Candidata ao Prémio Laureus, Semenya deu uma interessante entrevista onde revela as suas preocupações sociais
Caster Semenya, de 27 anos, é uma das candidatas ao Prémio Laureus de A Melhor Desportista de 2017 que será entregue na Gala dos Óscares do Desporto no próximo dia 27.
A meio fundista sul-africana venceu os 800 metros e foi terceira nos 1.500 metros nos Mundiais de Londres 2017. É ainda a detentora de três títulos mundiais seguidos e dois olímpicos nos 800 metros.
Semenya deu agora uma entrevista onde realça o facto de fazer parte da lista de finalistas ao prémio. “Para mim, é um sonho tornado realidade. Via como nomeavam as estrelas ano após ano e pensava que um dia também pudesse lá estar… Já me sinto uma vencedora só por estar entre as nomeadas”.
Para Semenya, o melhor momento da sua carreira terá sido nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Lembra ainda 2009 quando apareceu. “Comecei a correr porque me sentia bem na pista, por puro prazer e nada mais. Mas quando te dás conta de que és boa atleta, começas a trabalhar no duro para continuares vitoriosa e conseguires medalhas e prémios”.
Nos principais objetivos para este ano, Semenya aponta o Campeonato Nacional em Março e os Jogos da Commonwealth onde tentará a dobradinha. Mas não esquece os Campeonatos de África e a Taça do Mundo.
“Sinto que sou o testemunho vivo de Deus e que estou enviando uma mensagem ao todos os jovens que não podem fazer o que desejam. Sou a voz que insiste com eles para que não desistam. Para mim, é algo especial, que não posso esquecer e que apreciarei em toda a minha vida”.
Ídolos
Semenya também tem os seus ídolos. Lembra Mbulaeni Mulaudzi, Edwin Moses e a moçambicana Maria Mutola. “Eu venho de uma zona rural, jogava futebol até que me dei conta de que não poderia manter um equilíbrio entre o futebol e o atletismo. Quando ganhei os Jogos da Commonwealth, quando vi que era capaz de derrotar as melhores, optei pela corrida, à procura do sonho olímpico”.
Criar Fundação
Semenya criou a sua própria Fundação que tem como objetivos melhorar as instalações e apoiar o desenvolvimento do desporto no seu país. “Nós não temos nem equipamentos, nem sapatilhas nem botas. Agrada-me o trabalho solidário de Laureus e agrada-me também ajudar. Chega-me ao coração tudo o que está fazendo Laureus e quero fazer parte dele”.
As preocupações sociais de Semenya revelam-se ainda com os mais novos: “Devolver algo à comunidade quando triunfas não é um tema de dinheiro, não é algo material. Quando vou ver treinar e trabalhar com as crianças nas áreas rurais, eles notam que te preocupas, que elas te importam. Nós os desportistas, devemos contribuir para tirar as crianças das ruas.”