Carla Martinho é aos 45 anos, uma atleta bem conhecida do atletismo, fruto dos excelentes resultados que ainda vem conseguindo, com frequentes subidas aos pódios. Corre pelo Recreio Desportivo de Águeda e já teve a honra de representar Portugal numa dúzia de vezes.
Carla Martinho tem 45 anos e é atleta do Recreio Desportivo de Águeda (RDA). Natural de Palhaça, Oliveira do Bairro, tem 45 anos e é chefe de cozinha.
O atletismo apareceu na sua vida tinha ela escassos dez anos, por influência dos seus irmãos mais novos. “Desde aí, fui ganhando o gosto até hoje”.
Primeira prova três dias depois do primeiro treino!
A sua primeira prova de estrada oficial foi logo três dias depois do seu primeiro treino.
“Embora a tenra idade e a minha queda, gostei bastante do espírito e da energia que a prova transmitia”.
Leva o atletismo a sério, como se pode comprovar pelos excelentes resultados obtidos. Treina sete vezes por semana e Ricardo Esteves é o seu treinador, enviando-lhe semanalmente o plano de treinos.
Preferência pela estrada e corta-mato
Participa anualmente entre 25 e 30 provas e a sua preferência vai para a estrada. “Mas também, me dá muito gosto o corta-mato”. Já a pista, não merece muito o seu agrado. Nunca participou em trails mas já tem corrido provas de montanha, onde considera o ambiente mais ‘familiar’, com uma maior entreajuda entre os atletas.
Carla tem duas distâncias preferidas, a meia maratona e os 10 km. Tem como recordes pessoais, 33m48s aos 10 km, no Torneio Ibérico da Maia e 1h14m16s à Meia Maratona, marca conseguida em Ovar.
Ainda não se estreou na maratona e justifica a sua opção: “Nunca participei numa maratona. Este tipo de provas exige um grande tempo e dedicação por parte do atleta. Sendo eu uma atleta com um trabalho à parte, este tempo acaba por ficar bastante limitado”.
“… Sem dúvida, que gostar é meio caminho andado para o sucesso. Mas também é importante a dedicação e esforço constante”
Momentos marcantes de uma carreira cheia de êxitos
Carla elege os momentos mais marcantes da sua carreira: o oitavo lugar no Campeonato da Europa de Corrida de Montanha, e mais recentemente, quando se sagrou campeã de cross e 3.000 metros de Masters.
Veterana que dá “cartas” aos mais novos
Apesar de ser uma veterana, Carla chega frequentemente à frente das atletas mais novas. Afinal, qual é o seu ‘segredo’? Para a nossa entrevistada, não há um ‘segredo’ específico. “É muito à base do gosto pela arte da corrida. Sem dúvida, que gostar é meio caminho andado para o sucesso. Mas também é importante a dedicação e esforço constante, mesmo naqueles dias em que não há assim uma vontade tão grande de treinar. É apenas ir e saber que vai dar resultados futuramente. Para além disto, tendo eu um grande gosto pela competição e sendo assim muito competitiva, ajuda bastante nos meus resultados”.
Bonito palmarés
Apesar de não ser uma profissional da modalidade, Carla já foi internacional por 12 vezes, apresentando um bonito palmarés, de que destacamos:
– Campeã nacional de Juvenis de pista, nos 3.000 m, 1997;
– 3ª classificada no Campeonato Nacional de Juniores de Corta-Mato, Porto, 1999;
– Várias vezes classificada nos dez primeiros lugares nos Campeonatos Nacionais de Corta-Mato Longo e Curto;
– Vice-campeã nacional de Corta-Mato Curto em 2016;
– 3ª classificada no Campeonato Nacional de Estrada, em Elvas, 2014;
– Vários pódios nos Campeonatos Nacionais de Pista-Coberta e Ar Livre nos 1.500, 3.000 e 5.000 m. Campeã de Portugal de 5.000 m em 2008;
– Vencedora da Taça de Portugal de Corrida de Montanha em 2010;
– Campeã nacional de Corrida de Montanha no Luso, 2010; vice-campeã em Oliveira do Hospital, 2011 e 3ª classificada em Mondim de Basto, 2013.
– Vencedora de muitas provas populares de estrada;
– Integrou a seleção nacional no Troféu Ibérico de 10.000 m em Lisboa, 2014 e Maia em 2016;
– Internacional por Portugal em Campeonatos Europeus e Mundiais de Corrida de Montanha;
– Campeã da Europa de 3000 metros em pista coberta e Cross de Masters em Braga 2022.
“É fulcral o apoio da Federação Portuguesa de Atletismo nos jovens atletas, que esses, são o futuro do atletismo”
Correr para sempre
Correndo há já 35 anos, Carla não se imagina sem as corridas. Pensa correr “até achar que os meus resultados são bons o suficiente para continuar a treinar com a mesma dedicação e empenho. Embora, não me consiga imaginar sem praticar atletismo”. Se não corresse, o ciclismo seria certamente a sua opção.
Não dispensa os exames médicos de rotina e procura ter os devidos cuidados com a alimentação, evitando os excessos.
Quanto a lesões, elas não têm querido nada com Carla. “Nunca tive lesões assim tão sérias que me levassem a parar de treinar”.
Importância do apoio da Federação nos jovens atletas
Para Carla, o futuro da modalidade passa pelo “muito investimento para dar continuidade a esta modalidade, com apoios de patrocinadores por exemplo. Mas, também é fulcral o apoio da Federação Portuguesa de Atletismo nos jovens atletas, que esses, são o futuro do atletismo”.
“O espírito competitivo de antigamente, onde era algo mais leve e amigável”
Principais diferenças nas corridas entre o passado e o presente
Correndo há já 35 anos, Carla encontra algumas diferenças entre o seu início no mundo das corridas e o presente. “São algumas, desde o espírito competitivo de antigamente, onde era algo mais leve e amigável, até mesmo o material desportivo, sendo mais rudimentar. Agora, somos confrontados com material bastante evoluído”.
Carla é ainda de opinião que hoje, já temos grande qualidade na organização de provas.
No mundo das corridas, valoriza particularmente o convívio e o gosto pela mesma atividade. “E ver tantas pessoas hoje em dia, a praticar o atletismo”.
Projetos futuros na modalidade
O seu principal objetivo passa por ajudar da melhor maneira possível, o seu clube. “Ao fazê-lo, tal acaba por ser benéfico a nível pessoal, com a obtenção de bons resultados”.
Não era mentira o controlo antidoping em cima da hora
Quanto a estórias, Carla passou por uma estranha no Campeonato do Mundo de Montanha. “Quando realizava o reconhecimento do percurso, fui notificada para o controlo antidoping e achei que era mentira porque foi através do telemóvel. Porém, era mesmo verdade. Portanto, cheguei mesmo em cima da hora limite e, para melhorar a situação, o teste era feito através do sangue e eu tenho pânico a agulhas… Afinal, o teste era verdade e acabou por correr tudo bem. Mas ‘tremi’ um bocado durante esse tempo”.