A receção de Letsile Tebogo, campeão olímpico dos 200 m, no seu país, Botswana, que juntou 30 mil espetadores num estádio da capital, tem motivado muitos comentários.
Não foi apenas Pedro Pichardo a salientar a receção, perguntando “Será que é impossível acontecer isto em Portugal?”. Agora, foi o norte-americano Noah Lyles, campeão olímpico dos 100 m. Ele criticou o seu país pela receção morna quando os seus atletas olímpicos regressaram a casa, bem diferente de outros países que celebraram os seus campeões.
Lyles ficou dececionado ao ver a forma entusiástica como a multidão recebeu alguns dos seus rivais, como Letsile Tebogo.
Também houve receções semelhantes no Quénia, quando os campeões do país foram recebidos em Eldoret, assim como no Paquistão, onde o seu único medalhado de ouro, Arshad Nadeem, recebeu uma receção de herói, antes de receber diversas recompensas monetárias.
“Ao contrário desses outros países que celebram os seus atletas num palco tão gigantesco. Quando Tebogo ganhou a sua medalha de ouro, ele voltou para um estádio cheio de 30.000 pessoas comemorando”, disse Lyles.
“Quando voltei a casa no meu voo, é claro que algumas pessoas me reconheceram e sou muito grato por isso, mas não havia 30.000 pessoas, não havia nenhum motorista da Melo pronto para me levar a casa, não havia nenhum autocarro à espera.
“Eu tinha a minha mãe e o meu pai e eles estavam prontos para me levar a casa e eu estava pronto para ir para a cama. Temos uma maneira diferente na América de ver os nossos desportos”.
Não é a primeira vez que Lyles critica os Estados Unidos por não celebrarem devidamente os seus campeões. Ele também criticou o seu país por chamar os jogadores da NBA de “campeões mundiais” quando atletas que ganharam medalhas de ouro em eventos globais, deveriam ter recebido o título e também afirmou que os Estados Unidos não são “loucos” por atletismo em comparação com a Europa e outros continentes.
Enfim, medalhados olímpicos e mundiais são uma rotina nos Estados Unidos, ao contrário de outros pequenos países onde é raro terem um atleta medalhado.
Já em Portugal, a judoca Patrícia Sampaio e os ciclistas Iúri Leitão e Rui Oliveira foram alvo de várias homenagens públicas e das populações dos seus locais de nascimento, tal como Pedro Pichardo na Câmara Municipal de Setúbal. Mas quando Liliana Cá ganhou uma medalha de bronze no recente Europeu de Roma, à chegada ao aeroporto de Lisboa, não havia ninguém para a receber! Nem da Federação, da Associação de Atletismo de Lisboa, da Câmara, do Governo ou do seu clube, o Sporting. Apenas lá estavam oito atletas do grupo de treino da Liliana.