António Silva tem 50 anos e corre há 33 anos, agora em representação do Nascidos para Correr. A sua distância preferida passa pela meia maratona onde detém um recorde pessoal de 1h08m.
António Silva tem 50 anos e é natural de Santo Tirso. Chefe de turno numa empresa têxtil, começou a correr aos 17 anos de idade. Treina em média 120 km por semana e participa em cerca de 35 provas por ano. Tem recordes pessoais muito agradáveis para um atleta amador, à maratona e meia maratona. Até onde poderia ter ido se tivesse tido um bom acompanhamento desde o início?
Há quantos anos treina e como apareceu o atletismo na sua vida?
Comecei a participar em corridas por influência de um colega de trabalho. A minha primeira corrida foi a Meia Maratona de Santo Tirso, no dia 1 de Maio de 1988, tinha eu 17 anos. Ou seja, tenho 33 anos de atletismo.
Está inscrito nalgum clube?
Atualmente, represento o Nascidos Para Correr. Já representei o CCR de Moreira de Cónegos, AC de Moreira de Cónegos, CCD de Santiago de Candoso, CCD da Coelima, CA Foz do Douro, CP de Fermentões, Liberdade FC, UD da Várzea, AM de Vermoim, CDS Salvador do Campo.
Treina quantas vezes por semana?
Normalmente, treino todos os dias. Em semana de competição, descanso um dia, faço em média 120 km por semana.
Tem treinador? Costuma ter algum plano de treinos?
Atualmente sou eu que faço o planeamento dos meus treinos, tenho o curso de treinador.
Como concilia os treinos e corridas com a sua atividade profissional?
Nunca tive problemas em conciliar a parte desportiva com a profissional, mesmo quando trabalhava em turnos rotativos, fui sempre muito organizado. Já conciliar a parte desportiva com a familiar, foi mais complicado…
“A nível de organização, o trail está atrás da estrada”
Onde gosta mais de correr, estrada, corta-mato ou trail?
Prefiro o corta-mato. Devia ter apostado mais na velocidade quando era mais novo. E quando estive no CA Foz do Douro, gostaria de ter corrido uma prova de 100 km.
Quantas corridas faz em média por ano?
Em média, faço 35 corridas.
Qual a corrida em que mais gosta de participar?
Meia Maratona do Douro Vinhateiro. Gosto da região em si, da Régua. E depois, tenho lá a família toda a apoiar-me.
E a que menos gostou de participar?
Taça Ibérica de Trail em Cerveira. Não gostei da organização da prova, foi frustrante.
Qual a distância preferida?
Meia Maratona
Já correu maratonas? Se sim, quantas? E como foi a primeira?
Já fiz seis maratonas, a primeira foi a Maratona dos Descobrimentos em Lisboa, no ano de 1995. A última foi a Maratona da Europa em Aveiro.
Na dos Descobrimentos, a experiência foi muito má. Cheguei à prova já cansado, treinei muito mas mal, cheguei a fazer dois treinos de 30 km por semana. Depois na prova, quis ir com a primeira mulher, andei muito tempo com ela. Mas fiz os últimos dois quilómetros a passo.
Recordes pessoais à meia maratona e meia maratona?
Na meia maratona, tenho 1h08m, feito na Nazaré. Na maratona, tenho um recorde pessoal de 2h34m, conseguido no Porto em 2016.
Se participa em trails, qual a grande diferença relativamente às provas de estrada?
De um modo geral, a malta da estrada é mais competitiva, correm para os recordes pessoais. No trail, correm mais na desportiva. A nível de organização, o trail está atrás da estrada.
“O atletismo em termos de qualidade, vai continuar a baixar, teremos um ou outro atleta de nível internacional e pouco mais”
Qual foi o momento da carreira desportiva que mais o marcou?
Ter sido convidado para representar o Nascidos Para Correr, numa altura em que muitos já me tinham dado como acabado para o atletismo.
Até quando pensa correr?
Gostaria de manter-me competitivo durante mais duas épocas. Depois, continuarei a correr mas conjugando mais a parte turística com a familiar. Gostava de correr as maratonas de Paris e Londres.
Costuma fazer exames médicos de rotina?
Sim.
Lesões?
Felizmente nos últimos anos, não tenho sofrido grandes lesões, tenho algum cuidado na prevenção, alternado treinos fortes com moderados, reforço muscular, flexibilidade e acima de tudo, sempre que posso, alternar o tipo de piso.
Tem algum tipo de cuidado com a alimentação?
Não. Sei que devia ter e noto isso especialmente nas competições. Não altero nada na minha alimentação diária, mesmo no dia anterior à competição.
Se não estivesse no atletismo, que modalidade gostaria de ter seguido?
Ciclismo sem qualquer dúvida.
Que futuro vê para o atletismo em Portugal?
Em termos de quantidade de corredores de pelotão, creio que o número vai continuar a aumentar e daí, mais atletas federados; em termos de qualidade, vai continuar a baixar, teremos um ou outro atleta de nível internacional e pouco mais. Pessoalmente, não gosto do trabalho da atual FPA.
“Gostava que as organizações criassem mecanismos para acabar com os batoteiros”
O que mais aprecia no mundo das corridas?
O convívio com pessoas de todas as idades que nutrem a mesma paixão…a corrida.
Sugestões para uma melhor organização das provas
As grandes provas de um modo geral estão bem organizadas. Mas acima de tudo, gostava que as organizações criassem mecanismos para acabar com os batoteiros.
Projetos futuros na modalidade
Participar num Europeu ou Mundial master.
Como tem sido este último ano de pandemia? Treinou mais ou menos que o habitual? Tem participado em corridas virtuais?
Tem sido um ano difícil, sem objectivo treina-se menos, a última corrida que realizei foi a Petrus Run em Pedroso, no dia 8 de Março do ano passado. Como não gosto das corridas virtuais, faço um ou outro treino com ritmo mais forte.
Uma ou duas estórias curiosas acerca das suas corridas?
Pois há sempre coisas engraçadas que nunca esqueceremos. Decorria o ano de 1995 quando se realizou uma corrida de atletismo em Rebordões, freguesia do concelho de Santo Tirso de onde sou natural e residente. Curiosamente, eu trabalhava numa empresa dessa localidade, pelo que seria natural ter colegas de trabalho a enviar as tradicionais “bocas”…Num determinado ponto do percurso, fazíamos vai e vem, onde passávamos junto de um café…então surge alguém a dizer “bebe uma cerveja que corres mais” na qual eu respondi: “só se for com Martini”. No regresso, lá estava o artista com o copo na mão, parei, bebi, cumprimentei a malta e dei gás até à meta, sempre a ultrapassar malta, creio que cheguei em 5º da geral, se tivesse um pouco mais, ganhava a prova…