A decisão da World Athletics em excluir as mulheres transsexuais na suas competições, está a dar muita polémica, com gente a favor e outra contra.
A ciclista canadiana Kristen Worley, uma atleta em transição que contestou legalmente as políticas de género do Comité Olímpico Internacional (COI), disse que a decisão da World Athletics foi “desanimadora e dececionante”.
“O que está a acontecer é que os mais vulneráveis estão a ser excluídos do desporto, mais por razões políticas e não com base na ciência e na pesquisa”, disse Worley à Reuters.
“Isto tem efeitos, não apenas a nível internacional, mas consequentemente em comunidades de todo o mundo, incluindo comunidades nos Estados Unidos”.
A decisão segue um movimento semelhante da World Aquatics, órgão regulador global da natação, ao ter excluído no ano passado, atletas transgéneros das provas femininas.
Enquanto alguns argumentam que passar pela puberdade masculina, dá vantagens físicas às mulheres transgénero, os defensores da participação de transgéneros no desporto, dizem que não foram feitas pesquisas suficientes para saber se as mulheres transgénero têm alguma vantagem.
Kristen Worley disse que a noção de que as atletas transexuais estão a dominar o desporto feminino é um absurdo. “Estou a ver todos os grupos de notícias a colocarem imagens no Twitter sem imagens de atletas em transição nos níveis de elite da World Athletics, porque não há nenhuma”, disse ela.
“Portanto, este é puramente um movimento político de Seb Coe e da World Athletics para lidar com questões de direito, relações políticas e, obviamente, patrocinadores em potencial que estão a financiar hoje a World Athletics.”
Ricki Coughlan, um dos primeiros atletas transgéneros profissionais da Austrália na corrida, disse que a decisão da World Athletics encorajara as “forças do ódio” contra os transgéneros.
“Não há uma maneira agradável de colocar isso”, disse ela à Reuters. “As forças do ódio que estão por aí, que não querem que as pessoas transexuais existam na nossa sociedade…
A World Athletics também reforçou os requisitos de elegibilidade para atletas com diferenças no desenvolvimento sexual em eventos femininos, reduzindo a metade, os níveis de testosterona.
“Para as mulheres com características intersexuais, elas continuarão a ser submetidas a práticas horríveis de testes sexuais e cirurgias medicamente desnecessárias, violência e discriminação baseadas em género”, disse Hudson Taylor, fundador e diretor executivo da Athlete Ally, num comunicado.
A Athlete Ally defende a inclusão de lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e intersexuais (LGBTI) no desporto.
A Federação Nacional de Atletismo da Austrália disse que acata a decisão da World Athletics, mas que ia manter a suas próprias diretrizes para incluir atletas transgéneros nas modalidades comunitárias.
A Federação da Nova Zelândia disse que o assunto dos atletas transgéneros é “um assunto muito delicado” e precisa de tempo para digerir e entender as novas regras.
Por outro lado, várias mulheres de elite no atletismo saudaram a decisão da World Athletics, como a corredora britânica e atleta olímpica Emily Diamond, que twittou “obrigada por seguir a ciência”.
“Um grande passo para a justiça e proteção da categoria feminina, espero que esta seja agora, a regra a todos os níveis, não apenas nos eventos de classificação de elite”, escreveu Emily Diamond, que ganhou a medalha de bronze na estafeta 4×400 m dos JO do Rio de Janeiro 2016.
A atleta olímpica e maratonista Mara Yamauchi twittou: “Boas notícias! Estranho celebrar algo que é senso comum.”
O Save Women’s Sport Australasia, um grupo que faz campanha contra atletas transexuais no desporto feminino, também aplaudiu a decisão.
“Bem, não é uma proibição, apenas se move para proteger a categoria feminina para competidoras e foi uma excelente decisão”, disse o porta-voz Ro Edge à Reuters.
“Portanto, é realmente reconfortante ouvir o presidente Seb Coe dizer que eles precisam de manter a imparcialidade da participação feminina, acima de todas as outras considerações.”