Morador nos Estados Unidos, Paulo Santos viveu dias difíceis em 2020, quando ficou em coma e deixou o hospital apoiado num andarilho.
Um ano depois de ter estado entre a vida e a morte por ter sido gravemente infetado com o Covid-19, Paulo Santos decidiu virar a página da melhor maneira. Morador em Manalapan Township, no estado de Nova Jersey, o corretor imobiliário de 40 anos aproveitou a data do aniversário da sua alta hospitalar – para disputar uma prova individual pelas ruas da sua cidade.
O percurso escolhido não poderia ter sido emblemático. Filmado pela mulher Christine Santos, Paulo percorreu todos os 32 km que separam os dois hospitais onde ficou internado: o Sistema de Saúde CentraState de Freehold Township e o Centro Médico da Universidade Jersey Shore de Neptune, para onde foi transferido, numa tentativa desesperada em salvá-lo. Durante o internamento, Paulo esteve entubado durante duas semanas. Ele chegou a ficar em coma e acordou no dia 7 de Abril do ano passado. Quando deixou o hospital, o corretor imobiliário estava tão fraco, que precisou de um andarilho para caminhar até ao carro. Ele perdeu 20 kg nos quase dois meses que passou nos hospitais.
– “Eu não conseguia ficar de pé por mais de 30 segundos sem que as minhas pernas entrassem em colapso de fraqueza”, lembrou Paulo.
Pai de dois filhos, Paulo teve os primeiros sintomas de Covid-19 em 17 de Março de 2020. Dias antes, ele havia participado num evento de networking paralelo a um jogo de basquetebol universitário com 16 mil espetadores.
De seguida, ele viajou para Washington e regressou de comboio. Em 23 de Março, quando a pandemia encheu os hospitais de Nova Jersey, Paulo Santos parou de respirar e foi colocado na ventilação mecânica. Entubado, ele só acordou no dia 7, curiosamente, no dia do seu 39º aniversário.
Alta hospitalar motivou regresso às corridas
Adepto desde jovem das provas de estrada, Paulo Santos chegou a completar a Maratona de Nova York em 2006. No entanto, com o passar dos anos, as dores no joelho foram aumentando e ele decidiu parar de correr.
Após a sua alta hospitalar, o corretor imobiliário decidiu voltar às corridas. O reinício foi naturalmente difícil, com direito a palpitações no coração em Setembro do ano passado. Mesmo com o problema, ele continuou a correr. As distâncias, antes limitadas a 3 km, foram aumentando com o passar dos treinos.
Foi então que surgiu a vontade de percorrer 32 km, a distância que medeia entre os dois hospitais onde esteve internado. A ideia era passar ao mundo o facto de que a sua recuperação é uma realidade, deixando para trás a imagem de sobrevivente da pandemia.
– “Cada vez que alguém dizia que eu era um sobrevivente e estava a recuperar, era uma desculpa para não me esforçar mais. Eu não queria mais ser essa pessoa. Eu odiava ser essa pessoa”, comentou.
Após a corrida deste último sábado, o corretor imobiliário espera que a sua história inspire muita gente. “É hora de sermos prósperos, não sobreviventes. Isto é o que nossos médicos e enfermeiras prefeririam”, concluiu.