A época feminina de 2021 foi bastante positiva, desde as classificações olímpicas de Patrícia Mamona (2ª), Auriol Dongmo (4ª) e Liliana Cá (5ª) à avaliação dos rankings, os segundos melhores de sempre, apesar de alguma influência negativa que a pandemia de covid’19 ainda terá deixado.
Ao mais alto nível, a época foi excelente: em 12 das 18 provas, a líder do ano fez melhor que a de 2019 (o ano de 2020 não é comparável). Foram batidos recordes nacionais em cinco provas e houve nada menos de 23 alterações nos top’10 nacionais de sempre. E as médias das 10 melhores marcas ficaram a escassas sete décimos das de 2019, as melhores de sempre: 957,4 pontos, segundo a tabela da IAAF 2008, contra 958,1 pontos há dois anos. Mas as médias nas corridas e lançamentos foram as melhores de sempre, com a particularidade de as corridas baterem um recorde que datava de… 1993, com 1034,6 pontos, contra os 1035,8 deste ano. Nos lançamentos, melhorou-se de 825,0, para 828,7. Só os saltos ficaram bem aquém do recorde de 939,7 pontos de 2014 e dos 934,0 de 2019, com apenas 909,7 este ano, muito por “culpa” dos rankings da altura e vara, bem mais fracos que nos últimos anos. Em profundidade, não se esteve tão bem. A média global das 20 melhores marcas foi de 893,5 pontos, em todo o caso bem perto do recorde de 896,1 pontos de 2019. Refira-se ainda que comparando o número de atletas que integram os nossos rankings das 18 provas de pista (exceto heptatlo) se regista uma diminuição de 737 atletas em 2019 para 676 em 2021. Não muito significativa atendendo à pandemia…
Vejamos as pontuações dos últimos 10 anos (e as melhores de sempre) das 10 e 20 melhores marcas:
MÉDIAS ANO A ANO (tabela IAAF 2008)
10 MARCAS FEMININAS | ||||
Corridas | Saltos | Lançam. | Total | |
2012 | 1001,3 | 920,5 | 776,7 | 929,5 |
2013 | 1000,8 | 923,7 | 775,0 | 929,5 |
2014 | 1004,0 | 939,7 | 765,5 | 932,8 |
2105 | 1003,7 | 916,0 | 769,0 | 927,8 |
2016 | 1015,0 | 908,5 | 789,2 | 936,8 |
2017 | 1012,7 | 930,0 | 806,7 | 944,7 |
2018 | 1017,6 | 938,0 | 809,7 | 949,9 |
2019 | 1028,0 | 934,0 | 825,0 | 958,1 |
2020 | * | 920,0 | 814,2 | * |
2021 | 1035,8 | 909,7 | 828,7 | 957,4 |
Melhor | 1035,8 | 939,7 | 828,7 | 958,1 |
Ano | -2021 | -2014 | -2021 | -2019 |
20 MARCAS FEMININAS | ||||
Corridas | Saltos | Lançam. | Total | |
2011 | 954,6 | 851,0 | 713,0 | 873,6 |
2012 | 951,5 | 853,7 | 699,7 | 869,1 |
2013 | 950,2 | 855,2 | 700,7 | 869,2 |
2014 | 952,3 | 860,2 | 695,7 | 870,3 |
2015 | 951,4 | 846,7 | 701,0 | 867,9 |
2016 | 964,7 | 840,7 | 718,2 | 877,5 |
2017 | 962,0 | 857,7 | 726,7 | 882,1 |
2018 | 968,3 | 865,7 | 729,0 | 887,9 |
2019 | 977,9 | 865,2 | 742,7 | 896,1 |
2020 | * | 851,5 | 719,5 | * |
2021 | 982,0 | 849,5 | 738,2 | 893,5 |
Melhor | 987,8 | 865,7 | 742,7 | 896,1 |
Ano | -1993 | -2018 | -2019 | -2019 |
- devido a uma pandemia, foram escassas as competições realizadas a partir de meados de março, não permitindo mesmo a existência de rankings nas provas de meio-fundo
Nota: Não foi considerada a prova de 10000 m por insuficiente número de atletas nos últimos anos.
Poderá ver todas as médias e pontuações, prova a prova, desde 1961, em http://atletismo-estatistica.pt/anuais/medias-e-pontuacoes/
Três finalistas olímpicas no pódio
A elaboração do pódio feminino da época foi fácil ou não tivesse tido Portugal três finalistas olímpicas. Mas Patrícia Mamona e Auriol Dongmo foram ainda campeãs europeias de pista coberta e brilharam em várias outras competições. E Liliana Cá chegou a um inesperado recorde nacional do disco…
A nível nacional, destaque para mais um título (o 11º consecutivo e o 26º em 27 anos) do Sporting, com folgadíssimos 57 pontos de vantagem sobre o Benfica. Estreia no pódio da formação madeirense do Jardim da Serra.
PÓDIO
1ª PATRÍCIA MAMONA (SPORTING)
Época de sonho, com a medalha de prata olímpica (e uma marca histórica: 15,01) e vitória no Europeu de pista coberta. Progrediu nada menos de 36 cm.
