Eduardo Melloni relatou numa entrevista à Associação Internacional da Imprensa Desportiva como derrotou o coronavírus em Milão, uma das zonas mais afetadas
No meio do drama que vive a Itália, já com mais de 40 mil infetados e mais de 3.400 mortos, podemos encontrar relatos das 4.400 pessoas que já se conseguiram curar. Um deles é o do atleta Edorado Melloni que contou a sua experiência à Associação Internacional de Imprensa Desportiva. “Estou bem. Afortunadamente, cheguei a tempo às urgências, onde me diagnosticaram uma pneumonia e acusou positivo o virús. Por sorte, estava na fase inicial e todos confiávamos que em pouco tempo, sairia de aqui”.
Melloni contou como foram os seus sintomas e como ingressou nas urgências depois de cuspir sangue devido à frequente tosse forte e seca. “Os sintomas são subjetivos, variam em cada pessoa. No meu caso, começou com uma febre à volta de 37,5 e um pouco de tosse. A tosse voltava cada vez mais intensa e começou a durar quase 5/10 minutos seguidos. Era forte e seca. Num desses momentos, terminei cuspindo sangue e esse foi o momento em que me mandaram às urgências. Outro sintoma que se deve ter em conta é a perda do sentido do gosto e do olfato. São sintomas que podem aparecer em pessoas que não têm outros sintomas como tosse ou febre. No meu caso, a perda de gosto foi total. Não distinguia um pedaço de chocolate de cenouras cozidas ou pasta com salsa”.
Melloni também contou como foi o tratamento a que se submeteu para derrotar o virús. “Decidiram aplicar-me uma terapia que já havia sido utilizada nos hospitais de Wuhan. Foi uma combinação de medicamentos que se usam para a artrite e os pacientes infetados com SIDA. Os medicamentos são hidroxicloroquina e lopanovir/ritonavir. Entre os efeitos secundários que se podem produzir, a diarreia que sofri no primeiro dia mas a partir do segundo dia, reagi melhor”.
Melloni submeteu-se a várias provas antes de ingressar no hospital. “Quando cheguei ao hospital, mediram-me o nível de oxigénio no sangue e fizeram-me uma radiografia ao torax que revelou que tinha pneumonia. Deram-me uma zaragatoa de urgência que deu resultado em dez horas e finalmente, fizeram-me um eletrocardiograma. Depois da avaliação de um especialista em doenças infecciosas, decidiram internar-me. No hospital, o médico explicou-me a terapia experimental e pediu-me o consentimento para a sua administração. Depois de aceitar, comecei o tratamento”.
O atleta também relatou que começou a quarentena antes de ela ser decretada em todo o país pelo Governo. “Já estava isolado antes que fosse obrigatório. Um dia, saí pela manhã para treinar no Parque Norte, um parque muito grande de Milão. No dia 9, fui ao trabalho recolher alguns documentos que necessitava e para deixar o carro da empresa. Para voltar, apanhei o metro e creio que apanhei ali o virús, porque três dias depois, tinha sintomas”.