Depois do pedido de demissão da Direção assinado por vários atletas de elite, na sequência do Nacional de Corta-Mato e das críticas feitas pela Associação de Atletismo de Braga relativas à escolha dos atletas presentes no Europeu de Corta-Mato, temos agora as demissões da Direção, apresentadas por Fernanda Ribeiro e João Ganço, na sequência das escolhas feitas para o Treinador do Centenário na Gala da Federação.
Tanto Fernanda Ribeiro como João Ganço e João Campos abandonaram a Gala. As razões de ambos são descritas em entrevistas dadas a António Simões, do jornal “A Bola” e que reproduzimos na Revista.
Fernanda Ribeiro demitiu-se do seu cargo de vogal porque não podia aceitar que o seu treinador João Campos “fosse humilhado daquela maneira” na votação do Treinador do Centenário, não estando sequer nos quatro nomeados que foram à votação final. E João Ganço que já tinha apresentado o pedido de suspensão do seu cargo de vice-presidente, demitiu-se agora por considerar que na Gala, os treinadores dos campeões olímpicos foram marginalizados.
Nas entrevistas dadas, percebe-se ainda o descontentamento de ambos para com o funcionamento da Direção da Federação, sentindo-se ambos marginalizados como diretores.
Fernanda Ribeiro ao abandonar a Gala ainda falou com o vice-presidente Luís Figueiredo que se justificou com o facto de a votação ser do público. Fernanda desmontou a “desculpa esfarrapada” porque os votos do público via online valiam 25%. Os votos da Direção valiam 50% e da estrutura da Federação, outros 25%.
Sabemos que raramente é pacífica, uma eleição nestas situações mas não se pode aceitar que por exemplo, na votação online, um ex-atleta nos tivesse confidenciado ter votado quatro vezes (!) e não o fez mais vezes porque não quis! Quantos não terão votado vezes sem conta? Apenas incompetência de quem preparou o programa da votação online? Já agora, será pedir muito que a Federação divulgue os resultados da votação no público, na estrutura da Federação e da sua Direção? Ou trata-se de um segredo guardado a sete chaves no cofre?
Fernanda Ribeiro tem razão quando defendeu que a eleição fosse feita por uma comissão de especialistas. Até porque embora se fale apenas das injustiças observada na Gala para com os treinadores, também nos parece muito discutível a votação do Juiz do Centenário. Não compreendemos como o conhecido juiz internacional da marcha, José Dias, não fez pelo menos parte da lista dos quatro nomes finais. José Dias é detentor de um rico curriculum e esteve em Tóquio pela quarta vez em Jogos Olímpicos!
Cem anos numa associação como a Federação Portuguesa de Atletismo não são cem dias. O atletismo é “apenas” a modalidade com mais títulos e medalhas olímpicas, com vários campeões mundiais e europeus. A Gala do Centenário merecia outra comemoração!
A Direção da Federação optou por ignorar o pedido de demissão assinado pelos atletas de elite, escolhendo o silêncio. E agora, depois das demissões e entrevistas dadas pela Fernanda Ribeiro e João Ganço?