Lídia Pereira tem 57 anos e é natural de Nisa. É professora de Educação Física, numa escola no centro de Viseu. Atualmente, é atleta do Grecas-Vagos e corre em média, 33 provas por ano. Aos 22 anos, foi marchadora e fez parte da primeira equipa feminina portuguesa que participou numa Taça do Mundo de Marcha. A maratona é a sua distância preferida e desde os 50 anos, corre sem relógio.
Há quantos anos treina e como apareceu o atletismo na sua vida?
Pratico atletismo há 34 anos. Representei a Casa do Povo de Mangualde, o Boavista Futebol Clube, o Sport Viseu e Benfica, o Grupo Desportivo Ribeirinhos, o Grupo Recreativo da Granja (Castro Daire), o Grupo Recreativo Eirense e atualmente, sou atleta do Grecas-Vagos, desde a época passada.
A minha primeira corrida foi na Igreja Matriz de Nisa, aos três anos. Quando vi a passadeira em direção ao altar, achei que era uma pista de atletismo e desatei a correr no máximo das minhas forças, tendo a minha mãe ficado tão envergonhada, que jurou que tão depressa não me tornava a levar à Igreja.
Vivi em Nisa até aos oito anos e depois, fui viver para Mangualde. Nas brincadeiras de rua, quando jogava “às apanhadas” era quase sempre a última a apanhar. Em 1981, venci o corta-mato da escola Secundária de Mangualde e o meu professor de Educação Física, Dr. Leal, foi convidado a formar uma equipa de Atletismo na Casa do Povo de Mangualde. Integrei essa equipa até aos 22 anos. Durante esse tempo, em que fui atleta da Casa do Povo de Mangualde, ia fazendo todo o tipo de corridas: estrada, corta-mato e algumas provas de pista, sendo a maior parte das vezes campeã distrital de Viseu.
Em 1989, o meu clube precisou de uma atleta para participar na prova de marcha atlética, no Campeonato Nacional de Clubes. Com poucos treinos de marcha, consegui ser terceira no Nacional. Na época 89/90, ingressei na equipa de Atletismo do Boavista Futebol Clube e dediquei-me apenas à marcha atlética nos seis anos seguintes. Fui várias vezes convocada para Estágios da Seleção Nacional e fiz parte da primeira equipa feminina portuguesa que participou numa Taça do Mundo de Marcha.
Aos 28 anos casei e, entretanto, tive uma filha, a Luísa Pereira, que também é atleta, tendo interrompido a prática desportiva por dez anos. Regressei à marcha atlética com 38 anos, pois só conseguia correr cerca de doze minutos, ao fim dos quais ficava com dores nos joelhos e tinha de parar. Com o passar do tempo, ia conseguindo fazer mais tempo de corrida sem dores e, por brincadeira, atrevi-me a participar na Meia Maratona de Ovar. Gostei tanto, que nunca mais falhei esta prova, procurando sempre fazer melhor. Comecei por fazer cerca de 1h43m (2005) nesta prova e cinco anos depois, fiz 1h23m, melhorando vinte minutos.
“Existe um grande problema nas competições, as mulheres são discriminadas a nível de escalões relativamente aos homens”
Treina quantas vezes por semana? Só ou acompanhada?
Atualmente, sou atleta do Grecas, de Vagos e, como resido e trabalho em Viseu, apenas me vou encontrando com os atletas e elementos do clube em algumas provas. Treino quando posso e sempre sozinha. Tento treinar cinco vezes por semana, mas por motivos de trabalho, nem sempre consigo fazer os treinos estipulados, ou fico com os treinos incompletos por falta de tempo.
Tem treinador? Corre com algum plano de treinos?
Sou eu que faço os meus planos de treino, mas sinto falta de um treinador, para me corrigir, incentivar ou simplesmente, ter alguém a quem prestar contas dos treinos realizados.
“Perguntaram-me qual era a minha especialidade no atletismo e eu respondi que não era nenhuma”
Como concilia os treinos e corridas com a sua atividade profissional ?
