A atleta sul-africana Caster Semenya, bicampeã olímpica dos 800 m está como é conhecido, impedida de correr na sua distância favorita devido às regras da World Athletics relativas a atletas com diferenças no desenvolvimento sexual.
Ela pediu agora, ajuda financeira para levar a cabo a sua batalha judicial.“Faltam-nos fundos, temos muitos especialistas que temos de pagar”, afirmou ela em conferência de imprensa em Joanesburgo, três meses antes do início da audiência perante a Grande Câmara do Tribunal Europeu de Justiça (CEDH). Qualquer coisa que vós possam fazer, fará uma enorme diferença.”
Uma primeira vitória legal em 2023
A World Athletics quer forçar os atletas hiperandrogénicos a reduzirem os seus níveis naturais de testosterona, através de tratamentos hormonais, impedindo-os entretanto de participar em competições internacionais na categoria feminina. Em 2018, Semenya recorreu ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) para anular o regulamento, mas o seu recurso foi rejeitado.
Em 2023, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (CEDH) acabou por decidir a favor da atleta em primeira instância, reconhecendo que esta tinha sido vítima de tratamento discriminatório, mas tal, não anulou o regulamento e o caso foi remetido ao Grande Câmara da CEDH, uma espécie de órgão de recurso cujas decisões são definitivas.
“Nunca me cansarei de lutar por esta causa.” declarou ela. “Dizem que esta regra protege as mulheres. Mas de quais mulheres estão eles a falar? Porque somos todas mulheres, com diferenças. Falam de muitas coisas científicas, variações de níveis mas não dá para controlar a testosterona. A testosterona nunca fez ninguém correr mais rápido. Se a testosterona fosse a solução, todos os homens poderiam correr em 9,80 nos 100 m. É apenas o talento e o trabalho de cada pessoa que conta”.