A deficiência de ferro pode provocar vários sintomas, incluindo fadiga, tontura e falta de ar. Para quem corre, é uma situação bem complicada. Apresentamos seguidamente um artigo de Emma Lindblom sobre como a deficiência de ferro pode afetar o seu desempenho.
Não é incomum que corredores tenham baixos níveis de ferro. O treino duro pode, de facto, iniciar processos no corpo que aceleram a deficiência de ferro.
O ferro é necessário para que o corpo seja capaz de formar glóbulos vermelhos, está incluído na hemoglobina e na mioglobina, que transporta o oxigénio no sangue e nos músculos. Por outras palavras, muito pouco ferro leva a menos oxigénio, o que afetará adversamente a captação de oxigénio e o desempenho. O ferro também ajuda no sistema de produção de energia da célula e é importante para o sistema imunológico.
Somos afetados em vários graus pelos baixos níveis de ferro; alguns são muito maus, enquanto outros não apresentam nenhum sintoma. A deficiência de ferro costuma estar associada apenas à população feminina, o que é incorreto. A deficiência de ferro também ocorre em homens, embora não seja tão comum.
O corpo não pode produzir ferro, ele deve ser fornecido através dos alimentos. A deficiência ocorre se a pessoa não obtiver ferro suficiente através da alimentação ou pela perda de sangue, como durante a menstruação e sangramento no trato gastrointestinal. Este último pode ocorrer devido ao muito treino e com o recurso aos anti inflamatórios.
Outra causa da deficiência de ferro pode ser a transpiração intensa. Os choques repetitivos causados pela corrida também podem destruir as células vermelhas do sangue, o que por si só, pode causar deficiência de ferro.
Sintomas difusos da deficiência de ferro
Os sintomas da deficiência de ferro aparecem frequentemente e são geralmente difusos. Pode ser fadiga, falta de energia, apatia, tontura, dores de cabeça, palpitações e hipotensão. Como atleta de resistência, percebe que tem uma deficiência de ferro devido à deterioração do desempenho – os resultados não surgem apesar do facto de que se sentir saudável, treina bem e dá a si mesmo, tempo para a recuperação. Também é comum sentir-se desesperado e não conseguir concluir as sessões planeadas.
Se suspeita que está a sofrer de deficiência de ferro, deve ir ao Centro de Saúde e fazer uma análise de sangue. Antes de testar-se a si próprio, deve certificar-se de que o seu corpo está em equilíbrio de fluidos. Inflamação crónica, infeção e treino intenso antes do teste, também podem afetar o resultado. O tempo de espera pelos resultados costuma ser entre alguns dias a uma semana.
O seu médico deve avaliar se precisa de suplementos, nunca deve começar a tomar medicamentos por conta própria. Os níveis excessivos de ferro podem causar problemas hepáticos, que podem inibir a absorção de outras substâncias no corpo, como o cobre. Portanto, não deve tomar comprimidos de ferro se sentir um pouco de mal-estar e quiser um aumento de energia, como fazem muitos.
É assim que a deficiência de ferro é tratada
A deficiência de ferro é geralmente tratada com comprimidos de ferro. Não é recomendado investir apenas em alimentos ricos em ferro, pois pode levar entre dois a três anos para atingir os níveis corretos de ferro. Quando se tratar com comprimidos, geralmente são precisas cerca de quatro semanas até os valores melhorarem e geralmente, deve contar com três meses para atingir o nível ideal de ferro (isto, claro, depende de quão baixos são os níveis de ferro).
Uma desvantagem dos comprimidos de ferro é que os intestinos e o estômago podem ser afetados negativamente, pode-se ter prisão de ventre, diarreia, dor de estômago ou náuseas. Outro efeito colateral é que as fezes podem ficar pretas. A injeção de ferro dada por um médico, tem geralmente um efeito mais rápido do que os comprimidos.
Mas não tome uma injeção de ferro ou inicie uma toma de comprimidos de ferro, perto de uma competição. É sempre bom testar com antecedência como vai reagir a novos suplementos, para ter a certeza de não ser negativamente afetado durante a competição. Se tiver uma prova importante e suspeitar de deficiência de ferro, deve verificar o valor do ferro, cerca de quatro a cinco semanas de antecedência, para ter tempo de obter um efeito do tratamento.
Também é importante verificar os valores de ferro se for para um estágio em alta altitude. Níveis baixos de ferro antes ou durante o treino em alta altitude, podem tornar mais difícil ao corpo absorver o treino. No entanto, não está provado se os atletas com níveis normais de ferro podem otimizar o seu treino em alta altitude com ferro extra. Em qualquer caso, o risco de uma overdose de ferro através da dalimentação é muito baixo, então, não faz mal comer alimentos ricos em ferro em locais de grande altitude.
A comida que dá o ferro
O ferro é encontrado, por exemplo, em alimentos intestinais e sanguíneos, carnes, peixes, ovos, grãos inteiros, espinafre, bananas e pêssegos. O corpo assimila melhor o ferro que vem dos produtos animais. Se desejar melhorar a absorção de ferro, deve combinar a ingestão de alimentos ricos em ferro com vitamina A e vitamina C. No entanto, café, chá, cacau, vinho tinto, cálcio, nozes, produtos de soja e fibra dietética, inibem a absorção de ferro. Portanto, evite-os, em conexão com os suplementos de ferro.
O tempo também pode afetar a absorção de ferro pelo corpo. A resposta inflamatória que ocorre após o exercício, foi associada a um aumento no hormónio regulador do ferro, hepcidina. Este processo pode ver prejudicada a absorção de ferro, três a seis horas após o treino. Portanto, ao planear bem a ingestão de ferro, também pode melhorar a absorção.