André Barbosa é atleta do Leixões SC e tem apenas 15 anos. Treinado por Paulo Catarino, é uma das grandes esperanças do atletismo nacional. Já apurado nos 3.000 m para o Europeu sub-18 em 2022, quer chegar lá e ir ao pódio.
Este mês, temos um “Atleta do Pelotão” diferente do habitual. Em vez de um atleta experimentado na estrada ou no trail, temos um jovem de 15 anos que se tem destacado na pista. Com resultados muito apreciáveis para a sua idade, André Barbosa é uma esperança do atletismo nacional que fazemos votos, se confirme no futuro. Como seria bonito voltar a entrevistá-lo daqui a uns anos, então já como uma certeza do atletismo nacional!
André Barbosa nasceu em Matosinhos e é estudante, frequentando o 10º ano. O atletismo apareceu-lhe na sua vida há três anos quando um amigo o convidou a ir treinar no clube local, o GDRJR (Ribeiras).
Atualmente, representa o Leixões Sport Club, treinando todos os dias sob a direção de Paulo Catarino, ex-atleta olímpico. “Os treinos nunca interferem com o horário escolar nem o horário escolar interfere com os treinos, portanto consigo conciliar as duas coisas muito bem”.
“Gosto de fazer poucas provas mas bem feitas”
A sua estreia oficial numa prova verificou-se em 2018, quando correu os 2.000 m da Viltalis Kids, tendo sido 11º. “Nessa mesma prova, conheci um dos meus colegas de treino pois fomos os dois sempre ‘picados,’ do início ao fim”.
Os 3.000 m são por agora, a sua distância favorita, distância limite devido à sua idade. Não costuma participar em muitas provas durante a época, “pois gosto de fazer poucas mas bem feitas”.
Tem como recordes pessoais, 4.00,35 aos 1.500 m e 8.28,47 aos 3.000 m, que é a melhor marca sub-18 nacional do ano.
“Espero durar muitos anos mesmo porque o atletismo é uma grande paixão para mim”
Momento marcante nos mínimos para o Campeonato da Europa
André já teve direito ao momento mais marcante da sua curta carreira. Foi quando fez os mínimos nos 3.000 metros para o Campeonato da Europa sub-18. “Ninguém estava a espera que eu fizesse este tempo naquele dia (8.28,47), pois as condições supostamente não eram as melhores. Quando acabei a prova, a primeira coisa que fiz, foi ir ter com o meu treinador e abraçá-lo enquanto chorava, esse foi o meu momento mais marcante”.
“Para sermos muito bons, temos de sofrer e lutar por isso”
Não ao fast food
Jovem como é, André pensa correr “até as minhas pernas não darem mais, mas espero durar muitos anos mesmo, porque o atletismo é uma grande paixão para mim”.
As lesões só o visitaram por uma vez no ano passado, mas de forma ligeira. Tem os devidos cuidados com a alimentação, principalmente durante as competições. “Prefiro comer comida caseira do que fast food e coisas desse género”.
Sendo um jovem de 15 anos, o desporto faz parte da sua vida ativa diária. E se André não tivesse escolhido o atletismo, qual seria a modalidade eleita? Uma modalidade bem diferente da que pratica agora, o kickboxing. “Mas não me vejo noutra modalidade senão o atletismo”.
“Gosto de sofrer, porque quando se gosta do que se faz, torna-se num sofrimento bom”
Modalidade com futuro risonho
André vê um futuro muito risonho para a modalidade. Na sua opinião, “cada vez mais, o atletismo está a ser valorizado e cada vez mais, estão a aparecer muito bons atletas cá em Portugal, mas só o futuro nos dirá”.
No Europeu de sub-18 em Jerusalém
André vai estar presente no próximo Europeu de sub-18 que se disputa em 2022, em Jerusalém. Mas a sua ambição não se resume a estar lá presente. Ambicioso, o seu grande objetivo passar por subir ao pódio. “Veremos como correm os treinos e as provas até lá”.
André quer vir a ser um grande atleta e já aprendeu que para chegar lá, tem de sofrer. “O que eu mais aprecio no mundo do atletismo, é que para sermos muito bons, temos de sofrer e lutar por isso. Por vezes, costumam chamar-me de masoquista por dizer que gosto de sofrer, porque quando se gosta do que se faz, torna-se num sofrimento bom.
“Consegui assim comprovar que nada é impossível, o que se torna muito gratificante para mim”
Quando acompanhou o ritmo dos seniores numa prova de 3.000 m
Quanto a estórias e apesar da sua juventude, André já tem algumas para nos contar. Uma passou-se na prova de 3.000 m onde terminou em 8.28,47. “As duas primeiras voltas começaram muito lentas, com um tempo final estimado de 8m36s. Mas depois dessas duas voltas, a prova começa a andar muito mais rápido para tentar recuperar o tempo perdido. A prova ia tão rápida que muita gente disse que eu não iria conseguir aguentar com os da frente (eramos um pelotão de 4 pessoas na frente), mas lá fui eu com muita garra, fizemos uma passagem de 4m17s aos 1500 m, pelo que agora, íamos para o tempo final estimado de 8m34s. Mas a prova não parava de acelerar o ritmo em que acabei com o tempo de 8m28s, o que dá sensivelmente 4m11s na segunda metade, conseguindo assim chegar com os meus adversários que são de idades mais avançadas (juniores e seniores) e deixando muita gente de boca aberta. Consegui assim comprovar que nada é impossível, o que se torna muito gratificante para mim”.
Aposta perdida com treinador fá-lo correr com um top feminino
Esta estória passou-se no ano passado com o seu treinador Paulo Catarino. “Ele decidiu recomeçar a correr para emagrecer um pouco. Então, decidi fazer uma aposta com ele, que consistia em ele fazer 1.000 m num dia qualquer daquela semana. Se ele fizesse acima de 3m51s, ele iria ter de me pagar o jantar, caso ele fizesse abaixo desse tempo, eu iria ter de usar um top desportivo feminino numa prova. Então nesse mesmo dia, ele fez os 1.000 m no excelente tempo de 3m21s (para quem já não treinava há uns bons anos). Basicamente, eu acabei por perder a aposta, que ainda não a cumpri. Mas esta época, ainda vou correr uma prova, que ainda vou definir qual é, de top”.
Agradecimento final a quem o tem apoiado
A terminar André quis deixar uma palavra de agradecimento a quem o tem apoiado. “Por fim, tenho a dizer que o atletismo é, não só uma atividade muito prazerosa, mas sofredora ao mesmo tempo. Graças a ela, conheci novas pessoas e fiz muitos amigos, tais como os meus dois colegas de treino Duarte Monteiro e Jorge Silva, e o meu treinador Paulo Catarino, que sempre que necessito, me ajuda em tudo, tal como os meus pais e a minha irmã. Para acabar, também conheci uma pessoa muito especial para mim que agora é a minha namorada e que me apoia em tudo. Só tenho a agradecer a todas estas pessoas por me motivarem, pois com motivação, vamos mais longe”.
Como disse o poeta António Gedeão, “o sonho comanda a vida”. André Barbosa está na idade de todos os sonhos. Que eles se transformem em realidade, são os nossos votos.