É preciso haver muita organização e uma boa gestão diária do tempo, para conciliar a atividade profissional, a vida familiar e a prática desportiva. O apoio da família e a vontade de fazer mais e melhor, ajudam a derrubar todos os obstáculos que se nos deparam diariamente. Embora neste momento, sejamos apenas dois em casa, quando tínhamos os três filhos em casa e a estudar, havia que conciliar cinco horários e houve alturas em que fazia o almoço e jantar para os cinco, além de ter que levar os filhos a escolas diferentes ou a atividades em vários locais. Levanto-me a maior parte das vezes por volta das 5 horas da manhã, faça chuva, sol, frio, neve ou gelo. E só me deito quando o trabalho doméstico termina. Se tiver roupa seca para passar, nunca me deito sem realizar essa tarefa.
Costuma fazer exames médicos de rotina?
Faço o exame médico desportivo anual, mas por vezes, outros que a idade vai exigindo. Tenho várias pedras nos rins e anualmente, faço um exame de rotina.
“Não deve haver muitos atletas a conseguirem fazer 23 maratonas e duas ultra-maratonas sem desistências e a ficarem sempre nos dez primeiros lugares da geral”
Quando foi a primeira corrida oficial de estrada? Que achou dela?
A minha primeira corrida de estrada foi em Castro Daire. Nos últimos 100 metros da prova, seguia em segundo lugar, mas a primeira atleta enganou-se e virou para outra rua e fui eu que cortei a meta em primeira. Após a prova, vieram pedir-me para ser ela a vencedora, porque ela costumava ganhar sempre, pelo que, em vez de trazer para casa um secador de cabelo, ganhei um isqueiro de cozinha. Na verdade, a partir desse dia, ganhei sempre a essa atleta. Acho que essa prova e essa situação, só me deram força!
Qual a(s) corrida (s) em que mais gosta de participar?
Gosto muito de fazer a Maratona do Porto, a Meia Maratona de Cortegaça e adorei fazer a Meia Maratona da Primavera, num espaço muito bem decorado e com uma envolvência fantástica! Mas a prova que mais me incentivou à prática de atletismo foi a Meia Maratona de Ovar.
E a(s) que menos gostou de participar?
Existe um grande problema nas competições, as mulheres são discriminadas a nível de escalões relativamente aos homens. É certo que existem mais praticantes masculinos que femininos, mas também não é assim que se incentivam mais mulheres à prática desportiva. Procuro não participar em provas em que essa discriminação aconteça e tenho lutado pela igualdade, assim como muitas outras atletas. Por vezes, existe um ou dois escalões para veteranas e sete escalões para os homens. Em março passado, fiquei em primeiro no escalão F55 na Corrida das 4 Estações, mas se tivesse competido com os homens, teria ficado em segundo. Na Meia Maratona de Guimarães, há poucos anos, fiquei numa boa classificação geral, ganhei a atletas veteranas de escalões inferiores e, por ter mais de 50 anos, não tive direito a nenhum prémio, nem o direito de ser integrada num escalão inferior. Reclamei, mas sem resultado.
Noutra corrida, eu e a minha equipa não gostámos de participar. Contámos para a classificação geral por equipas mas não contámos para receber prémios individuais por sermos veteranas, tendo sido discriminadas pela idade, pelo que não subimos ao pódio para receber o troféu da equipa. Não voltámos a essa competição. Não vou referir qual é essa prova, desejo apenas que tenham corrigido a situação.
“Correr está na moda e têm aparecido imensos veteranos que nunca foram atletas na vida e conseguem bons resultados”
Qual a distância preferida?
A maratona é a minha distância preferida. No ano passado, perguntaram-me qual era a minha especialidade no atletismo e eu respondi que não era nenhuma. Foi num ano em que fui campeã nacional no escalão F55 por sete vezes: em 10 km pista, corta-mato longo, 3 km marcha ao ar livre, maratona, 3 km corrida ao ar livre, 3 km pista coberta e meia-maratona…, a diversidade foi tanta, que fiquei sem saber que dizer e me assumo como não ser especialista em nada!
