O jornalista Christopher Kelsall fez uma interessante entrevista à atleta neerlandesa Sifan Hassan, a qual divulgamos.
Sifan Hassan é uma cidadã neerlandesa que é originária da Etiópia. Ela compete a um nível de classe mundial em distâncias que variam dos 800 metros até à maratona.
A múltipla campeã olímpica de 31 anos compete pelos Países Baixos desde 2013. Durante este período de tempo, Hassan estabeleceu recordes europeus nos eventos de 1.500 m, 3.000 m, 5.000 m, 10.000 m, meia maratona e maratona. Hassan deteve brevemente o recorde mundial nos 10.000 m. Atualmente, ela ostenta os tempos mais rápidos do mundo na milha e 5 km estrada.
Hassan possui seis medalhas olímpicas, três das quais são de ouro, e seis medalhas em Campeonatos Mundiais, tendo conquistado o ouro por duas vezes.
Recordes pessoais
Distância | Tempo | Ano | Registo |
800 m | 1:56.81 | 2017 | |
1.500 m | 3:51.95 | 2019 | Neerlandês e europeu |
Milha | 4:12.33 | 2019 | Neerlandês e europeu |
3.000 m | 8:18.49 | 2019 | Neerlandês e europeu |
5.000 m | 14:13.42 | 2023 | Neerlandês e europeu |
10.000 m | 29:06.92 | 2021 | Neerlandês e europeu |
Uma hora | 18.930 m | 2020 | Recorde mundial |
Meia Maratona | 01:05:15 | 2018 | Neerlandês e europeu |
Maratona | 2:13.44 | 2023 | Neerlandês e europeu |
A entrevista
Christopher Kelsall: Parabéns por ganhar três medalhas nos JO de Paris. Originalmente, considerou quatro eventos, abandonando no fim, os 1.500 m. Considerando o seu resultado no final da maratona, acha que poderia ter ganho uma medalha nos 1.500 metros se tivesse ido em frente?
Sifan Hassan: Nunca se sabe. Mas estou muito orgulhosa de ser a medalhada de ouro na maratona olímpica e de ter conquistado as medalhas de bronze nas provas de 5.000 e 10.000 m.
CK: Está longe da Etiópia há já mais tempo do que o que viveu lá. Continua a ter algum nível de patriotismo em relação ao seu antigo país e as suas tradições?
SH: A minha família ainda mora na Etiópia. Gosto de passar lá tempo com eles, comer comida tradicional etíope e aproveitar as cerimónias do café.
(A Etiópia é o berço da descoberta do café. A cerimónia do café Habesha é um costume cultural essencial na Etiópia e na Eritreia. A rotina de servir café diariamente, é principalmente para fins sociais com parentes e vizinhos. Servir chá é uma alternativa. Gramíneas soltas no chão e flores amarelas são comumente incorporadas).
CK: Acompanha o que acontece na Etiópia, como a Guerra do Tigré e as supostas relações melhoradas com a Eritreia ao norte?
SH: Estou interessada no que está acontecendo no mundo. Não apenas na Etiópia, mas no mundo todo.
CK: É de conhecimento geral que deixou a Etiópia como refugiada e chegou aos Países Baixos aos 15 anos. Estava com a sua família ou fez a mudança sozinha?
SH: Eu fiz a mudança sozinha.
CK: Tem um alcance incrível, correndo tempos de classe mundial dos 800 m até à maratona. Mas destacou-se imediatamente na maratona. Agora, vai concentrar-se somente naquele evento ou vai continuar a correr os 5.000 m e 10.000 m?
SH: Primeiro, vou descansar agora e depois vou pensar no que quero para o ano que vem.
CK: Diria que 2017 ou talvez 2018, foi o seu ano de destaque? No último, correu os 5.000 m em 14m22s e a meia maratona em 65m15s.
SH: Sim, pode dizer isso. Eu não tenho realmente uma data ou ano específico em mente. Essas corridas foram especiais. Mas sabe, os JO de Tóquio de 2021 foram especiais. Foi muito stressante por causa dos testes de COVID que tivemos de fazer todos os dias. Além disso, a Maratona de Londres 2023. Eu estava com muito medo da maratona (e ainda estou). Eu queria competir com as melhores corredoras mundiais da maratona, então é por isso que decidi competir em Londres. Mas estes Jogos Olímpicos foram especiais, era o meu sonho tornar-me campeã olímpica na maratona.
CK: Tentará juntar-se a Beatrice Chebet na categoria sub-29 minutos nos 10.000 m?
SH: Vou descansar primeiro. Preciso de desafios para me manter motivada, mas ainda não tomei nenhuma decisão. Sabe, um ano olímpico é stressante. O corpo precisa de descansar, mas a mente também precisa de descansar. Depois, quando eu estiver recarregada, farei novos planos.
CK: Tentou o triplo Zatopek em Paris, procurando três ouros nos 5.000 m, 10.000 m e na maratona. Fará novamente essa tentativa em Los Angeles em 2028?
SH: Não tenho a certeza. Primeiro, decidirei no ano que vem.
CK: Está com o treinador Tim Rowberry desde 2019. Como é diferente a abordagem dele da de Alberto Salazar e de outros treinadores que teve nos Países Baixos?
SH: Tim e eu somos curiosos e amamos o desafio de encontrar os nossos caminhos, dentro desses desafios. Nós os dois, queremos encarar esses desafios e gostamos de ver o que é necessário no treino para realizá-los.
CK: Quais são os seus objetivos para os próximos 12 meses?
SH: Primeiro descansar e recarregar. Depois descobriremos.
CK: Fora da sua carreira de corridas de longa distância, tem algum hobby onde ocupa o seu tempo?
SH: Eu adoro fazer caminhadas e tomar café, de preferência com café tradicional e uma cerimónia do café.