Concluída a edição deste ano do Nacional da I Divisão, em Braga, é altura para um pequeno balanço, tanto à luta coletiva como às proezas individuais.
AS OITO EQUIPAS MASCULINAS
1º Benfica (155 p.): oitavo título consecutivo e 12 vitórias em 21 provas. Ponto forte: triunfos em sete dos oito concursos; ponto fraco: 5º lugar nos 1500 m.
2º Sporting (145 p.): oitavo segundo lugar consecutivo e sete vitórias individuais. Ponto fraco: quarto lugar nos 800 m.
3º SC Braga (104 p.): chegou à I Divisão em 2016 e tem vindo a melhorar: 5º-4º-3º. Foi 3º a 5º em 20 das 21 provas, só falhando na vara (último).
4º J. Vidigalense (96 p.): Depois de sete anos no 3º lugar, desceu para 4º. Ganhou uma prova (Samuel Remédios no comprimento) e em cinco foi terceiro, mas em seis provas foi apenas sexto e no peso foi sétimo.
5º GD Estreito (73 p.): foi cinco vezes quarto e três vezes quinto entre 1998 e 2007, regressando agora ao 5º lugar. Nuno Pereira, segundo nos 800 e 1500 m, e João Alexandre, terceiro no comprimento e triplo, foram as grandes figuras da equipa, que, ao invés, foi última nos 3000 m e 4×100 m e cinco vezes penúltima.
6º CA Seia (68 p.): fora 4º entre 2014 e 2016, 5º em 2017 e desceu agora para 6ª. Conseguiu terceiros lugares no disco (Vítor Rodrigues) e na marcha (Rui Coelho) e quartos lugares no peso, dardo e triplo, mas foi último nos 110 m barreiras e sete vezes penúltimo.
7º Jardim da Serra (63 p.): quinto ano na I Divisão, sempre entre os 6º e 8º lugares. Conseguiu uma surpreendente vitória nos 800 m (Wilson Conniott) e terceiros lugares nos 400 m (Bernardo Pereira) e 400 m (Paulo Neto) mas foi último em seis provas e penúltimo em quatro, não tendo pontuado (desistência) nos 400 m barreiras.
8º Srª Desterro (49 p.): terceiro ano na I Divisão, tendo sido sucessivamente 7º-6º-8º. A melhor classificação (5º lugar) foi de Edgar Remédios nos 400 m barreiras, mas a equipa foi oito vezes última e quatro vezes penúltima.
OS MAIS E MENOS MASCULINOS
Melhor atleta: Carlos Nascimento (Sporting), folgado vencedor dos 100 m em 10,31, e cerrado vencedor dos 200 m em 21,05 (recorde pessoal por 19 centésimos).
Melhor marca nacional do ano: Paulo Conceição (Benfica), com 2,15 na altura… antes de tentar 2,20 e 2,26!…
Despiques mais cerrados: 200 m, entre Carlos Nascimento (21,05) e Ricardo Santos (21,06); 5000 m, entre Samuel Barata (13.57,30) e Bruno Albuquerque (13.57,76); e 3000 m obstáculos, entre André Pereira (9.02,11) e Fernando Serrão (9.02,80).
Diferenças inesperadas: na vara, Edi Maia ficou-se pelos 5,00 e Diogo Ferreira passou 5,40 antes de tentar o recorde nacional a 5,72; no disco, Edujose Lima limitou-se a 53,70, a quase três metros de Francisco Belo (56,54).
Despique falhado: a prova de triplo foi anunciada como prova-rainha, mas Nelson Évora, lesionado, não esteve presente e Pedro Pichardo esteve em “serviços mínimos” (17,21).
AS OITO EQUIPAS FEMININAS
1º Sporting (156 p.): oitavo título consecutivo (e 23º nos últimos 24 anos), com vitórias em 17 das 21 provas. Só não igualou o máximo de pontos (164) porque Marta Onofre falhou a altura inicial na vara (4,00) e a equipa não pontuou. Ponto fraco: 3000 m obstáculos (3º lugar, distante das primeiras).
2º Benfica (113 p.): foi 2º pela sexta vez nos últimos oito anos mas, desta vez, em igualdade pontual com a terceira equipa, valendo as vitórias nos 3000 m (Marta Pen) e vara (Beatriz Batista). Mas em seis provas, a equipa (que se apresentou algo desfalcada em algumas provas) ficou na segunda metade, incluindo três penúltimos lugares.