Já correu maratonas? Se sim, quantas? E como foi a primeira?
Sim, fiz a minha primeira maratona aos 41 anos, em Lisboa. Para mim, correu bem e fiquei em segundo lugar, mas com o tempo de 3h13m. Se tivesse ouvido as críticas de um jornal nacional, por terminar distante da primeira, nunca mais teria participado em nenhuma. Mas segui o meu caminho e melhorei até fazer 2h54m, aos 46 anos, em Sevilha. No total, já completei 24 maratonas e duas ultra-maratonas (Melides/Tróia). Ganhei duas em Badajoz e nunca desisti em nenhuma. A última que fiz foi a do Porto, em 2023. Esta 24ª maratona, foi a primeira vez em que não fiquei nos primeiros dez lugares da geral feminina. Não deve haver muitos atletas a conseguirem fazer 23 maratonas e duas ultra-maratonas sem desistências e a ficarem sempre nos dez primeiros lugares da geral.
“Muitos atletas ‘profissionais’ têm falta de espírito de sacrifício e de sofrimento em competição, o que os leva a desistir à menor dificuldade, ou não sabem perder e desistem se não ganharem”
Gosta mais de correr na estrada, corta-mato ou na pista?
Gosto mais de correr em terra batida. Nunca treino em pista. Apenas ponho os pés na pista durante as competições. Devido a isso, tenho muita dificuldade em saber que sapatilhas calçar nos dias das competições em pista e habitualmente não uso bicos.
Já experimentou o trail? Se sim, o que achou? É para continuar?
A 1 de setembro de 2019, participei no Trail Rota da Laranja em Valadares, São Pedro do Sul, na distância de 25 Km e fui inesperadamente vencedora, com mais de 11 minutos de avanço da segunda. Foi uma prova muito difícil, em que era necessário subir várias vezes com a ajuda de cordas. Acho que as provas de trail passam em locais espetaculares e são fantásticas para quem simplesmente corre por prazer. Já participei em muitas provas de montanha, em que conquistei várias medalhas a nível nacional, nomeadamente na mítica subida da Senhora da Graça, em Mondim de Basto. Mas desde que parti o braço evito fazê-las, porque algumas também passam por locais um pouco perigosos e escorregadios.
“A participação na Taça do Mundo de Marcha foi, sem dúvida, a prova que mais me marcou”
Qual foi o momento da sua carreira desportiva que mais a marcou?
Venci muitas provas que posso considerar vitórias significativas, como a Meia Maratona de Ciudad Rodrigo, a Meia Maratona de Cáceres, a Maratona de Badajoz e muitas provas pelo país fora, mas as três medalhas que conquistei em Campeonatos da Europa de Veteranos, são especiais. A participação na Taça do Mundo de Marcha foi, sem dúvida, a prova que mais me marcou. Nessa altura, era atleta do Boavista FC e treinada pelo professor Mário Paiva, a quem agradeço os bons resultados na marcha atlética.
Até quando pensa correr?
Neste momento, apenas penso no dia-a-dia. Preciso de tempo para realizar outros sonhos e poderei parar em qualquer altura.
“Tem havido muitos e muitos cortes de verbas em relação ao Desporto Escolar que existia há 40 anos. Investir nos jovens atletas é investir no atletismo futuro”
Lesões?
Tenho tido alguns problemas de saúde que vou ultrapassando. Em 2013, tive uma nevrite intercostal que levou cerca de seis meses a passar e parei totalmente de correr. Tive ainda um internamento de uma semana no hospital, em 2009, com uma infeção renal e uma pneumonia em 2019. Mas, neste momento, estou lesionada. Penso que terei de parar por vários meses e não sei se terei força para continuar a ser atleta, atendendo à idade, além de que a recuperação de lesões na idade em que me encontro ser mais demorada e existirem outros sonhos por realizar. Talvez recomece….
