Nos jogos Olímpicos de Helsínquia de 1952, a final dos 100 metros teve quatro sprinters com o mesmo tempo no placard eletrónico.
A distribuição das medalhas só foi decidida após a revisão no photo finish. Coube ao americano Finis Dean Smith o sabor amargo do quarto lugar, fora do pódio, uma posição que ele ainda contesta, mais de meio século depois.
“Ao longo dos anos, analisei essa corrida e posso dizer que deveria ter ganho a medalha de bronze”, afirma Dean Smith.
A final dos 100m foi disputada numa tarde fria, em 21 de Julho. A prova foi muito equilibrada e todos os seis corredores cortaram a meta juntos. No placard eletrónico, os quatro primeiros ficaram empatados, com o tempo manual de 10,4 s. A decisão foi para o photo finish.
“Fiquei um pouco frustrado, porque demoraram quase uma hora para descobrir quem tinha ganho, como tinha sido o fim da corrida. Foi tão apertado que não sabíamos. Eles não tinham o photo finish como é hoje em dia”, lembra Dean Smith.
Após a revisão, a classificação final ficou assim: ouro para Lindy Remigino (EUA), prata para Herb McKenley (Jamaica), bronze para McDonald Bailey (Grã-Bretanha) e quarto lugar para Dean Smith.
Uma nova análise, feita já nos anos 2000, usando a moderna tecnologia de cronometragem sobre as imagens da prova, confirmou o resultado. Os tempos, no entanto, seriam outros: Remigino teria feito 10,77; McKenley, 10,79; Bailey, 10,83; e Dean Smith, 10,84.
“Portanto, Dean Smith foi corretamente colocado na quarta posição e não merece a medalha de bronze por esta corrida”, disse a espanhola Gemma Castaño, juiz da World Athletics.
Dean Smith acabaria por conquistar depois o ouro olímpico na estafeta dos 4×100 m. E, após o fim da carreira desportiva, tornou-se um duplo de filmes de ação, tendo atuado em mais de 60 filmes, sendo dez deles de John Wayne, uma dos atores mais famosos de Hollywood.