2ª AURIOL DONGMO (SPORTING)
Bateu o recorde nacional logo em janeiro, com 19,65 em pista coberta, seguindo-se o título europeu. E no verão chegou a 19,75, só lamentando o (de qualquer forma bem honroso) 4º lugar olímpico. Foi 2ª na Superliga do Europeu de Seleções.
3ª LILIANA CÁ (AD NOVAS LUZES)
Época surpreendente desta atleta de 34 anos, que progrediu mais de cinco metros até ao histórico recorde nacional de Teresa Machado e depois foi 5ª nos Jogos Olímpicos, depois de já ter ganho na Taça da Europa de Lançamentos e na Superliga do Europeu de Seleções.
MENÇÕES HONROSAS
A já veterana Lorène Bazolo surpreendeu ao conseguir (com meia-hora de intervalo!) bater os recordes nacionais de 100 e 200 m, neste caso, apagando da lista, a histórica Lucrécia Jardim. Cátia Azevedo esteve surpreendente ao baixar em mais de um segundo o seu recorde nacional de 400 m (51,62-50,59). Excelente Evelise Veiga no comprimento, com progressão de 6,64 para 6,71, bem melhor que no triplo, prova na qual havia conseguido mínimo olímpico em 2019. Bons progressos de Jéssica Inchude, de 17,54 para 18,13 (pista coberta). E Cláudia Ferreira (54,81) vai-se aproximando do ainda algo distante recorde de Sílvia Cruz no dardo (59,76).
A CONFIRMAÇÃO: JULIANA GUERREIRO (SPORTING)
Ex-júnior, progrediu de 55,41 para 53,89 em 400 m e de 59,88 para 58,12 em 400 m barreiras, sendo a segunda do ano em ambas as provas. E já é recordista nacional de 4×400 m (clubes) em pista coberta e ar livre.
A REVELAÇÃO: LEONOR FERREIRA (BENFICA)
Já dera nas vistas como iniciada e juvenil de 1º ano, em representação do Maratona CP, mas conseguiu grandes progressos esta época, ainda juvenil, ascendendo a 4ª do ano nos 100 m (11,76) e 200 m (24,28) e correndo os 400 m em apreciáveis 55,48.
OS PÓDIOS ANUAIS DA REVISTA ATLETISMO
1998 | 1ª Manuela Machado | 2ª Fernanda Ribeiro | 3ª Carla Sacramento |
1999 | 1ª Susana Feitor | 2ª Carla Sacramento | 3ª Carmo Tavares |
2000 | 1ª Fernanda Ribeiro | 2ª Isabel Abrantes | 3ª Susana Feitor |
2001 | 1ª Carla Sacramento | 2ª Susana Feitor | 3ª Carmo Tavares |
2002 | 1ª Naide Gomes | 2ª Carla Sacramento | 3ª Nédia Semedo |
2003 | 1ª Elisabete Tavares | 2ª Susana Feitor | 3ª Teresa Machado |
2004 | 1ª Naide Gomes | 2ª Anália Rosa | 3ª Vânia Silva |
2005 | 1ª Susana Feitor | 2ª Naide Gomes | 3ª Vera Santos |
2006 | 1ª Naide Gomes | 2ª Anália Rosa | 3ª Vera Santos |
2007 | 1ª Naide Gomes | 2ª Susana Feitor | 3ª Inês Henriques |
2008 | 1ª Naide Gomes | 2ª Ana Cabecinha | 3ª Jéssica Augusto |
2009 | 1ª Naide Gomes | 2ª Sara Moreira | 3ª Inês Monteiro |
2010 | 1ª Naide Gomes | 2ª Jéssica Augusto | 3ª Sara Moreira |
2011 | 1ª Susana Feitor | 2ª Dulce Félix | 3ª Jéssica Augusto |
2012 | 1ª Dulce Félix | 2ª Jéssica Augusto | 3ª Ana Cabecinha |
2013 | 1ª Sara Moreira | 2ª Ana Cabecinha | 3ª Dulce Félix |
2014 | 1ª Jéssica Augusto | 2ª Sara Moreira | 3ª Ana Cabecinha |
2015 | 1ª Ana Cabecinha | 2ª Sara Moreira | 3ª Patrícia Mamona |
2016 | 1ª Patrícia Mamona | 2ª Ana Cabecinha | 3ª Sara Moreira |
2017 | 1ª Inês Henriques | 2ª Patrícia Mamona | 3ª Ana Cabecinha |
2018 | 1ª Inês Henriques | 2ª Marta Pen | 3ª Jéssica Inchude |
2019 | 1ª Patrícia Mamona | 2ª Evelise Veiga | 3ª Ana Cabecinha |
2020 | 1ª Auriol Dongmo | 2ª Evelise Veiga | 3ª Cláudia Ferreira |
POSITIVO DA ÉPOCA
- A medalha olímpica (com recorde histórico: 15,01) de Patrícia Mamona e os lugares de honra de Auriol Dongmo (4ª) e Liliana Cá (5ª).
