Em apenas algumas semanas, a disputa pelos direitos de imagem entre Nafissatou Thiam e a Federação Belga de Atletismo atingiu proporções sem precedentes, impactando negativamente a bicampeã mundial, que não pôde defender o seu título em Tóquio. Ela desistiu ao meio-dia de sábado.
A última vez que a belga participou num heptatlo internacional sem ganhar uma medalha foi em 2015. No sábado, após saltar apenas 5,99 m no comprimento, Thiam decidiu desistir. Foi o seu treinador, Michael Van der Plaetsen, quem anunciou tal à imprensa belga ao meio-dia.
“É claro que o meu corpo não está feliz e não quero fazer nenhuma asneira. Se eu terminar, será por princípio”, declarou ela, em lágrimas, após o salto em comprimento, antes de desistir.
Na sexta-feira, após um início razoável no heptatlo (13,61 nos 100 m barreiras, 1,89 m no salto em altura e 14,85 m no lançamento do peso), ela passou do segundo para o oitavo lugar após uma péssima prova nos 200 m, completados em 25,52.
Mas o segundo dia começou da mesma forma, caindo para o 11º lugar. “Não faz sentido continuar”, disse o treinador, citado pela imprensa belga, mostrando-se crítico da Federação Belga. “Paramos aqui. Acho que todos sabem o que está por trás desta decisão. Tentámos protegê-la nas últimas semanas, mas, no final, isso teve um grande impacto nas suas performances. Tenho vergonha de ser belga.”
Uma disputa comercial e de direitos de imagem colocou Nafissatou Thiam contra a Federação Belga em relação ao código de conduta obrigatório que ela se recusou a assinar. Selecionada apesar de não ter assinado, a atleta denunciou dois dias antes da sua entrada na competição, o tratamento que recebeu da federação belga, que esta negou.
Esta foi a primeira vez que a atleta de 31 anos foi forçada a abandonar um heptatlo, o seu primeiro grande fracasso numa carreira com três títulos olímpicos, dois títulos mundiais, seis títulos continentais e um recorde europeu (no pentatlo).