Um atleta olímpico britânico recebeu produtos dopantes proibidos de um terapeuta norte-americano que enfrenta dez anos de prisão, de acordo com documentos judiciais apresentados em Nova York.
Em maio, Eric Lira tornou-se o primeiro arguido a ser acusado, ao abrigo de uma nova lei dos Estados Unidos introduzida na sequência dos escândalos de doping apoiados pela Rússia.
Ele declarou-se culpado de fornecer doping a atletas olímpicos para melhorar o desempenho.
Mas um documento de sentença apresentado em Nova York forneceu pormenores de outros atletas e treinadores implicados no caso, sendo também mencionado um atleta britânico não identificado.
“Lira reuniu-se separadamente com um terceiro atleta olímpico que competiu em nome do Reino Unido (‘Atleta-3’) várias vezes no verão de 2021 com o propósito de fornecer-lhe PEDs (doping para melhorar o desempenho),” afirmou o advogado americano Damian Williams, no documento que foi visto pela BBC.
O caso está agora a ser investigado pela Unidade de Integridade do Atletismo (AIU). Este organismo e a Federação Britânica de Atletismo recusaram-se comentar.
Já tinha sido descoberto que Lira forneceu doping à sprinter nigeriana Blessing Okagbare, que no ano passado, foi suspensa por 11 anos.
Os documentos judiciais também afirmam que: “Lira também forneceu doping a um atleta que competia em nome da Suíça antes dos Jogos Olímpicos (‘Atleta-2’) no verão de 2021, e discutiu com um intermediário a detetabilidade em testes toxicológicos de um dos produtos dopantes proibidos que Lira havia fornecido ao Atleta-2.
Num documento separado, os procuradores federais também acusaram dois treinadores norte- americanos, alegando que trabalharam com Lira para fornecer medicamentos a atletas da Nigéria, Suíça e Reino Unido, antes dos JO de Tóquio.
Lira foi acusado de acordo com uma lei de 2020 que tem o nome do denunciante russo Grigory Rodchenkov, ex-chefe do laboratório antidoping de Moscovo que ajudou a expor o regime de doping patrocinado pelo governo russo.
A Lei Antidoping Rodchenkov permite que as autoridades dos Estados Unidos processem indivíduos envolvidos em “esquemas de doping com o objetivo de influenciar competições desportivas internacionais” incluindo aqueles que não foram anteriormente regidos por leis antidopagem desportiva.