Se não estivesse no atletismo, que modalidade gostaria de ter seguido?
Se não praticasse atletismo, provavelmente dedicaria o meu tempo a outras atividades que gosto, como música, bordados ou culinária e não a outras modalidades.
“Existe um ‘atletismo de massas’, no entanto, existe um vazio nos atletas de topo, no meio-fundo e fundo
Que futuro vê para o atletismo em Portugal?
Nos anos 80, os atletas que competiam tinham poucas habilitações literárias, praticamente todos tinham de trabalhar muitas horas para viver e não havia subsídios. Hoje, os atletas são mais apoiados, tendo a possibilidade de estudar, treinar e competir e já se fala em “ser profissional”, o que revela muita evolução. Mas muitos atletas “profissionais” têm falta de espírito de sacrifício e de sofrimento em competição, o que os leva a desistir à menor dificuldade, ou não sabem perder e desistem se não ganharem.
O Desporto Adaptado conquistou um lugar de destaque e o desporto para todos vai sendo realidade no presente e terá futuro. Nunca houve tantos desportistas como atualmente e com bons equipamentos. Correr está na moda e têm aparecido imensos veteranos que nunca foram atletas na vida e conseguem bons resultados, incentivando os mais novos, os familiares e amigos. Existe um “atletismo de massas”, no entanto, existe um vazio nos atletas de topo, no meio-fundo e fundo, onde antigamente conseguiam bons lugares a nível internacional. Os nossos jovens precisam de mais apoios. Por exemplo, o Corta-Mato Nacional Escolar deste ano, apenas teve equipas participantes em juvenis e três atletas individuais por distrito nos escalões mais baixos, tendo havido muitos e muitos cortes de verbas em relação ao Desporto Escolar que existia há 40 anos. Investir nos jovens atletas é investir no atletismo futuro.
“Corro sem relógio nas provas, desde que fiz 50 anos. Vou simplesmente correndo e desafiando o tempo conforme as minhas possibilidades nesse dia”
O que mais aprecia no mundo das corridas?
No mundo das corridas, temos a oportunidade de conviver, de conhecer muitas localidades e de realizar viagens que nos vão permitindo alargar os nossos conhecimentos sobre as pessoas, a vida e o mundo.
Corro sem relógio nas provas, desde que fiz 50 anos. Vou simplesmente correndo e desafiando o tempo conforme as minhas possibilidades nesse dia. Aprecio os atletas que, em competição, param e tiram fotos em locais fantásticos, porque conseguem apreciar mais das paisagens e não estão preocupados com o tempo que fazem nem com o lugar em que vão ficar, simplesmente desfrutam.
Tem algum tipo de cuidado com a alimentação?
Tenho alergias e intolerâncias alimentares a muitos alimentos, o que implica uma grande organização das refeições e na compra de alimentos. Há vários anos que só como pão de centeio puro, feito por mim, não consumo alimentos processados e tenho que ler os rótulos de todas as embalagens. Como gosto muito de cozinhar, faço tudo de acordo com o que posso comer, desde o bolo-rei, a bolachas sem farinha de trigo e sem clara de ovo.
“Vou quase sempre para as competições no dia da prova e sou eu que vou a conduzir, mesmo quando vou fazer uma maratona. Por exemplo, quando faço a maratona do Porto levanto-me às 4h30m, vou a conduzir, corro e regresso a casa. Não é nada fácil!”
Sugestões para uma melhor organização das provas
Uma coisa que me desagrada é aparecerem classificações erradas no sexo feminino, porque alguns homens correm com dorsais em que a inscrição foi feita para uma mulher. Nalgumas provas, já têm o cuidado de colocar cores diferentes nos dorsais masculinos e femininos. Tenho também ouvido a crítica de que, em algumas provas, demoram muito tempo a entregar os prémios aos atletas. Existem provas no nosso país que já são muito bem organizadas e, naquelas em que algo corre mal, têm feito muitas correções e melhorias.