- Os títulos europeus de pista coberta de Patrícia Mamona e Auriol Dongmo.
- A vitória de Liliana Cá e os segundos lugares de Salomé Afonso (surpreendente!) e Auriol Dongmo na Superliga do Europeu de Seleções e os primeiro (Liliana Cá) e segundo (Irina Rodrigues) lugares no disco na Taça da Europa de Lançamentos.
- Os nada menos de 13 recordes de Portugal batidos em sete especialidades.
- As segundas melhores médias globais de sempre das 10 e 20 marcas do ano, bem perto dos recordes de 2019.
NEGATIVO DA ÉPOCA - A ausência na Taça da Europa de 10000 m e as desistências na Taça da Europa de marcha
- Rankings do ano da altura e vara, quase exceções no panorama das diversas provas
RECORDES DE PORTUGAL BATIDOS EM 2021
Peso | Auriol Dongmo (Sporting) | 19,65 pc | Karlsruhe | 29-01-2021 |
Disco | Liliana Cá (AD Novas Luzes) | 66,40 | Leiria-CNL | 06-03-2021 |
400 m | Cátia Azevedo (Sporting) | 51,61 | Andujar | 22-05-2021 |
400 m | Cátia Azevedo (Sporting) | 50,59 | Huelva | 03-06-2021 |
Peso | Auriol Dongmo (Sporting) | 19,75 | Huelva | 03-06-2021 |
100 m | Lorène Bazolo (Sporting) | 11,17 | Salamanca | 05-06-2021 |
100 m | Lorène Bazolo (Sporting) | 11,15 | Castellón | 29-06-2021 |
4×400 m | Sporting CP | 3.35,55 | Guimarães | 04-07-2021 |
(clubes) | (Cátia Azevedo-Dorothe Évora-Juliana Guerreiro-Vera Barbosa) | |||
Triplo | Patrícia Mamona (Sporting) | 14,66 | Mónaco | 09-07-2021 |
Triplo | Patrícia Mamona (Sporting) | 14,91 | Tóquio | 01-08-2021 |
Triplo | Patrícia Mamona (Sporting) | 15,01 | Tóquio | 01-08-2021 |
100 m | Lorène Bazolo (Sporting) | 11,10 | La-Chaux-de-Fonds | 14-08-2021 |
200 m | Lorène Bazolo (Sporting) | 22,64 | La-Chaux-de-Fonds | 14-08-2021 |
ALTERAÇÕES NO TOP’10 NACIONAL DE SEMPRE
1ª | Loréne Bazolo | SCP | 100 m | 11,10 |
1ª | Lorène Bazolo | SCP | 200 m | 22,64 |
1ª | Cátia Azevedo | SCP | 400 m | 50,59 |
1ª | Patrícia Mamona | SCP | triplo | 15,01 |
1ª | Auriol Dongmo | SCP | peso | 19,75 |
2ª | Arialis Martinez | SLB | 100 m | 11,22 |
2ª | Evelise Veiga | SCP | comp. | 6,71 |
2ª | Jéssica Inchude | SCP | peso | 18,13pc |
2ª | Cláudia Ferreira | SCP | dardo | 54,81 |
3ª | Eliana Bandeira | SLB | peso | 17,53 |
3ª | Sandra Silva | CFOD | 50 km M | 4.56.50 |
4ª | Rosalina Santos | SCP | 100 m | 11,31 |
4ª | Yariadmis Arguelles | IND | comp. | 6,49 |
4ª | Francislaine Serra | SCB | peso | 17,39pc |
5ª | Olímpia Barbosa | SCP | 100 bar. | 13,33 |
5ª | Ana M. Oliveira | GAF | triplo | 13,67 |
5ª | Eliana Bandeira | SLB | disco | 52,42 |
6ª | Ivanilda Lopes | SLB | disco | 52,27 |
7ª | Catarina Queirós | ACDJS | 100 bar. | 13,41 |
7ª | Juliana Guerreiro | SCP | 400 bar. | 58,12 |
8ª | Arialis Martinez | SLB | 200 m | 13,77 |
10ª | Salomé Afonso | SCP | 800 m | 2.04,04 |
10ª | Catarina Queirós | ACDJS | triplo | 13,19pc |
Ver rankings femininos de 2021 em: http://atletismo-estatistica.pt/anuais/absolutos-2021-f/
Amanhã: balanço 2021 dos sub’23 (M)
Então não fala das meio fundistas Salomé Afonso e Marta Pen???? Foram aos jogos …. A Salomé Afonso foi segunda classificada na superlota em representação de Portugal… não merece uma pequena referência? Jornalismo apenas com base em gostos pessoais … está confirmado.
Aceito críticas correctas, não incorrectas. Não há aqui gostos pessoais, há escalonamentos. As duas atletas estiveram bem – em especial Salomé Afonso pelo seu segundo lugar na Superliga – mas a lista de menções honrosas já estava extensa. Mas os seus feitos serão referidos nas apreciações prova a prova que faremos depois.
Arons de Carvalho