A Associação Jorge Pina foi fundada em 2011 e tem a sua sede em Lisboa. Com cerca de 700 sócios, tem em Jorge Pina o seu presidente com uma obra de inegável valor social e desportivo a merecer mais apoios. A Secção de Atletismo tem 123 atletas, dos quais, alguns são campeões paralímpicos.
Jorge Pina, filho de cabo-verdianos e nascido em Portimão, foi um dos melhores pugilistas nacionais, tendo-se sagrado várias vezes campeão nacional.
Em 2004 e com 28 anos de idade, quando num treino se preparava para disputar o título de campeão mundial, ficou cego do olho esquerdo, e com 90% de cegueira no olho direito.
Jorge Pina presente em três Jogos Paralímpicos
Passou a correr e esteve presente nos Jogos Paralímpicos de Pequim em 2008, de Londres em 2012, e ainda do Rio de Janeiro em 2016.
Em 2011, Jorge Pina fundou a Associação com o seu nome, com atividades na área do atletismo e do boxe. “Criei a Escola de Atletismo Adaptado, acessível a quem quisesse praticá-lo. Aqui, promovemos o desporto como valor de igualdade”.
“Os sócios têm a opção de escolher, quem pode pagar, paga. Quem não pode, não paga, aceitamos todos”
Sede do tamanho do sonho de Jorge Pina
Já depois de ter formado a Associação e com o objetivo de arranjar uma sede condigna, Jorge Pina teve a ideia de correr desde Caminha a Sagres , cerca de 700 quilómetros em dez dias. Na apresentação do evento, esteve presente Sónia Paixão, diretora do desporto da Câmara Municipal de Lisboa. “Contei-lhe a história, que queria trabalhar com os jovens. Encontrámos o espaço. Então, diziam-me que era grande demais. Eu respondia-lhes: ‘É o tamanho do meu sonho’. Fui para a frente com o espaço. A Câmara de Lisboa comparticipou com 60% das obras. Contatei as empresas que me apoiaram com os outros 40%. É um espaço magnífico num bairro social”.
“Mais do que trabalhar para serem grandes atletas, queremos que sejam bons cidadãos, que tentem ser boas pessoas”
Sede com espaço para a prática de várias modalidades
A Associação Jorge Pina tem neste momento, cerca de 700 sócios. As quotas têm o valor de dois euros mensais mas nem todos pagam. “Os sócios têm a opção de escolher, quem pode pagar, paga. Quem não pode, não paga, aceitamos todos”.
A Associação tem várias Secções em funcionamento, o atletismo, boxe, goalball (praticado por atletas com deficiência visual), várias modalidades de ginásio e luta greco-romana. No futuro, conta ter ainda o ciclismo adaptado.
Jorge Pina tem também vários projetos em funcionamento com a Câmara de Lisboa, para pessoas com mais de 55 anos, pessoas com deficiência, que podem ali fazer desporto duas vezes por semana de forma gratuita.
Conta ainda com cerca de 200 crianças do Bairro da Bela Vista e da Escola de Marvila que têm uma sala de estudo para quando saem da escola e podem depois, fazer uma atividade desportiva à sua escolha.
“A prática da cidadania, inclusão social e combate à discriminação são valores presentes na base de todas as nossas atividades, sejam elas de cariz desportivo, artístico e/ou cultural”.
Associação Jorge Pina
Concelho: Lisboa
Ano fundação: 2011
Presidente: Jorge Pina
Sócios:700
Atletas: 123
Técnicos: 5
Orçamento: 150 mil euros
Destaque nos paralímpicos
Américo Brito e Ermelinda Brito são os responsáveis da Secção de Atletismo que conta com cinco treinadores para 123 atletas que participam em todo o tipo de provas, desde a pista à estrada e corta-mato.
A Associação tem participado em Campeonatos Regionais e Nacionais. Merecem uma referência especial, Mamudo Baldé (5º na final dos 100 m T54 dos Jogos Paralímpicos de Paris), Rafael Neto, Paulo Benevente (Campeão europeu da meia maratona para Atletas com Deficiência Inteletual), Isabela Santos (Campeã mundial de 800 m em Síndrome de Down) e Abulai Dabó (Integra o Programa de Esperanças Paralímpicas).
Objetivos nobres na formação de atletas/cidadãos
Para Jorge Pina, “Mais do que trabalhar para serem grandes atletas, queremos que sejam bons cidadãos, que tentem ser boas pessoas. O nosso primeiro objetivo é formar e educar”.
Os objetivos são sempre definidos em prol dos atletas. “Tentar dar-lhes as condições para atingirem os seus objetivos. A maior parte do trabalho tem de ser deles. Estamos aqui para os guiar, para os inspirar. Nós damos-lhes os instrumentos”.
“Promovemos valores como a cidadania ativa, a paz, o bem-estar psíquico e social através da prática desportiva e de atividades lúdicas para jovens. Lutamos por um mundo melhor”
Orçamento de mais de 150 mil euros anuais
A Associação gasta mais de 150 mil euros anuais em toda a sua atividade. Conta com apoios da Câmara Municipal de Lisboa, IPDJ, Junta de Freguesia de Marvila e do Inatel. Ainda de alguns privados na organização de algumas provas.
Os apoios aos atletas passam pelas inscrições, deslocações, equipamentos. Mas aqui, aplica-se a filosofia da Associação: Quem pode, paga. Quem não pode, não paga.
A Associação organiza a Corrida Jorge Pina que na sua oitava edição recentemente disputada, reuniu cerca de cinco centenas de participantes nas várias distâncias. Organiza também um torneio de boxe. Como diz Jorge Pina, “Um pouco de tudo que temos aqui”.
“Estamos abertos a todos os que queiram praticar desporto adaptado e não só. Estamos à vossa espera no Estádio do Inatel em Lisboa”
Principais dificuldades
Jorge Pina enumera as principais dificuldades na vida desportiva da Associação. “O material para o desporto adaptado é muito caro, andamos sempre à procura de apoios. Mas a maior dificuldade é ir buscar os jovens com deficiência. Os outros, os pais levam-nos”.
A terminar, Jorge Pina fez um convite: “Estamos abertos a todos os que queiram praticar desporto adaptado e não só. Estamos à vossa espera no Estádio do Inatel em Lisboa, todas as 3ªas e 5ªas feiras às 18h30m e aos sábados às 9 h.
Pelo papel social e desportivo desempenhado na sociedade portuguesa, Jorge Pina e a sua Associação merecem mais apoios para a sua grandiosa obra.
De Lisboa ao Vaticano de bicicleta em 19 dias
Jorge Pina continua a ser um homem de desafios pessoais. No ano passado e antes das Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa, fez 2.700 quilómetros de bicicleta de Lisboa ao Vaticano em 19 dias. Correu em média 140 quilómetros por dia mas chegou a fazer 205. Levou consigo cinco guias e um carro de apoio. Ainda uma equipa que filmou a aventura que produziu um documentário já apresentado no nosso país. Na chegada ao Vaticano, assistiu à missa do Papa Francisco que se referiu à “Pedalada pela paz”.