A sprinter namibiana Christine Mboma foi eleita a Personalidade Desportiva Africana do Ano” em 2021 pela BBC, tornando-se a primeira mulher vencedora na história do prémio.
A jovem de 18 anos foi a primeira mulher namibiana a ganhar uma medalha olímpica ao conquistar a de prata na final dos 200 m em Tóquio.
“Sinto-me muito bem e muito orgulhosa de ser namibiana”, disse ela à BBC Sport Africa. “Dedico este prémio da BBC a todos os namibianos. Isto é uma recompensa por todo o árduo trabalho que fiz.”
Mboma derrotou os outros candidatos ao prémio, os quenianos Eliud Kipchoge e Faith Kipyegon, o para-atleta sul-africano Ntando Mahlangu, o guarda-redes do Senegal Edouard Mendy e a nadadora sul-africana Tatjana Schoenmaker.
Ela é assim a segunda atleta namibiana a ser reconhecida desta forma, depois do sprinter Frankie Fredericks que ganhou o prémio BBC African Sports Star of the Year em 1993.
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Além da prata olímpica, Mboma também foi campeã da Liga Diamante e medalhada de ouro Sub-20 nos 200 m, e bateu o recorde mundial de Sub-20 na distância.
Todas estas conquistas sucederam depois de Mboma ter sido impedida de competir na sua distância preferida, os 400 m, após lhe ter sido detetado níveis excessivamente elevados de testosterona.
A World Athletics proíbe todos os atletas com níveis naturalmente elevados de testosterona de competir em provas com distâncias compreendidas entre os 400 m e a milha, argumentando que tal dá a essas atletas uma vantagem injusta.
“Fiquei desapontada, mas não desisti”, diz ela sobre a sua época. “Não esperava que (o resto de 2021 corresse tão bem) depois do que aconteceu, mas estou muito orgulhosa de mim mesma por todas as conquistas que fiz. Foi muito difícil.
“A minha conquista vai motivar jovens atletas da África, e aqui na Namíbia, a tentarem dar o seu melhor e a trabalhar duro pelos seus sonhos.”
A vida de Mboma não foi nada fácil na sua infância. Quando ela tinha 13 anos, a sua mãe deficiente – que chefiava a família monoparental – morreu durante o parto, deixando Mboma a cuidar dos seus dois irmãos mais novos.
Ela cresceu naturalmente num meio muito pobre, dormindo numa cama sem colchão, num quarto que dividia com a avó, até o início do atletismo.
Ela correu pela primeira vez com uns sapatos de bicos quando tinha 15 anos, apenas três anos antes da sua notável ascensão que lhe permitiu conquistar a prata olímpica.