Queda da Jamaica, favoritos derrotados
Mais do que grandes performances, o Mundial de Londres foi palco de muitas surpresas. Nem as previsões mais ousadas poderiam prever a queda abissal da Jamaica no quadro de medalhas, azarões ressurgindo das cinzas ou surpresas desbancando favoritos em algumas provas.
Eis alguns desses episódios que deixaram atletas, público e jornalistas desiludidos no Estádio Olímpico.
Adeus, Jamaica!
O Mundial da despedida de Usain Bolt também marcou o fim de uma era do domínio jamaicano nas provas de velocidade. Se em Pequim o país conquistou sete ouros em provas individuais de velocidade, barreiras e estafetas, desta vez apenas Omar McLeod fez valer o favoritismo nos 110 m barreiras. As maiores decepções foram Bolt, que se despediu com um bronze, e Elaine Thompson, que saiu de mãos a abanar. A Jamaica caiu da 2ª para a 16ª posição no quadro das medalhas. Os EUA voltaram ao topo.
Favoritismo pesou demais no peso
Dono de cinco dos sete melhores lançamentos do mundo no ano, o atual campeão olímpico da prova, Ryan Crouser, ficou apenas em sexto lugar em Londres. Teve como melhor marca 21,20 m, longe dos 22,65 m que alcançou em junho.
Chinês quase vai ao pódio no salto com vara
O salto com vara masculino é uma prova tradicionalmente muito disputada, com pelo menos cinco atletas alternando nos pódios dos principais eventos. Mas uma surpresa chinesa quase deixou os favoritos sem medalha. Changrui Xue, apenas o 22º colocado no ranking mundial até então, foi perfeito até 5,82 m, agora novo recorde nacional do seu país. Com a fasquia colocada sete centímetros acima, o atleta de 26 anos não conseguiu evoluir e viu Sam Kendricks, Piotrs Lisek e Renaud Lavillenie levarem as medalhas.
Genzebe Dibaba vai do primeiro ao último lugar
Campeã mundial dos 1.500 m em Pequim, Genzebe Dibaba não esperava vida fácil em Londres. Nos Jogos Olímpícos do Rio, a etíope tinha ficado atrás de Faith Kipyegon. A queniana era a principal ameaça e acabou por vencer na capital britânica, mas a grande surpresa foi a posição final de Dibaba. A recordista mundial da distância terminou no 12º e último lugar, mais de quatro segundos depois da campeã.
Dobradinha americana nos obstáculos
Prova tradicionalmente dominada por quenianas (e russas, antes de serem apanhadas no escândalo antidoping), os 3.000 m obstáculos contaram com uma surpreendente dobradinha americana com Emma Coburn e Courtney Frerichs, com direito a recorde do campeonato da primeira (9.02,58). A queniana Beatrice Chepkoech liderava a prova, mas falhou quando passou pela vala de água e teve que voltar atrás, perdendo preciosos segundos e a dianteira. Ela ainda terminaria na quarta colocação, mas bem atrás da compatriota Hyvin Jepkemoi, que levou o bronze.
Sally Pearson nos 110 m barreiras
Campeã olímpica em Londres 2012, Sally Pearson voltou ao Estádio Olímpico. Derrubou três das quatro primeiras barreiras mas venceu com 12,59. A favorita, a recordista mundial Kendra Harrison ficou fora do pódio.