Excesso de testosterona beneficia desempenho das atletas, diz estudo
Há dois anos, a IAAF considerou que a indiana Dutee Chand devia submeter-se a um tratamento “corretivo” (terapia de supressão hormonal e às vezes, inclusive, cirurgia genital).
No entanto, o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) sentenciou que não havia provas suficientes que validassem as vantagens das atletas com elevado nível de testosterona.
O TAS considerou que os regulamentos eram discriminatórios e deu um prazo até Julho de 2017 para a IAAF provasse cientificamente que aquelas atletas, designadas ‘híper-andróginas’, eram favorecidas desportivamente por esse facto.
A IAAF encomendou então um estudo acerca das vantagens da testosterona no desempenho dos atletas. Esse estudo foi agora publicado no British Journal of Sports Medicine e concluiu que o excesso de testosterona beneficia em certas disciplinas, o desempenho de atletas.
Segundo o estudo assinado pelos autores Stephane Bermon y Pierre-Ives Garnier, “as mulheres com altos níveis de testosterona têm uma vantagem significativa sobre as que têm baixa testosterona nos 400 m, 400 m barreiras, 800 m, lançamento do martelo e do salto com vara.
O resultado do estudo afetaria também diretamente a sul-africana Cater Semenya, campeã olímpica dos 800 m, que em futura competições, deverá submeter-se a uma terapia corretiva.
A IAAF havia encomendado este estudo que “faz parte de um conjunto de provas” que está a recolher, no sentido de reabrir o processo no Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), que suspendeu em 2015 os regulamentos do organismo para restringir a participação em provas de algumas atletas.
1.332 atletas estudadas em 21 disciplinas
Os investigadores mediram os níveis de testosterona em 1.332 mulheres atletas que competiram em 21 disciplinas nos mundiais de 2011 e 2013.
As que tinham níveis mais altos de testosterona demonstraram vantagens significativas sobre as que tinham níveis mais baixos – em particular nos 400 m (2,7% mais rápido), os 400 m barreiras (2,8% mais rápido), 800 m (1,8% mais rápido); o lançamento do martelo (4,5% mais longe) e salto com vara (2,9% superior).
Até à decisão do TAS, a IAAF havia introduzido regras em que o nível de testosterona estava limitado, pelo que as mulheres com um nível demasiado elevado deviam reduzi-lo até ao limite através de medicação.
No caso específico de Chand, segundo o diário britânico “The Guardian”, a IAAF havia encomendado uma segunda parte da investigação onde se observasse o efeito que tem a testosterona natural nos 100 e 200 metros em velocistas como a indiana, assim como corredoras de média distância e lançadoras.