Hoje, tem uma vida normal
Foi no dia 24 de Setembro de 2006, no Estádio Ícaro de Castro Melo, em São Paulo, que Lia Mara Lourenço, árbitra de atletismo, teve um pé atravessado pelo dardo. O objeto pesa entre 400 e 800 gramas.
A imagem correu o mundo na época. Naquele dia, Lia Mara recolhia dardos arremessados quando um atleta fez o seu lançamento. Sem perceber, Lia entrou na trajetória e acabou tendo o seu pé atravessado.
No início, a árbitra ficou paralisada. Depois, caiu no chão. Foi atendida e hospitalizada. O chefe da arbitragem da competição, Ricieri Dezem isentou a organização. Quatro dias depois, Lia Mara recebeu alta.
A gravidade da cena, entretanto, não interrompeu a carreira de Lia Mara como árbitra. Bancária aposentada, ela – que jamais competiu – diz que caiu “de paraquedas” no mundo do atletismo.
“O meu irmão ainda arbitra. Eu estava passando uma fase difícil, estava precisando de um complemento do salário. Não me acho burra. Estudei, fui ficando e fiquei esse tempo todo”, explica ela – no caso, “mais de dez anos” de carreira.
Até que veio o Troféu Brasil de 2006 e o dardo no pé esquerdo. O susto foi grande, mas o incidente praticamente não deixou sequelas – apenas uma cicatriz.
“O dardo transpassou o pé de um lado ao outro. Para andar, não tenho dificuldade nenhuma. Só um pouco para usar saltos, na curva do pé”, diz ela.
Passado o período de hospitalização, Lia Mara recebeu o auxílio da Confederação Brasileira de Atletismo para as posteriores sessões de fisioterapia. Apesar da gravidade do acidente, não pensou tentar uma indemnização na Justiça. “Eu teria que levar testemunhas. Acho que ninguém iria”.
No ano seguinte ao acidente, Lia Mara foi chamada para trabalhar como árbitra nos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro. Recuperada, comemorou.
Passado o Pan de 2007 no Rio, Lia Mara retirava-se pouco tempo depois. Ainda hoje, mora em São Paulo e leva uma “vida normal”, segundo ela – apenas com a cicatriz e o incómodo no pé esquerdo quando usa sapatos de salto alto.