Diabetes – A importância de uma vida saudável na prevenção do AVC
Celebra-se hoje o Dia Mundial da Diabetes. Portugal tem cerca de um milhão de diabéticos e estima-se que 44% dos portugueses tenham diabetes mas em muitos casos, a doença ainda não foi diagnosticada.
Publicamos seguidamente um artigo da Drª Liliana Pereira, membro da Sociedade Portuguesa do AVC.
“No âmbito do Dia Mundial da Diabetes, celebrado anualmente a 14 de novembro, a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral vem desta forma alertar para a importância da diabetes mellitus como fator de risco para o Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Um em cada cinco diabéticos vai morrer de AVC, tornando-o numa das principais causas de morte nestes doentes.
O AVC e a diabetes são duas doenças que têm muito em comum: estão a aumentar na população, afetam os vasos sanguíneos e associam-se a outros importantes fatores de risco vascular, como a hipertensão arterial e a dislipidemia (aumento das gorduras no sangue).
A diabetes é a doença em que o corpo deixa de produzir insulina, ou esta não tem o efeito desejado. A insulina é a hormona que controla a glicemia (os níveis de açúcar no sangue), que passam a estar aumentados.
Comparando com uma pessoa sem diabetes, um diabético tem mais do dobro do risco de sofrer um AVC isquémico, o tipo de AVC em que uma artéria do cérebro fica bloqueada e deixa se fazer a circulação para essa região do cérebro. Isto acontece porque os níveis elevados de açúcar no sangue danificam as artérias, tornando-as mais duras e progressivamente mais estreitas, até entupirem. O risco de AVC também aumenta porque há a tendência para o aumento de peso, que pode levar a aumento da tensão arterial e do colesterol, outros fatores de risco para AVC.
O diabético vai ter um AVC em idade mais jovem, maior probabilidade de sofrer de demência por acumulação de pequenos AVC, e se os níveis de açúcar estiverem altos no momento do AVC, o tamanho da lesão pode ser maior e as consequências do AVC mais graves.
Controlar a glicémia é muito importante, mas não é suficiente para reduzir o risco de AVC, nem para melhorar a sobrevivência após AVC. É fundamental controlar também a tensão arterial, para valores ditos normais, com a redução do consumo de sal e o uso de medicação anti hipertensora, se necessário. E o mesmo se aplica ao controlo do colesterol, com a redução de gorduras da dieta. É possível que mesmo sem ter o colesterol alto o médico receite medicamentos para o reduzir, porque eles também protegem a parede das artérias.
Também as escolhas feitas no dia-a-dia podem ajudar a prevenir um AVC: uma dieta saudável, rica em fruta, legumes, cereais integrais e lacticínios magros; a prática de exercício físico durante mais de 30 minutos o máximo de número de dias por semana, seja andar, correr, ou praticar outro desporto; manter o peso próximo do ideal; não fumar; e evitar o álcool, este aumenta a glicemia e a tensão arterial.
A continuada adoção de medidas estratégicas preventivas permite reduzir a mortalidade por AVC. Só a divulgação e adoção das medidas preventivas poderá diminuir também o número de AVC. Se é diabético, siga os conselhos do seu médico, não seja mais um número para as estatísticas do AVC”.