O australiano Phil Gore correu quase 322 km em 48 horas, batendo o anterior recorde nacional. Ele estima que dormiu apenas uma hora.
Gore competiu num evento chamado Herdy’s Front Yard Ultra, no qual os participantes correram num circuito de 6,71 km. Cada volta tinha que ser percorrida numa hora. Se um corredor terminasse uma volta em menos de uma hora, ele podia aproveitar o tempo para descansar, antes que os outros participantes partissem novamente juntos na próxima volta. Era declarado vencedor, o último corredor a parar de correr.
Gore entrou na prova apenas esperançado em bater o seu recorde pessoal de 39 horas e chegar perto do recorde australiano de 46 horas. Na 42ª volta, havia apenas dois concorrentes em prova: Gore e Kevin Matthews.
Apesar de estarem com quase dois dias de prova, os dois ultramaratonistas encontraram reservas extras de energia. Matthews chegou à 47ª hora e Gore continuou até à volta seguinte. “Se ele não tivesse feito aquelas 47 horas, eu não teria feito aquela 48ª volta, porque só podemos fazer mais uma volta do que a penúltima pessoa”, disse Gore no final.
No final da última volta, Gore tinha corrido 321,6 km, no foi uma experiência emocionante para ele. “Na última volta, nos primeiros três quilômetros eu estava a correr muito mais rápido do que anteriormente,” disse ele.“Eu diminuí a velocidade, mas ainda assim vim num ritmo bastante rápido e cortei a meta em cerca de 33 minutos. Foi só alívio, euforia, estavam lá todos a torcer por mim.
O sucesso esteve no treino e na preparação
Ele atribuiu o seu sucesso nesta prova a uma preparação adequada. “Na última prova que fiz assim, cheguei às 39 horas e estava absolutamente partido no final. Tive de ser levado para longe da linha de partida. Desta vez, eu estava a fazer muito mais quilómetros antes da prova, a trabalhar com um treinador e tinha um plano de treino adequado, acho que o meu corpo estava mais bem preparado.”
Para ir correndo volta após volta, ele passou o tempo a conversar com os outros participantes, a ouvir livros de áudio e a pensar sobre o que ele precisava da sua equipa de apoio no final de cada volta.
“Eu acho que no final, o que passa pela sua cabeça é por que eu me inscrevi nisto? Por que é que estou a correr tanto tempo? Eu só quero ir para casa e dormir”.
O sono entre as voltas
Durante a prova, só lhe foi possível dar resposta ao sono nas pequenas pausas no final de cada volta.
“Na primeira noite, em seis das voltas, eu estava a correr mais rápido, então podia ter cerca de 20 minutos para fechar os olhos. Na segunda noite, foi um pouco mais fácil tentar adormecer porque estava muito mais cansado.”
No dia seguinte à corrida, e após uma noite de sono reparador, ele estava a sentir-se melhor do que o esperado. “Estou um pouco dolorido esta manhã, mas na verdade, recuperei muito melhor nesta prova do que em algumas das outras grandes que já fiz. Normalmente, ando coxeando de muletas”.