3º J. Vidigalense (113 p.): ocupa o pódio desde 2012, com segundos lugares em 2015 e 2016… e quase este ano. Seis segundos lugares e dez terceiros, mas dois penúltimos (3000 e 5000 m) e um antepenúltimo lugar (400 m barreiras).
4º SC Braga (96 p.): No regresso à Divisão, foi 7º em 2017 e melhorou para 4º este ano, com destaque para Mariana Machado, vencedora dos 1500 m, e para os segundos lugares de Rafaela Vitorino (altura), Shaina Mags (triplo), Andreia Venade (martelo) e Marlene Araújo (dardo). Mas a equipa foi também última nos 400 m, penúltima na marcha e nada menos de seis vezes antepenúltima…
5º Jardim da Serra (84 p.): quinto ano na I Divisão, com melhores classificações em 2017 (4º) e este ano (5º). Vitória (esperada) nos obstáculos (Joana Soares), um terceiro lugar nos 5000 m (Filomena Costa) e equipa equilibrada (apenas dois penúltimos postos).
6º GD Estreito (83 p.): perdeu por um ponto o despique madeirense com o Jardim da Serra, tendo uma equipa mais desequilibrada – nada menos de três segundos lugares, nos 200 m (Cátia Santos), 400 m barreiras (a veterana Tânia Freitas) e obstáculos (Daniela Sousa), mas três últimos e três penúltimos postos.
7º Grecas (58 p.): Depois de dois sextos lugares, um sétimo este ano. Vera Lima foi terceira nos 400 m barreiras mas a equipa somou oito últimos lugares.
8º CS Marítimo (48 p.): 8º lugar (igual a 2016), depois de uma passagem pela II Divisão em 2017. Dois quartos lugares de Miriam Tavares, nos 200 m e 400 m foram as únicas classificações na primeira metade e em 14 das 21 provas somou dois pontos ou menos.
OS MAIS E MENOS FEMININOS
Melhor atleta: Patrícia Mamona, que igualou os 14,19 no triplo de cinco dias antes, em França, ainda está aquém do seu melhor, mas a sua marca é a de mais categoria. E teve outro ensaio a 14,09. Bastante bons (para mais sem luta) os 52,72 de Cátia Azevedo nos 400 m.
Melhores marcas nacionais do ano: Lorène Bazolo conseguiu a dos 100 m, com 11,44, e Patrícia Mamona igualou a do triplo (14,19).
Despiques mais cerrados: Apenas um centímetro separou Evelise Veiga (6,12) e Lecabela Quaresma (6,12) no comprimento. Anabela Neto (1,76) só ganhou a altura por dois centímetros a Rafaela Vitorino, mas, com a prova ganha, passou logo para 1,80. E nos 800 metros, Salomé Afonso (2.08,64) derrotou Joceline Monteiro (2.08,92) por escassos 28 centésimos, com Patrícia Silva a 48 centésimos da primeira.
A surpresa: Terá sido a única, relativamente a vencedoras, a do salto com vara, uma vez que Marta Onofre não se qualificou. E Beatriz Batista acabou por dar oito pontos ao Benfica.
POSITIVO…
+ Embora não chegasse a haver grande luta coletiva (a lesão de Miguel Marques no comprimento limitou desde logo as ténues aspirações do Sporting), os campeonatos acabaram por ser positivos, com lutas interessantes pelo terceiro lugar masculino e pelo segundo feminino.
+ Os resultados em direto no site da Federação funcionaram impecavelmente, sempre em cima do acontecimento. Falta apenas referir quais (ou pelo menos quantas) as provas consideradas nas classificações coletivas e passar a ser possível acompanhar as pontuações nas provas combinadas (quando as houver).
… E NEGATIVO
– A presença de atletas estrangeiros que, segundo o regulamento, não teriam direito a competir, pois vivem em Portugal há tempo insuficiente e representaram os seus países em competições internacionais recentes ou nos respetivos campeonatos nacionais. Seria bom que a Federação tivesse a coragem de desclassificar aqueles que foram utilizados indevidamente, até para que isso sirva de exemplo. E, não sendo possível, impedir que entidades oficiais passem atestados de residência que não reflitam a realidade, sejam estes substituídos pela obrigatoriedade de presença (regular) em provas nacionais em pelo menos dois anos, antes de poderem participar nas competições coletivas.
– A não existência de mínimos para pontuação, levando a que marcas ridículas valham um ou dois pontos e que as provas de altura e vara comecem a alturas demasiado baixas, obrigando os verdadeiros especialistas a estar demasiado tempo à espera de iniciar a competição. Enquanto os restantes concursos só têm quatro ensaios, estes prolongam-se por horas…