O atleta bielorrusso Andrei Krauchanka, medalha de prata no decatlo nos Jogos Olímpicos de Pequim, declarou-se em greve de fome na terça-feira e colocou à venda, uma das suas medalhas, como demonstração de apoio aos presos políticos do regime de Alexandr Lukashenko.
“Não aconselho ninguém a imitar-me, mas é muito difícil digerir a horrível realidade bielorrussa. Que a força esteja consigo”, escreveu ele numa mensagem de vídeo.
Krauchanka, que perdeu o emprego e foi expulso da seleção nacional por apoiar os protestos antifraude nas eleições presidenciais de Agosto de 2020, lembra o horror que ainda sente depois de ter sido preso em 8 de Novembro de 2020. “A minha família pensou que eu tinha desaparecido. Durante quatro dias, o meu advogado não teve informações onde eu estava ou o que tinha acontecido comigo”,disse.
Krauchanka, além de ter estado 14 horas encostado à parede de uma esquadra da polícia, durante os dez dias que esteve preso, não recebeu comida nem roupas e voltou para casa infetado com o coronavírus.
Ex-major da KGB, Krauchanka lamenta que as prisões se tenham tornado “rotina” no seu país. “Seis meses após a minha libertação, lembro-me de todos os dias que passei (na prisão). Sei como é difícil para os familiares dos presos políticos”, explica.
Por tudo isso, decidiu fazer greve da fome e colocar à venda a medalha de ouro que conquistou na prova de heptatlo no Europeu de pista coberta disputado em Paris 2011.
Krauchanka, de 35 anos, é um dos mais de 2.000 atletas bielorrussos que assinaram uma carta aberta contra a brutalidade policial dirigida a Lukashenko, no poder desde 1994.
Na ocasião, ele declarou que não queria voltar a competir pelo seu país e admitiu participar nos JO de Tóquio sob a bandeira olímpica, caso obtivesse os mínimos de qualificação.