Não gosto nada de beber água por um copo nos abastecimentos. Entendo que é bom para o meio ambiente evitar as garrafas, mas quando bebo pelo copo, a água vai para todo o lado, menos para a boca. Já há o cuidado de colocar contentores ou caixas para as garrafas dos abastecimentos, mas não é em todas as provas.
Projetos futuros na modalidade
R: Gostaria de participar em provas internacionais de veteranos, mas além de exigirem um grande esforço financeiro pessoal, muitas são em alturas em que não posso faltar ao trabalho. Gostaria muito de participar numa grande maratona, como por exemplo na de Valência. Provavelmente estes sonhos ficarão por realizar!
Uma ou duas estórias curiosas acerca das suas corridas? Ao longo dos nossos anos de corridas, há sempre estórias engraçadas para serem contadas
Uma vez, ganhei como prémio um colchão de casal, em Cesar e fiquei triste, porque não podia ficar com ele, pois não cabia dentro da carrinha. O meu treinador, João Amaral, da Casa do Povo de Mangualde, fez questão de o trazermos, preso com cordas, em cima da carrinha e fizemos a viagem de Cesar a Viseu com medo que o colchão caísse.
Outra situação aconteceu na Meia Maratona Douro, em que faltavam cinco minutos para a partida e vi que tinha perdido a chave do carro (a parte metálica), que tinha prendido com um alfinete nos calções. Não sabia onde estaria. Tínhamos ido de comboio, andado a pé e tinha milhares de pessoas atrás de mim, talvez a pisar a chave! Senti que já não ia fazer a prova. Foi um momento de aflição e desilusão. Os atletas que estavam ao meu lado, ficaram ainda mais nervosos do que eu. Pedi aos organizadores para sair pela frente do local de partida procurar a chave e fui até às ervas onde tinha estado na última vez, a cerca de 50 metros. Levei a mão à terra e apalpei, pois as ervas estavam secas e altas e a chave quase não se distinguia. E não é que a chave ficou em pé e a encontrei em menos de um minuto? Consegui regressar a tempo da partida e fiz a corrida depois daquela carga de nervos. Entretanto, uma colega de equipa ofereceu-me um alfinete de segurança, que ainda hoje uso, para prender a chave durante as competições.
Também já tive várias situações de ter de ajudar a empurrar as carrinhas que avariaram na ida para competições.
Mais algum aspeto que ache de interesse divulgar
Vou quase sempre para as competições no dia da prova e sou eu que vou a conduzir, mesmo quando vou fazer uma maratona. Por exemplo, quando faço a maratona do Porto levanto-me às 4h30m, vou a conduzir, corro e regresso a casa. Não é nada fácil!
Quando participei na Maratona de Bilbao, que se realiza à noite, levantei-me às 5 horas da manhã, fiz uma viagem de 7 horas, corri a maratona, fui ao pódio (3º lugar) e regressámos de seguida, mas dessa vez não fui a conduzir.
Já fiz centenas de corridas e só não terminei duas, mas nem sei se é correto dizer que “desisti”. A primeira foi na Pista da Maia, enquanto atleta do Boavista. Como forma de protesto já nem sei de quê, todos os atletas do clube combinaram desistir. Deste modo, numa prova de 3 km marcha, em que seguia em primeiro lugar, com duzentos metros de avanço da segunda, a um metro da meta saí da pista e comecei a correr pela relva fora, não terminando a corrida.
A segunda corrida que não terminei, foi em 2019, na Meia Maratona de Ovar, em que parti um braço apenas uns segundos após a partida, depois de um violento empurrão de um atleta. Precisamente na corrida que mais me incentivou ao regresso ao atletismo como veterana. Essa época foi a mais difícil de toda a minha carreira desportiva, pois ter partido o braço obrigou-me a ficar imóvel, na cama e no sofá, cerca de dois meses e a sete meses de tratamentos de fisioterapia. “Não desistir” é uma das minhas marcas.