ao final da sua sessão regular de corrida.