A 1ª maratona de João Lima foi em 6 de Dezembro de 2012, em Lisboa na última edição organizada pela Xistarca. Em 5h02m13s, longe do seu atual recorde pessoal que é de 4h41m40s. No total, já concluiu 13 maratonas.
Na sequência do trabalho sobre as maratonas que iniciámos com o depoimento de Fernando Andrade, publicamos hoje o terceiro depoimento, de João Lima, conhecido atleta do pelotão e dono de um dos melhores blogues de atletismo, com o registo mais completo de resultados das provas de estrada e trails.
1 – Idade: 60 anos
2 – Corre há quantos anos? Há 15 anos
3 – Quando começou a correr, pensava algum dia fazer uma maratona? Não, nunca imaginei poder fazer uma Maratona! Nem julgava ser possível realizar uma Meia. Pensava que 10 km seriam o meu limite, o que já seria muito puxado.
4 – Como surgiu a ideia de correr uma maratona? Um ano depois da primeira prova, estreei-me em Meia-Maratona. Uns meses depois, ao ler um livro do Dean Karnazes, comecei a sonhar ser possível lutar por aquela distância da qual sempre acompanhei os grandes eventos e que julgava estar apenas reservada a verdadeiros “ETs”.
5 – Data e local da primeira maratona? A minha estreia em Maratona ocorreu a 9 de Dezembro de 2012, na 27ª e última Maratona de Lisboa organizada pela Xistarca.
6 – Como correu a prova? Um sonho tornado realidade! Estive muito nervoso nos 2 dias anteriores, em especial desde que fui levantar o dorsal. Uns 20 minutos antes do tiro de partida, tive um início de ataque de pânico mas consegui controlar-me. Nos primeiros quilómetros, segui muito tenso mas ao chegar aos 5 km, senti a tensão desvanecer-se braços abaixo e a partir daí foi um período de grande felicidade até aos 30 Km. Depois, e como bem se sabe, começou a verdadeira Maratona. O cansaço era muito mas a vontade e a força mental superiorizavam-se. Tinha passado meses a visualizar o cortar a meta e a felicidade que isso me iria dar e foi sempre com essa imagem na cabeça que segui. Quando avistei a placa dos 41 km, uma amiga estava aos pulos a gritar que faltava apenas 1 km mas a minha reação foi “ainda falta tanto!”, tal o grau de cansaço. Essa fadiga com que tive que lidar, durou até entrar na pista do Estádio 1º de Maio. Aí, mal pisei o tartan, senti uma sensação libertadora dificilmente explicável e corri como se estivesse nas nuvens. Cortei a meta e… bloqueei, o que durou largos minutos, com todos os amigos à minha volta exuberantes e eu, simplesmente não conseguia reagir, fiquei apático. Mas o que aprendi através das 13 que concluí, é que a reação após a meta é imprevisível. Já me sucedeu de tudo, desde o apático na primeira, à euforia noutras, bem como descarregar a emoção em lágrimas. Só cortando a meta se sabe como irá ser a reação nesse dia.
7 – Tempo feito? Estava dentro das expetativas? O meu tempo de chip foi de 5.02.13 Não tinha a mínima noção de quanto iria fazer. A minha preocupação era concluir os 42,195 dando sempre o melhor que tinha a cada momento. Mas, curiosamente, uns dias antes ao perguntarem-me quanto poderia fazer, respondi “sei lá! Talvez entre 5.00 e 5.05”. Bem na mouche!
8 – Continuou a correr maratonas? Se sim, quantas mais completou? Essa primeira foi idealizada como a única. O que desconhecia é que esse bichinho morde-nos e nunca mais nos larga, transformando-se numa paixão muito especial. Já concluí 13 das 14 em que participei (um inesperado problema físico obrigou-me à desistência aos 15,5 km na que teria sido a 2ª). Agora, tinha várias programadas para os próximos anos (nunca mais de duas por ano) mas uma lesão com alguma gravidade no joelho esquerdo, da qual estou na que espero ser a fase final da recuperação, impede-me de tornar à mítica distância, para grande desgosto meu.
9 – Qual a maratona que lhe deixou melhores recordações? As melhores recordações foram em todas as que concluí!!! No entanto, há uma que ultrapassa tudo, Sevilha 2014 (a 2ª que terminei). Não estava em condições por ter sofrido uma infeção pulmonar 5 semanas antes mas quis partir, mesmo sabendo que não ia ter capacidade para a distância, mas ao menos tentava. No entanto, deu-se algum “milagre” (na realidade, uma vontade férrea de cortar a meta) e essa Maratona tornou-se na que defino como a corrida da minha vida, pela incrível superação e felicidade que senti ao longo de todo o percurso. E se essa foi a corrida da minha vida, o último km de Valência 2018 foi o quilómetro mais inesquecível dos milhares já palmilhados pois perdi completamente a cabeça com o inacreditável apoio e ambiente nesses últimos mil metros. Foi uma louca euforia!
10 – Recorde pessoal na maratona? Onde e quando foi? O meu record pessoal é de 4.41.40 registado a 19 de Fevereiro de 2017 em Sevilha (novamente Sevilha!)