Agnes Tirop, que foi encontrada morta na sua casa na cidade de Iten, em 13 de Outubro, terá ameaçado divorciar-se do seu marido, semanas antes da sua morte.
Tirop foi encontrada com facadas no abdómen e pescoço, depois da família do seu marido, Ibrahim Rotich, ter relatado à polícia que ele havia telefonado, chorando e pedindo perdão a Deus por algo que havia feito. Os seus vizinhos disseram que ela estava desesperada para sair da união.
“Ela não parava de reclamar do seu marido ser violento com ela”, disse Stella, uma das vizinhas de Tirop, ao The Daily Beast. “Agnes temia que um dia, o seu marido a matasse, e foi exatamente isso que aconteceu.”
O Daily Beast mudou a pedido, os nomes das fontes que comentaram sobre o casamento e a vida pessoal de Tirop.
Segundo Stella, tanto a atleta como o marido, discutiam frequentemente em casa e os familiares do casal haviam, em algumas ocasiões, entrado à força para tentar resolver as disputas entre os dois.
“Ela disse que deixou Iten mais cedo do que o esperado para o centro de treinos do Quénia, antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio porque o seu marido abusou dela fisicamente”, disse Stella. “Ela voltou relutantemente para Iten (em Outubro) depois de alguns dos seus amigos a terem pressionado a voltar para o seu marido.”
Rotich, marido de Agnes Tirop, que estava fugido logo após a morte da sua esposa, foi preso na cidade de Mombaça em 14 de Outubro, quando tentava fugir do país e deve ser acusado pelo assassinato da sua esposa. Aqueles que moram perto da sua casa em Iten acreditam que ele pode ter assassinado Tirop em 11 de Outubro, dois dias antes do seu corpo ter sido encontrado.
“Eu ouvi gritos do apartamento deles na noite de 11 de Outubro e fiquei preocupada que Agnes Tirop estivesse a ser atacada pelo seu marido”, disse Ruth, outra vizinha da falecida atleta, ao The Daily Beast. “Ela não saiu de casa no dia seguinte e isso fez-me começar a pensar que ela poderia estar em perigo.”
Tirop teria dito aos familiares e amigos próximos que ela enfrentava constantes abusos de Rotich e temia ser morta pelo marido. Foi por essa razão que os seus vizinhos ficaram preocupados quando ninguém a viu ou ouviu falar dela no dia seguinte ao seu confronto com Rotich.
“Todos estavam preocupados com Agnes Tirop”, disse Ruth. “Sabíamos que ela estava num casamento difícil e estávamos sempre preocupados com ela”.
A suspeita de que Tirop pode ter sido assassinada em 11 de Outubro também foi referida por um parente próximo. De acordo com um relatório local, a irmã mais nova de Tirop, Everlyne Chepng’etich, que morava com o casal, também ouviu gritos no quarto principal na mesma noite e ficou preocupada com a sua irmã. Na manhã seguinte, Chepng’etich perguntou a Rotich sobre Tirop e Rotich disse que ela estava bem. Rotich mandou então Chepng’etich ir ao mercado para comprar carne e telefonou-lhe horas depois para dizer-lhe que não voltasse para casa, alegando que ele e Tirop haviam partido para a capital do Quénia, Nairobi. Uma Chepng’etich perturbada informou os seus pais que Tirop estava desaparecida. Os seus pais relataram então o assunto à polícia de Iten.
A família de Tirop acredita agora que a atleta foi morta numa conspiração que pode ter sido planeada durante os JO de Tóquio, depois de ter sido descoberto que a propriedade de várias dos seus bens tinham mudado de nome enquanto ela participava nos Jogos.
“Há um total de 12 parcelas, que, desde então, mudou de propriedade”, citou Jeremias Sawe, porta-voz da família de Tirop. “Acreditamos que a falecida não sabia ou estava sob coação”.
Os familiares de Tirop, que disseram estar “agora convencidos de que ela foi morta por causa da sua riqueza”, também descobriram que “não há documentos para vários veículos comprados pela atleta e, surpreendentemente, outro carro (de Tirop) está registado num dos amigos do suspeito ”, disse Sawe.
Tirop foi enterrada em Iten no dia em que faria 26 anos, num funeral com a presença de mais de mil pessoas, incluindo outros atletas. A sua família arrasada, quer justiça e mal conseguiu reunir forças para falar sobre a sua morte. “Não tenho muito a dizer por hoje: chorei, chorei, todas as minhas lágrimas foram-se”, disse Dinah Tirop, a mãe da atleta falecida.