O funeral da atleta olímpica ugandesa Rebecca Cheptegei, que morreu no Quénia após ter sido queimada pelo companheiro, será realizado em 14 de setembro no seu país natal.
A atleta de 33 anos, que competiu na maratona dos JO de Paris no mês passado, sucumbiu a queimaduras graves, quatro dias após ter sido regada com gasolina e incendiada na sua casa, no oeste do Quénia.
“A data do sepultamento de Rebecca Cheptegei foi marcada para 14 de setembro, no subcondado de Kongasis, no distrito de Bukwo (leste de Uganda)”, disse Beatrice Ayikoru, secretária-geral do Comité Olímpico de Uganda e membro do Comité Organizador do funeral.
Bukwo é o local onde fica a casa da família de Cheptegei, na fronteira com o Quénia.
A morte de Rebecca Cheptegei foi recebida com grande tristeza e revolta. Os médicos disseram que ela sofreu queimaduras em mais de 80% do seu corpo, após o ataque no domingo da semana passada. A imprensa queniana disse que os filhos de Cheptegei, de nove e 11 anos, testemunharam o ataque.
Muitas homenagens foram feitas à atleta, que foi recordista nacional da maratona e também serviu nas Forças de Defesa do Povo de Uganda, ocupando a patente de sargento.
A morte de Cheptegei destacou a violência doméstica e o feminicídio no Quénia.
“A nossa modalidade perdeu uma atleta talentosa nas circunstâncias mais trágicas e impensáveis”, disse o presidente da World Athletics, Sebastian Coe. “Rebecca era uma corredora incrivelmente versátil que ainda tinha muito a dar nas estradas, montanhas e trilhos de corta-mato.”
Coe disse que estava em discussões com membros do Conselho Diretor da World Athletics “para avaliar como as nossas políticas de proteção podem ser aprimoradas para incluir abusos fora da modalidade e reunir partes interessadas de todas as áreas do atletismo para unir forças e proteger as nossas atletas, da melhor forma possível, de abusos de todos os tipos”.
As Nações Unidas também condenaram o seu “assassinato violento”, com Stephane Dujarric, porta-voz de António Guterres, a dizer: “A violência de género é uma das violações de direitos humanos mais prevalecentes no mundo e deve ser tratada como tal.”
Após a conclusão dos eventos da maratona no domingo, último dia dos Jogos Paralímpicos, foi feita
uma emocionante homenagem em honra de Cheptegei na Esplanade des Invalides, em Paris.
Entretanto, o ex-companheiro de Rebecca Cheptegei acabou também por falecer nesta segunda-feira, vítima de queimaduras quando lhe pegou fogo.